Inquérito deve ser encaminhado à PGR e todas as diligências terão que ser aprovadas pelo STF. Depoimento do ex-presidente do BRB Paulo Henrique Costa, que estava marcado para esta segunda-feira (1º/12), foi adiado
Com Correio Barziliense
A investigação envolvendo o Banco Master pode ter novos desdobramentos nos próximos dias. O Correio apurou que, na documentação recolhida pela Polícia Federal (PF) em buscas e apreensões, foram encontradas suspeitas do envolvimento de parlamentares no caso. Dessa forma, o inquérito deve ser encaminhado para a Procuradoria-Geral da República e todas as diligências deverão ser aprovadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Nesta segunda-feira (1º/12), o depoimento do ex-presidente do Banco de Brasília (BRB) Paulo Henrique Costa, que estava marcado para as 14h, na Superintendência da PF, foi adiado. A expectativa era de que ele detalhasse a atuação da instituição nas operações de compra de carteiras de crédito falsas do Banco Master. O motivo da mudança e a nova datada oitiva não foram divulgados até o fechamento desta edição.
O advogado de defesa de Costa, Cleber Lopes, havia afirmado que o depoimento teria "importância muito grande" para o avanço da investigação e para o esclarecimento definitivo dos fatos. Segundo ele, o ex-presidente do BRB está "convencido de que prestará todos os esclarecimentos necessários" e mantém total segurança de que não cometeu qualquer ilegalidade. Procurado pelo Correio, o advogado não retornou sobre as motivações do adiamento.
Em meio às investigações, Nelson Antônio de Souza, novo presidente do BRB, e Celso Eloi Cavalhero, diretor de Finanças e Controladoria do banco estatal, já começaram a trabalhar.
Souza teve seu nome aprovado pela Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) na terça-feira e recebeu aval do Banco Central no dia seguinte. A posse oficial ocorreu na sede do BRB, conduzida pelo presidente do Conselho de Administração, Marcelo Talarico, e foi seguida, na última quinta-feira, por um ato simbólico no Palácio do Buriti, no qual o governador Ibaneis Rocha, sem presença da imprensa, reafirmou o apoio político e institucional ao novo presidente.
Com a nova direção empossada, as próximas definições envolvem a composição do Conselho de Administração e da diretoria. Sobre os nomes que completam a estrutura de governança, o BRB afirmou que eles serão previamente comunicados ao mercado, antes das etapas formais de avaliação. As fases envolvem aprovação pelo Comitê de Elegibilidade, pelo Conselho de Administração e, ainda, a aprovação final pelo Banco Central. Aos integrantes do Conselho de Administração, o rito inclui indicação por parte dos acionistas, eleição em assembleia e autorização pelo Banco Central.
Em relação aos patrocínios, o banco público do DF informou que todos os contratos esportivos vigentes permanecem inalterados por exigência legal e que uma auditoria interna já foi determinada para a reavaliação dos patrocínios do banco.
Operação
O depoimento e novos dirigentes chegam após os desdobramentos da Operação Compliance Zero, realizada pela Polícia Federal em 18 de novembro. A ação investiga um esquema de fraudes envolvendo a emissão e negociação de carteiras de créditos inexistentes do Banco Master.
Durante a operação, o até então presidente do Master, Daniel Vorcaro, foi preso no aeroporto de Guarulhos, quando tentava embarcar em um voo para o exterior. Ele foi solto na última sexta-feira, por decisão da desembargadora Solange Salgado da Silva, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1). O ex-dirigente segue monitorado por meio de uma tornozeleira eletrônica.
As investigações atingiram o BRB após a descoberta de que o banco brasiliense teria adquirido R$ 12,2 bilhões em títulos “fantasmas” do Master. A operação acendeu alerta máximo do Banco Central (BC), que a considerou “temerária”.
A ação foi efetivada dois meses após o BC barrar a compra do controle acionário do Banco Master pelo BRB, por cerca de R$ 2 bilhões. À época, a autoridade monetária impediu a transação por risco de incorporar ativos problemáticos capazes de comprometer a saúde financeira da instituição brasiliense.
Com o veto, o Banco Central enviou documentos ao Ministério Público Federal (MPF) com indícios de crimes contra o Sistema Financeiro Nacional. A PF foi acionada para aprofundar as investigações, culminando na operação policial.
