Haddad declarou que suspeita da participação de Bolsonaro no vídeo publicado por Nikolas, que pressionou o governo a revogar a medida de fiscalização do Pix
Por Lara Alves
Antes do embarque de Michelle Bolsonaro para a posse de Donald Trump nos Estados Unidos, Jair Bolsonaro (PL) declarou neste sábado (18) que processará o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pela fala do governista sobre a polêmica do Pix.
Nessa sexta-feira (17), Haddad afirmou que suspeita da participação de Bolsonaro na publicação do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), que pressionou o Palácio do Planalto a revogar a medida de fiscalização do Pix.
"Tenho para mim que o Bolsonaro está um pouco por trás disso, porque o PL financiou o vídeo do Nikolas", disse Haddad à CNN Brasil. Em resposta, Bolsonaro afirmou que irá processá-lo. "Vou processar o Haddad. Ele não tem o que fazer e sempre me acusa de alguma coisa", declarou.
O ex-presidente chorou neste sábado durante o embarque da ex-primeira-dama para os Estados Unidos. Ela e o filho dele, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), vão representá-lo na cerimônia marcada para segunda-feira (20).
"Estou constrangido. Queria acompanhar minha esposa. Quem vai acompanhá-la vai ser meu filho Eduardo e a esposa dele. Queria estar lá [nos Estados Unidos]. Eu pré-acertei encontros com chefes de Estado e, lamentavelmente, não poderei comparecer", afirmou durante ida ao Aeroporto Internacional de Brasília.
Em uma longa declaração no saguão, Bolsonaro criticou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que rejeitou o pedido de seu trio de advogados para ele recuperar o passaporte em caráter excepcional e ir à posse de Trump.
"Estou chateado, né? Eu enfrento uma enorme perseguição política por parte de uma pessoa. Ele é o dono do processo. Ele é o dono de tudo. Faz o que bem entende. O objetivo é eliminar a direita no Brasil", declarou.
A Justiça confiscou o passaporte de Jair Bolsonaro em fevereiro do ano passado. Ele é investigado no âmbito de um inquérito que apura a atuação de um grupo suspeito de tentar um golpe de Estado para mantê-lo na presidência da República.
Dez meses depois, em novembro, Bolsonaro foi indiciado pela Polícia Federal pelos crimes de tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito.