BOLSONARO SURPREENDE, TEM VOTAÇÃO MAIOR QUE EM 2018 E VAI COMPETITIVO PARA SEGUNDO TURNO

Posted On Terça, 04 Outubro 2022 07:14
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O presidente Jair Bolsonaro conseguiu um feito maior que o de 2018, quando interrompeu o ciclo de governos de esquerda, comandados pelo PT e recebeu na eleição deste último dia dois de outubro, uma votação superior à conquistada em sua primeira eleição.  O embate ficou indefinido, e a realização do segundo turno, no dia 30 de outubro, entre Bolsonaro e Lula, já coloca os dois “QGs” de campanha em trabalho desde hoje.

 

Da Redação

 

É bem verdade que Lula venceu o primeiro turno, recebendo 6 milhões de votos a mais que Bolsonaro e não será uma tarefa fácil bater o petista.  Mas a reação do mercado financeiro e a identificação do agronegócio com o plano de governo de Bolsonaro pode fazer o cenário mudar, dando mais quatro anos de governo ao presidente da República.

 

VITÓRIA NO SENADO

O presidente Jair Bolsonaro saiu vitorioso das eleições do Senado e com a perspectiva de corrigir uma de suas maiores fragilidades no Congresso nos últimos anos — a ausência de uma base aliada de senadores. De 27 vagas no Senado, foram 14 eleitos com o endosso de Bolsonaro, turbinando especialmente a bancada do PL, seu partido. O ex-presidente Lula (PT), por sua vez, conseguiu eleger oito aliados, pouco mais de metade de seu adversário.

 

A eleição de oito senadores do PL faz com que a bancada do partido do presidente fique, até o momento, com 13 senadores, e se consagre como o maior partido do Senado. Essa é a primeira eleição desde a redemocratização em que o MDB saiu de uma eleição sem a maior bancada. O partido conseguia garantir sua hegemonia na Casa desde as eleições de 1986.

 

O presidente Jair Bolsonaro, por outro lado, foi o grande vencedor na disputa ao Senado neste domingo. Dos 27 candidatos eleitos, 14 são apoiados pelo presidente, sendo quatro deles ex-ministros do governo — Rogério Marinho (RN), Marcos Pontes (SP), Tereza Cristina (MT) e Damares Alves (DF), um, ex-secretário, Jorge Seif (PL-SC) e outro, o vice-presidente, Hamilton Mourão (RS).

 

MINAS GERAIS

Apoiador de Bolsonaro o recordista, Nikolas Ferreira manda recado: 'Vai ter que engolir'. Com 1,4 milhão de votos, o vereador de BH Nikolas Ferreira (PL) foi o deputado federal mais votado em todo o país

 

Outro foco da campanha de Bolsonaro pela reeleição neste segundo turno será o estado de Minas Gerais, onde venceu em 2018, mas foi derrotado por Lula nesta eleição. A questão é que o governador Romeu Zema, do Novo, reeleito com 56,18% dos votos, já anunciou que não apoiará o PT “em hipótese alguma” e que já está conversando com o PL, partido de Bolsonaro, que conseguiu eleger nove deputados estaduais no estado, inclusive o mais bem votado.

 

Logo, conseguindo reverter a derrota em Minas Gerais, Bolsonaro pode bater Lula no segundo turno, uma vez que Romeu Zema conquistou pouco mais de seis milhões de votos, justamente a diferença entre Bolsonaro e Lula no primeiro turno pela presidência da República, e seus eleitores são, exatamente como ele, antipetistas.

 

MERCADO FINANCEIRO ALIVIADO

O resultado surpreendente do primeiro turno das eleições presidenciais — com a votação acima do esperado de Jair Bolsonaro (PL) na disputa contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT) — deve ser positivo para a bolsa e para os mercados. A visão é de analistas e gestores ouvidos na noite deste domingo pelo site “Seu Dinheiro”.

 

Embora esperada, a disputa do segundo turno entre o ex-presidente e o atual ocupante do Palácio do Planalto deve forçar ambos os candidatos a uma maior moderação e a adotar um discurso ainda mais próximo ao centro.

 

Para Matheus Spiess, analista da Empiricus Investimentos, Bolsonaro chega competitivo ao segundo turno.

 

Desta forma, o petista terá de fazer mais acenos à centro-direita para liquidar a fatura no dia 30 de outubro, ainda mais depois do resultado das eleições para o Congresso e nos Estados. “As eleições foram boas para o Brasil, inclusive para a bolsa”, afirmou Spiess.

 

Com o desempenho de Bolsonaro, o mercado deve colocar no preço uma possibilidade um pouco maior de reeleição do atual presidente.

 

Nesse cenário, as ações das empresas estatais devem reagir positivamente ao resultado do primeiro turno, de acordo com um experiente gestor. É o caso, por exemplo de Petrobras e do Banco do Brasil.

 

AGRONEGÓCIO

 

Em seu programa de governo, Bolsonaro dá vez ao agronegócio. O termo “agropecuária” aparece 16 vezes no plano enviado ao TSE. “Agricultura” se faz presente em sete trechos. Por sua vez, “agronegócio” é mencionado em três oportunidades. “Reforma agrária” é grafada em dois momentos. Enquanto isso, “pecuária” e “agricultores familiares” são citados uma vez cada.

 

Entre as propostas para o setor do agro, Bolsonaro defende a possibilidade de aumentar a produtividade rural, mas sem aumentar a área de plantio. O programa ainda cita o plano de estimular a sustentabilidade, apoiando empresas, cooperativas e os pequenos produtores do campo.

 

Em outro trecho do programa, o candidato do PL fala sobre a necessidade de se levar recursos tecnológicos, como o 5G, e segurança para as famílias que vivem e trabalham no campo. “O governo federal deverá buscar soluções específicas para a proteção de áreas fora dos núcleos urbanos, protegendo não só a família do campo, mas os equipamentos e insumos de uma forma geral, cujo valor agregado altíssimo tem levado parcela de criminosos a se voltar para esse público”.

 

Esse posicionamento firme a respeito do agronegócio agrada ao setor e deve trazer para Bolsonaro os votos que Simone Tebet, do MDB, diretamente ligada ao setor, levou para si no primeiro turno.

 

Desta forma, se conseguir unir todos esses pontos positivos e capitalizá-los em votos, Bolsonaro pode, sim, derrotar Lula no segundo turno.