Devido aos indícios de que o BRB teria participado das movimentações fraudulentas, a Justiça Federal determinou o afastamento do até então presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, e do diretor de Finanças e Controladoria da instituição, Dario Oswaldo Garcia Júnior, pelo prazo de 60 dias. Mas ambos foram demitidos pelo governador Ibaneis Rocha (MDB).
Medidas
O BRB informou que está em processo final de contratação de um escritório jurídico e de um assessor técnico para a investigação forense e apuração dos fatos relacionados ao Master. “A auditoria prevê análise de evidências, auditoria forense, análise massiva de dados, além de revisão das áreas de Compliance, Riscos e Governança”, detalhou o banco.
Segundo a instituição, dos R$ 12,76 bilhões referentes às carteiras com documentação fora do padrão exigido, mais de R$ 10 bilhões já foram liquidados ou substituídos. O restante não diz respeito diretamente ao Banco Master. “Todo o processo de substituição de carteiras e adição de garantias, prática prevista em contrato, foi reportado e acompanhado pelo Banco Central”, completou.
A instituição ressaltou, ainda, que é credora na liquidação extrajudicial do Master, determinada no primeiro dia da operação da PF, e reforçou que as carteiras atuais seguem o padrão adequado, com o banco permanecendo sólido e colaborando com as autoridades.
Nova regra barateia a habilitação e permite formação livre com instrutor autônomo
Por Fernando Naccari
O processo para tirar a Carteira Nacional de Habilitação vai mudar. O Contran (Conselho Nacional de Trânsito) aprovou uma resolução que elimina a obrigatoriedade de passar por autoescola, abrindo caminho para uma formação mais flexível.
A mudança pretende reduzir custos e facilitar o acesso à CNH, especialmente para quem depende da habilitação para trabalhar ou não consegue arcar com o modelo atual.
Como será a formação a partir da nova regra
Com a obrigatoriedade retirada, o candidato poderá estudar por conta própria usando materiais oficiais e plataformas digitais. A preparação deixará de ser vinculada a um curso presencial e passa a ser responsabilidade do aluno, que decidirá como organizar o conteúdo teórico antes da prova.
O exame prático continua obrigatório, mas o treinamento poderá ser feito com instrutor autônomo credenciado. O uso de veículo próprio ou de familiar também será permitido, desde que atenda às exigências de segurança.
Duas horas mínimas de prática
A carga mínima de aulas práticas cai de 20 para apenas 2 horas. Esse tempo funciona como etapa de orientação antes do exame, mas o candidato pode contratar mais aulas conforme necessidade. O objetivo é permitir que cada aluno ajuste a preparação ao próprio ritmo, sem amarrar o processo a pacotes obrigatórios.
Para quem já tem contato com direção ou possui rotina de treinos, a mudança reduz tempo e custos. Já quem nunca dirigiu tende a buscar orientação extra para chegar mais preparado ao exame.
Impacto direto no bolso do candidato
O alto custo da habilitação é uma das principais barreiras para novos motoristas. Em alguns estados, o processo completo chega a superar R$ 4 mil. Com a formação livre e menos horas obrigatórias, o valor final deve cair significativamente.
A mudança pode beneficiar trabalhadores que dependem da CNH, como entregadores e motoristas profissionais, além de quem mora em cidades pequenas, onde a oferta de autoescolas é limitada.
Riscos e cuidados na nova fase
A flexibilização traz vantagens, mas exige atenção. A formação dependerá mais da disciplina do candidato, e é possível que muitos tentem fazer o processo com pouca prática. Instrutores alertam que a condução segura depende de treinamento adequado, independentemente da carga obrigatória.
Também haverá mais responsabilidade sobre a fiscalização de instrutores autônomos e dos veículos usados nas aulas. Caberá aos órgãos de trânsito garantir que esse novo formato mantenha padrões de qualidade.
Autoescolas precisarão se adaptar
As autoescolas continuam autorizadas a oferecer cursos, mas deixam de ser o único caminho. A tendência é que se tornem prestadoras de serviços personalizados, apostando em diferenciais como aulas avançadas, simuladores e pacotes de reforço para quem precisa de mais preparo.
