Como todo ano, o fim do Carnaval marca o início efetivo dos trabalhos políticos no Brasil. No Tocantins não é diferente, os principais interessados no processo sucessório de 2026 estão em descanso junto à suas famílias, outros viajando a trabalho, como o governador Wanderlei Barbosa e sua comitiva, que vão para a Suíça e outros, como os prefeitos eleitos e reeleitos, ajustando suas equipes de trabalho, sempre com um olho no peixe e outro no gato, pois sabem que apenas suas influências como prefeitos dos principais colégios eleitorais do Estado, não bastam para garantir assento na mesa de negociações da sucessão estadual. Será preciso desenvolver uma boa gestão capaz de garantir a popularidade necessária junto à população e, ao mesmo tempo, evitar conflitos políticos desnecessários.
Por Edson Rodrigues
Nos bastidores da política tocantinense, já se falam dos vários e vários nomes que pretendem disputar as eleições estaduais de 2026, com destaque para o número de pretendentes às duas vagas no Senado, que serão abertas com o fim dos mandatos de Eduardo Gomes e Irajá Abreu. Além dos dois, naturalmente candidatos à reeleição, muitos são os nomes que cobiçam as vagas no Senado, como os deputados federais Vicentinho Jr., Alexandre Guimarães e Carlos Gaguim, além do empresário e técnico de futebol Wanderlei Luxemburgo. Até 2026, outros nomes podem se juntar aos que pretendem se eleger ao Senado.
Bancada Federal do Estado com o Governador Wanderlei Barbosa
O Observatório Político de O Paralelo 13 vem acompanhando todo o desenrolar das conversas de bastidores e já pode adiantar algumas informações desse processo natural e democrático.
GOVERNADOR
Há, no momento, duas pré-candidaturas naturais ao Executivo Estadual. A senadora Dorinha Seabra e o vice-governador Laurez Moreira. Mas nosso Observatório Político identificou nos bastidores o provável surgimento de uma terceira pré-candidatura. Trata-se, nada menos, que o presidente da Assembleia Legislativa, Amélio Cayres que, inclusive, foi incluído de última hora na comitiva governamental que vai à Suíça em missão oficial tratar de assuntos ambientais, com ênfase no pioneirismo do Tocantins na comercialização de créditos de carbono florestal jurisdicional no Brasil.
A agenda tem como foco as discussões de oportunidades de investimento em Soluções Baseadas na Natureza, promovidas pelo veículo financeiro Silvania Nature Based Investments PTE. LTD., em Davos; a participação no LIDE Brazil Economic Forum, em Zurique; e a assinatura do Protocolo de Negociação para Restauração Florestal, em Villars-sur-Ollon, entre outros compromissos.
As ações estratégicas desenvolvidas na área ambiental pelo Governo do Tocantins, ao longo dos últimos anos, trouxeram destaques nos cenários nacional e internacional. Em um marco para o Brasil e para o mercado de créditos de carbono, o Estado anunciou, em novembro de 2024, a submissão oficial do Programa jurisdicional de Redução de Emissões de Gases de Efeito Estufa por Desmatamento e Degradação Florestal (REDD+) ao padrão Art Trees. A apresentação ocorreu durante a 29ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 29), realizada em Baku, Azerbaijão.
Em parceria com a Mercuria Energy Group — uma das maiores empresas globais de commodities —, o programa prevê a comercialização dos créditos de carbono a serem gerados pelo estado até 2030, com uma projeção potencial de mais de 50 milhões de créditos, o que representa uma receita estimada em R$ 2,5 bilhões, caso o estado tenha sucesso na redução do desmatamento e degradação florestal nos próximos anos. Esses recursos serão aplicados em ações de combate ao desmatamento, repartição de benefícios com povos indígenas, povos tradicionais, quilombolas e com setor agro produtivo e no fortalecimento das políticas ambientais do Estado.
A presença de Amélio Cayres na comitiva e nas agendas política e social do governo, como aconteceu no Bico do Papagaio, no Nordeste e nos Lençóis Maranhenses, são sinais claros do aumento de prestígio do presidente da Assembleia Legislativa e está sendo avaliada pelos bastidores políticos, como o início de uma “preparação” do deputado nas atribuições de um governador e na liturgia inerente ao Poder Executivo.
Ou seja, já não é mais uma pré-candidatura que “corre por fora”, afinal, os últimos quatro governadores vieram da própria Assembleia Legislativa.
WAGNER RODRIGUES NÃO PODE SER SUBESTIMADO
Há outro nome que aparece nos bastidores com condições de pleitear uma candidatura ao governo do Estado. Trata-se do prefeito reeleito de Araguaína, Wagner Rodrigues.
Sua gestão que o levou a uma reeleição incontestável, rendeu um patrimônio político considerável. Se conseguir tocar seu segundo mandato com a qualidade que demonstrou no primeiro, com ações de um gestor equilibrado e eficiente, os principais analistas políticos acreditam que Wagner Rodrigues será um nome que não poderá ser subestimado, principalmente se conseguir formar uma frente partidária que inclua os prefeitos dos demais principais colégios eleitorais do Estado.
