Doença acontece na camada mais superficial da pele e dificilmente consegue penetrar o corpo e invadir o organismo
Por Mariana Barcellos
O último boletim médico do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), divulgado nesta quarta-feira (17), mostra a “presença de carcinoma de células escamosas in situ”, um tipo de câncer de pele superficial. O ex-presidente recebeu alta do Hospital DF Star, em Brasília.
Das cerca de oito lesões retiradas da pele do ex-presidente, no último domingo (14), em duas há a presença de carcinoma de células escamosas. Por conta disso, o boletim médico indica que seja feito acompanhamento clínico e reavaliação periódica.
Bolsonaro, que está em prisão domiciliar, precisou passar a noite no hospital nesta terça-feira (16) após um quadro de vômitos, tontura e queda da pressão arterial. De acordo com o boletim, ele apresentou melhora dos sintomas e da função renal após passar por um tratamento com hidratação e medicação via endovenosa.
O que é a doença
Segundo o médico chefe da equipe cirúrgica de Bolsonaro, Claudio Biroloni, as lesões estão localizadas no tórax e em um dos braços do Bolsonaro, e são “precoces”.
— O câncer de pele, a grosso modo, você tem três tipos de lesões, que é o carcinoma baso-celular, o carcinoma espino-celular, o carcinoma de células escamosas, que é o que ele tem, e o melanoma. O melanoma é o mais agressivo. O carcinoma baso-celular, geralmente, só tem crescimento local — disse o médico.
O carcinoma de células escamosas in situ é uma forma inicial de câncer de pele, caracterizada pelo crescimento desordenado de células escamosas na epiderme. O termo in situ é latim para “no lugar”, o que significa que as células cancerígenas estão confinadas exclusivamente à camada mais superficial da pele (a epiderme) e não invadiram as camadas mais profundas (a derme). Por isso, a doença é considerada não invasiva, mas pode evoluir para um tumor mais agressivo se não for tratada.
Clinicamente, costuma se manifestar como uma lesão avermelhada, áspera, descamativa ou com crostas, que pode se confundir com inflamações ou manchas benignas. As áreas mais afetadas são aquelas expostas ao sol, como rosto, orelhas, couro cabeludo e dorso das mãos, mas também pode surgir em mucosas. Pessoas de pele clara, com histórico de exposição solar intensa ou uso de bronzeamento artificial, apresentam risco maior de desenvolver a doença.
O diagnóstico é confirmado por biópsia e o tratamento varia de acordo com a extensão da lesão, incluindo cirurgia, crioterapia, uso de medicamentos tópicos ou procedimentos a laser. A taxa de cura é alta quando identificado precocemente. Quando se trata de um estágio inicial, como no caso de Bolsonaro, a prevenção por meio de proteção solar e exames dermatológicos regulares é considerada a principal estratégia para evitar complicações.
Leia o boletim na íntegra
Brasília, 17 de setembro de 2025 – O ex-presidente Jair Messias Bolsonaro foi admitido no Hospital DF Star na tarde do dia 16 de setembro, devido a quadro de vômitos, tontura, queda da pressão arterial e pré-síncope. Apresentou melhora dos sintomas e da função renal após hidratação e tratamento medicamentoso por via endovenosa. O laudo anátomo patológico das lesões cutâneas operadas no domingo mostrou a presença de carcinoma de células escamosas “in situ”, em duas das oito lesões removidas, com a necessidade de acompanhamento clínico e reavaliação periódica. Recebe alta hospitalar, mantendo o acompanhamento médico.