Cartilha elaborada pelo partido defende uma força civil permanente, ingresso por concurso e atuação nacional, além da criação do Ministério da Segurança Pública
Por Warley Júnior
O Partido dos Trabalhadores (PT) propõe, em sua nova cartilha de segurança pública, a criação de uma Guarda Nacional Permanente de Caráter Civil, responsável por substituir a atual Força Nacional de Segurança Pública nas operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).
Segundo o documento, a medida depende de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que alteraria o artigo 144 da Constituição Federal e mudaria a estrutura da atuação federal no setor. A substituição integra um conjunto de mudanças constitucionais defendidas pelo partido.
A cartilha afirma que a Força Nacional é “apenas um programa”, composto por policiais cedidos pelos estados, sem “estrutura hierárquica adequada, código de conduta ou órgão corregedor”. Por isso, o PT defende uma instituição própria da União, com efetivo permanente, ingresso por concurso público e atuação uniforme e ostensiva em todo o território nacional, especialmente em áreas sensíveis como fronteiras e Amazônia Legal.
Com essa mudança, “gradativamente não será mais necessário o emprego das Forças Armadas por meio das operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO)”, diz o documento.
PEC em elaboração
A PEC elaborada pelo partido pode ser apresentada ao Congresso pelo governo federal ou pela própria bancada petista. Embora não estabeleça prazo, o documento afirma que a proposta faz parte de uma reestruturação mais ampla da segurança pública no país.
Segundo a cartilha, a PEC prevê:
criação da Guarda Nacional Civil, com atuação nacional e ingresso via concurso;
substituição da Força Nacional, que deixaria de existir no modelo atual;
inclusão da nova guarda no capítulo constitucional da segurança pública;
transferência da responsabilidade por ações de GLO para a nova força, retirando essa função das Forças Armadas;
reforço da atuação federal em regiões estratégicas, como fronteiras.
Vale ressaltar que a PEC da Guarda Nacional não é a PEC da Segurança Pública, em tramitação na Câmara dos Deputados. Ela é uma outra proposta, dentro do pacote de "mudanças constitucionais" sugeridas pelo PT.
Proposta de criação do Ministério da Segurança Pública
Além da nova guarda, o PT também defende a criação do Ministério da Segurança Pública (MSP), retirando o tema da estrutura do Ministério da Justiça, hoje comandado pelo ministro Ricardo Lewandowski. A ideia é concentrar em uma pasta exclusiva todas as ações e órgãos federais do setor.
Segundo a cartilha, ficariam sob a estrutura do novo ministério:
Polícia Federal (PF)
Polícia Rodoviária Federal (PRF)
Polícia Ferroviária Federal
Polícia Penal Federal
Força Nacional — que seria substituída pela Guarda Nacional caso a PEC avance
Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp)
O documento afirma que “a União deve coordenar a política de segurança pública, mediante a criação do Ministério da Segurança Pública”, reforçando que a mudança ampliaria a capacidade de planejamento, gestão e integração das políticas do setor.
A cartilha reúne sugestões que, segundo o PT, devem orientar debates internos e embasar futuras iniciativas legislativas do partido na área de segurança pública.
Vorcaro deixará o CDP (Centro de Detenção Provisória) 2 de Guarulhos usando tornozeleira eletrônica
Por Sara Baptista
O Tribunal Regional Federal da 1ª Região ordenou nesta sexta-feira (28) a soltura de Daniel Vorcaro, dono do agora liquidado Banco Master.
Augusto Ferreira Lima, ex-CEO e sócio do Master;
Luiz Antônio Bull, diretor de Riscos, Compliance, RH, Operações e Tecnologia do Master;
Alberto Felix de Oliveira Neto, superintendente executivo de Tesouraria do Master;
Ângelo Antônio Ribeiro da Silva, sócio do Master.
Eles também estão proibidos de exercer atividades no setor financeiro, de ter contato com outros investigados e de sair do país.
A decisão é da desembargadora Solange Salgado da Silva, que atendeu a um pedido da defesa que havia sido encaminhado na última segunda (24). Na semana passada, Solange negou um pedido de habeas corpus.