FUSÕES E FEDERAÇÕES PARTIDÁRIAS
Apesar dessa vontade de tudo e de todos em formatar seus grupos políticos e concorrer aos principais cargos eletivos do Tocantins em 2026, os políticos do Estado terão que enfrentar um obstáculo ardiloso, imposto de cima para baixo pelas cúpulas nacionais dos partidos, que são as fusões e formação de federações partidárias em andamento que, em momento algum, levam em consideração as peculiaridades das províncias.
As cúpulas nacionais do PSD, do MDB e do PSDB, discutem, há tempos uma fusão ou formação de federação, ao mesmo tempo em que o PP e o União Brasil, trocam figurinhas em busca de um acerto.
As conversações estão bem adiantadas e espera-se para depois do Carnaval que essas conversas avancem ainda mais, mesmo com as bases esperneando para evitar que as alianças, de qualquer tipo, sejam confirmadas pelas cúpulas nacionais.
O resultado dessas conversações, alinhamentos e conchavos nas cúpulas nacionais desses partidos vão influenciar muito nas decisões que terão que ser tomadas nos estados, principalmente no Tocantins, e esse deve ser o assunto mais quente dos bastidores políticos nos próximos 90 dias.
A possível saída dos governadores do PSDB deve acelerar as negociações em torno da fusão do partido, avaliam integrantes do PSD e MDB, que veem o poder de barganha se esfarelando caso a cúpula tucana demore muito a tomar uma decisão sobre o destino da legenda.
Hoje, o PSDB tem três nomes à frente de governos estaduais: Eduardo Leite, no Rio Grande do Sul; Eduardo Riedel, no Mato Grosso do Sul, e Raquel Lyra, em Pernambuco.
A pernambucana deve puxar a fila de ex-tucanos. Ela negocia há algum tempo uma ida para outro partido. O PSD, de Gilberto Kassab, deve ser o destino da governadora — há uma expectativa de que Raquel comande o diretório estadual da legenda.
WANDERLEY BARBOSA
O governador Wanderlei Barbosa e o prefeito de Palmas Eduardo Siqueira Campos serão as duas lideranças políticas com maior influência nas eleições estaduais de 2026. Seja atuando em lados opostos, seja se aliando – hipótese que não pode ser descartada de maneira alguma – pois, em política, tudo é possível.
Tudo dependerá do senso de sobrevivência política de cada um. Wanderlei Barbosa já garantiu que não renunciará ao governo para não deixar a máquina administrativa estadual nas mãos do seu vice, Laurez Moreira, por quem não nutre nenhuma confiança.
Enquanto isso, Laurez segue trabalhando e moldando sua atuação política, sem “passar recibo” para a situação de “congelador” que lhe foi imposta pelo grupo palaciano.
Já Wanderlei Barbosa deverá dar os primeiros sinais de como o Palácio Araguaia vai se comportar politicamente a respeito da sucessão estadual de 2026 após a sua volta da Suíça, marcada para o próximo dia 31.
EDUARDO SIQUEIRA
Enquanto isso, Eduardo Siqueira Campos já conseguiu, em menos de um mês, mostrar que veio com “sangue nos olhos”, trabalhando ininterruptamente tanto na montagem e formatação do seu governo quanto na realização de obras prioritárias, fazendo questão de estar nas ruas, longe do ar condicionado do seu gabinete, como prometeu na campanha, e ganhando a admiração de todos por onde passa.
Já resolveu alguns “pepinos” deixados pela administração anterior, tomou decisões importantes e acertadas quanto ao concurso público da Educação, à eleição dos diretores das escolas municipais, apresentou o novo plano de saúde dos servidores municipais e vem trazendo nomes de capacidade e competência comprovada para a sua equipe, como, por exemplo, o ex-prefeito de Araguaína por dois mandatos, Ronaldo Dimas, onde foi um verdadeiro tocador de obras.
Paralelamente, Eduardo vem se movimentando politicamente, agindo de forma inteligente, demonstrando não querer criar atritos com quem quer que seja, participando, inclusive, de atos do governo do Estado e colocando a prefeitura às ordens para trabalhar em conjunto onde for necessário, na busca de uma convivência harmônica com o Palácio Araguaia, coisa que os palmenses não veem há anos, e que é altamente positiva para a população da Capital.
Logo, mesmo os dois principais líderes políticos do Tocantins no momento – Wanderlei e Eduardo Siqueira – não pretendendo se candidatar a nenhum cargo eletivo em 2026, para o descontentamento de seus adversários, terão muita força e poder de decisão em 2026.
Por enquanto, 2025 será o ano da “plantação” e 2026 o ano da “colheita” tanto para os líderes políticos quanto para os candidatos ao governo do Estado e às duas vagas para o Senado.
Quem souber onde, quando e como plantar, certamente terá a melhor colheita.
Boa sorte a todos...