CARLOS EDUARDO VELOZO: UM FALSO PROFETA OU MAIS UM JUDAS POLÍTICO?

Posted On Quarta, 03 Dezembro 2025 12:30
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Por Edivaldo Rodrigues

 

 

Na política, vez ou outra, surgem personagens que vestem a pele de cordeiro, mas caminham com passos de lobo. Não é novidade. A história está repleta de líderes que, sob o discurso da fé, da lealdade ou da moralidade, revelam-se estrategistas frios e, quando necessário, traiçoeiros. Na trilha dos “falsos profetas” da vida pública, quem observa a cena palaciana de Palmas identifica sem esforço o vice-prefeito Carlos Eduardo Velozo, que parece se encaixar perfeitamente nesse vagão da gestão Eduardo Siqueira Campos.

 

ORAÇÃO DE FIDELIDADE… PARA QUÊ MESMO?

 

O primeiro capítulo dessa novela política se escreveu no dia em que o então prefeito Eduardo Siqueira foi conduzido ao Comando-Geral da PM, acusado de obstrução de justiça denúncia que, até hoje, carece das provas anunciadas com tanto alarde.

 

O prefeito Eduardo Siqueira Campos e o vice Carlos Velozo

 

Ali, diante do “irmão” em apuros, o vice-prefeito Carlos Velozo, pastor, líder religioso, homem público, entoou uma oração que ficou registrada na memória dos presentes: “Ó Senhor, faz justiça com nosso irmão prefeito Eduardo Siqueira. A quem prometo ser fiel. Não sentarei na sua cadeira, Senhor. Despacharei do meu gabinete. Não demitirei nenhum de seus secretários. Senhor, nos dê luz para continuarmos unidos e fiéis um ao outro…”

 

Foi bonito. Foi dramático.

Mas durou pouco.

 

No dia seguinte, já no exercício do cargo e sentado exatamente na cadeira que prometera não ocupar, Carlos Eduardo promoveu uma verdadeira devassa administrativa. Demitiu secretários ligados a Eduardo Siqueira, trouxe parentes de Goiás, nomeou aliados de sua igreja e começou a agir como se estivesse autorizado a governar Palmas pelos próximos anos. Para quem acompanhou, ficou claro que a oração foi apenas prólogo de um roteiro político muito mais ambicioso.

 

O RETORNO DE EDUARDO E O GELO NO PROJETO DO VICE

 

 

Quando a Justiça determinou o retorno de Eduardo Siqueira ao cargo, o castelo de expectativas do vice-prefeito desmoronou. A reaproximação com o poder foi curta, e o pupilo do Pastor Amarildo, figura influente nos bastidores, saiu discretamente de cena. Os planos ficaram no ar, à espera de nova oportunidade.

 

A REENTRADA EM CENA E AS PROFECIAS POLÍTICAS

 

Pastor Amarildo Martins e Carlos Velozo 

 

Agora, Carlos Velozo reaparece com movimentos bem calculados. Fez uma visita surpresa à Câmara Municipal, conversou com vereadores e, com a segurança de quem afirma saber mais do que diz, deixou escapar uma frase que circulou como pólvora: “Eduardo Siqueira não chega a Natal no cargo. As coisas em Brasília estão andando.”

 

A fala intrigou, acendeu alarmes e alimentou suspeitas de que o vice-prefeito tenta, mais uma vez, criar um clima propício à sua ascensão.

 

Para além das visitas, Carlos Velozo passou a atender pessoas em um escritório próprio, recebendo lideranças, aliados e curiosos. Entre vários visitantes que conversaram com nossa reportagem, muitos nos confidenciaram que o vice-prefeito afirma, sem rodeios, acreditar realmente que o prefeito Eduardo Siqueira não emplacará o Natal no cargo.

 

Segundo eles, Carlos Eduardo não fala como quem apenas comenta o cenário político, fala como quem espera, aposta ou articula. Essa postura reforçou ainda mais a percepção de que o vice trabalha nos bastidores para fragilizar o titular e construir, peça a peça, um ambiente favorável à sua própria volta ao centro do poder.

 

A TENTATIVA DE CRIAR INSTABILIDADE

 

Felipe Martins, Carlos Velozo, Amarildo Martins e familiares 

 

Para vereadores que ouviram suas declarações, o movimento soa mais como estratégia de enfraquecimento político do prefeito do que como informação concreta de Brasília. A narrativa de “queda iminente” cria dúvidas, balança apoios e afeta diretamente a governabilidade. Em política, plantar a sensação de que o líder está por cair é, muitas vezes, o primeiro passo para empurrá-lo de fato.

 

Carlos Velozo se vale do discurso religioso para construir imagem de seriedade e honestidade, mas seus gestos recentes desenham um personagem mais complexo e muito mais político do que devocional. A lealdade pregada na oração contrasta com atos que apontam para um projeto pessoal, que tenta se alimentar das fragilidades do governo para florescer.

 

E o eleitor palmense, atento, terá de decidir se enxerga no vice-prefeito um líder movido pela fé… ou apenas mais um “Judas político”, que reza com uma mão e carrega o punhal oportunista com a outra...

 

 

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