Relembre o caso
Daniel Vorcaro foi preso na noite do dia 17 no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, quando se preparava para embarcar em seu jato particular com destino a Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
Ele ficou detido na Superintendência da Polícia Federal em São Paulo até segunda (24), quando foi transferido para o Centro de Detenção Provisória 2 de Guarulhos (Grande São Paulo), presídio da rede penal estadual.
O banqueiro e outros sócios do banco foram alvo da Operação Compliance Zero, deflagrada pela PF para investigar a concessão de créditos falsos pelo Banco Master, incluindo a tentativa de compra da instituição financeira pelo Banco Regional de Brasília (BRB), banco público ligado ao governo do Distrito Federal. De acordo com as investigações, as fraudes podem chegar a R$ 17 bilhões.
Após a prisão, os advogados de Daniel Vorcaro negaram que o banqueiro tentou fugir do país e sustentou que ele sempre se colocou à disposição para contribuir com a apuração dos fatos.
O BRB informou que vai contratar uma auditoria externa para apurar os fatos. O banco também que vai apurar possíveis falhas de governança ou dos controles internos.
O Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master por ‘graves violações’ às normas que regem o Sistema Financeiro Nacional e problemas de liquidez.
Empresa teve prejuízo pelo 13º trimestre consecutivo. Gestão que assumiu o comando da estatal em setembro anunciou neste mês um plano de reestruturação.
Por Vinícius Cassela, Thiago Resende, g1
A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, os Correios, divulgou nesta sexta-feira (28) as demonstrações financeiras do 3º trimestre de 2025 com um prejuízo de R$ 6 bilhões no acumulado do ano.
Este é o 13º trimestre consecutivo de prejuízo da empresa desde o 4º trimestre de 2022. O prejuízo acumulado no primeiro semestre havia sido de R$ 4,36 bilhões.
As demonstrações, que mostram o resultado financeiro da empresa até o dia 30 de setembro, apontam que a empresa teve R$ 12,3 bilhões de receitas, 12,7% (R$ 1,8 bilhão) a menos que o mesmo período do ano passado, quando a empresa registrou R$ 14,1 bilhões.
Já os custos operacionais tiveram uma pequena redução no mesmo período, saindo de R$ 11,8 bilhões em 2024 para R$ 11,7 em 2025 – uma redução de 1,31%, R$ 155 milhões.
Por outro lado, as despesas gerais e administrativas saltaram no período. Enquanto em até setembro de 2024 a empresa registrou gastos de R$ 3,1 bilhões nesta categoria, em 2025 esse tipo de gasto saltou R$ 1,7 bilhão (53,5%), passando para R$ 4,8 bilhões.
De acordo com as demonstrações, o principal gasto a motivar esse aumento bilionário nas despesas foi o pagamento de precatórios referentes a decisões judiciais transitadas em julgado. Foram R$ 2,1 bilhão registrado a pagar em 2025, contra R$ 483 milhões em 2024. Apenas no 3º trimestre, os Correios registraram o reconhecimento de pagamento de R$ 524 milhões.
Gasto com empréstimos
Outro motivo para o aumento das despesas financeiras foram os juros dos empréstimos tomados pelos Correios entre dezembro de 2024 e junho de 2025. Ao todo, foram R$ 157 milhões.
Em dezembro passado, a empresa tomou R$ 550 milhões em empréstimos com os bancos ABC e Daycoval, que deveriam ser pagos até o final deste ano. Os Correios já quitaram os R$ 300 milhões que deviam ao Daycoval, com R$ 26 milhões de juros. E quitou outros R$ 173 milhões com o ABC, restando pagar ainda R$ 76,6 milhões.
Já o empréstimo de R$ 1,8 bilhão que a empresa tomou em junho deste ano, ainda na gestão do ex-presidente Fabiano Silva, gerou até agora juros de R$ 109 milhões.
Plano de reestruturação
Em outubro, a estatal anunciou a busca por R$ 20 bilhões em empréstimo para tentar conter a crise. Na última sexta-feira (21), a gestão que assumiu a empresa em setembro aprovou um plano de reestruturação da empresa e informou que espera que a tomada de empréstimo ocorra até o fim deste mês.
O plano se desenvolve em torno de recuperação financeira, consolidação do modelo de negócios e crescimento estratégico.
Entre as ações, estão um programa de demissão voluntária, reestruturação da rede de atendimento e venda de ativos e imóveis.