Banco Central sobe taxa de juros para 13,25% ao ano na primeira reunião da gestão Galípolo

Posted On Quinta, 30 Janeiro 2025 04:34
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 Reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central Reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central

Selic aumentou 1 ponto percentual e chegou ao maior patamar desde agosto de 2023; alta é a 4ª consecutiva desde setembro

 

 

Com R7

 

 

O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu de forma unânime nesta quarta-feira (29) aumentar a taxa básica de juros, a Selic, em 1 ponto percentual, para 13,25% ao ano, o maior patamar desde agosto de 2023. A alta é a quarta consecutiva desde setembro do ano passado. A decisão veio alinhada às expectativas do mercado financeiro, que projetava a elevação dos juros.

 

Em um comunicado divulgado logo após o fim da reunião, o Copom explicou que a decisão está alinhada com a estratégia de reduzir a inflação para um nível próximo da meta estabelecida pelo comitê para o terceiro trimestre de 2026, que é de 4%. A inflação oficial do país fechou 2024 em 4,83%.

 

“O cenário mais recente é marcado por desancoragem adicional das expectativas de inflação, elevação das projeções de inflação, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho, o que exige uma política monetária mais contracionista”, ressaltou o Copom.

 

O comitê disse que pode promover uma nova alta de 1 ponto percentual na próxima reunião do colegiado sobre a taxa de juros, o que elevaria a Selic para 14,25% ao ano.

“Diante da continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de mesma magnitude na próxima reunião”, disse o Copom.

 

“Para além da próxima reunião, o Comitê reforça que a magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, completou o comitê.

A nova taxa valerá ao menos pelos próximos 45 dias, quando os diretores do BC voltam a se encontrar para discutir novamente a conjuntura econômica nacional.

 

Esta foi a primeira reunião do Copom no ano e a “estreia” de Gabriel Galípolo como presidente do BC. Ele foi indicado ao cargo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Superquarta”

O anúncio foi feito na primeira “superquarta” de 2025. É assim que se chamam as quartas-feiras em que coincidem as reuniões que definem as taxas de juros tanto dos Estados Unidos quanto do Brasil.

 

Nos EUA, o Comitê Federal de Mercado Aberto do Federal Reserve, o banco central norte-americano, manteve inalterada a taxa de juros do país, na faixa entre 4,25% e 4,50% ao ano.

 

No fim de 2024, com a escalada do dólar e da inflação, o Banco Central intensificou o aumento da Selic para conter o consumo e o aumento de preços.

 

Entenda a Selic

A Selic é o principal instrumento para controlar o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). Juros mais altos encarecem o crédito e desestimulam a produção e o consumo. No entanto, taxas maiores dificultam o crescimento econômico.

 

A taxa básica de juros é uma forma de piso para os demais juros cobrados no mercado. Ela serve como o principal instrumento do BC para manter a inflação sob controle, perto da meta estabelecida pelo governo.

 

Isso acontece porque os juros mais altos encarecem o crédito, reduzem a disposição para consumir e estimulam alternativas de investimento.

 

Quando o Copom aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Quando os juros básicos são reduzidos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo.

 

A Selic é usada nos empréstimos entre bancos e nas aplicações que as instituições financeiras fazem em títulos públicos federais.

 

É a taxa Selic que os bancos pagam para pegar dinheiro no mercado e repassá-lo em empréstimos ou financiamentos. Por esse motivo, os juros que os bancos cobram dos consumidores são sempre superiores à Selic.

 

Evolução
De março de 2021 a agosto de 2022, o Banco Central elevou a Selic por 12 vezes consecutivas, num ciclo de “aperto monetário” em resposta à alta dos preços de alimentos, energia e combustíveis.

 

Desde agosto de 2023, começou a sequência de cortes de 0,5 ponto percentual em cada reunião, até maio do ano passado, quando a redução foi de 0,25 ponto porcentual, em placar dividido, com quatro diretores indicados pelo governo Lula votando por um corte maior, de 0,5 ponto percentual.

 

A taxa se manteve em 10,5% ao ano nos dois meses seguintes. Em setembro, veio a primeira alta, de 0,25 ponto percentual. Na reunião de novembro, o aumento foi maior, de 0,5 ponto percentual, para 11,25% ao ano. Em dezembro, o Copom optou por uma alta de 1 ponto percentual, para 12,25% ao ano.