Paciência tem limites e Siqueira Campos manda carta à Amastha explicando a diferença entre ser político ser apenas um crítico
Por Edson Rodrigues
Era para ser apenas um convenção partidária em que seriam apresentados os nomes que comporiam a chapa majoritária, os puxa-sacos bateriam palmas efusivas e os ungidos receberiam todos os rapapés reservados apenas – e apenas – para esses momentos. Mas, o protagonista do evento, o prefeito de Palmas, Caflos Amastha, como manda sua personalidade megalômana, quis mais e resolveu não só relembrar os absurdos verbais que proferiu contra o que chama de “velha política” tocantinense, incluindo no mesmo balaio de baluartes a candidatos de aluguel, como enaltecer as qualidades da “nova política”, colocando-se como o principal representante .
Se já havia pegado mal quando, em entrevistas, chamou os políticos tocantinenses de “vagabundos, preguiçosos, corruptos e sem-vergonha”, ressaltar essas afirmações em uma convenção partidária repleta de representantes exatamente da “velha política” que ele tanto abomina.
É bom lembrar que todos os ex-prefeitos que sentaram-se na cadeira que, hoje, Amastha ocupa, construíram a Capital que ele administra (?), de Fenelon Barbosa a Raul Filho, passando por Eduardo Siqueira Campos, Dr. Odir Rocha, Nilmar Ruiz e alguns interinos, todos deixaram suas marcas físicas, com obras das mais diversas, desde escolas, postos de Saúde, saneamento básico, ruas e avenidas asfaltadas. A pergunta que fica é: em qual obra Amastha pode por uma placa da sua administração??
Se criticar é fácil, criticar da pior forma possível, então, só Carlos Amastha consegue. Mas, e fazer? O que ele fez? Ou será que no seu “tino de empresário”, “fazer” significa aumentar taxas e impostos? Porque isso ele sou fazer como ninguém!
Construção da prefeitura de Palmas, foto Edson Lopes
Talvez Amastha não conheça alguns dos mais tradicionais – e certeiros – ditados populares da cultura brasileira, como o que diz: “diga-me com quem andas que te direi quem és” ou “pau que dá em Chico, dá em Francisco”.
Mas, o maior resultado do conteúdo da convenção estadual do PSB não foi a já sabida candidatura de Amastha, mas o despertar de um dos maiores professores sobre política, articulação, comando e respeito aos adversários que o Brasil produziu nos últimos anos. O contexto da convenção de Amastha faz, ninguém menos que, José Wilson Siqueira Campos se manifestar.
E se manifestar de forma contundente e definitiva.
Siqueira publicou uma carta em que resolve, de forma humilde e gratuita, oferecer uma aula de política à Carlos Amastha, colocando alguns conceitos que, talvez, não sejam praxe na política colombiana.
Siqueira afirma: “dizer que posso fazer uma aliança política com o atual Governador é desconhecer a história política do Tocantins ou querer colocar-me em situação que pretenda desfavorecer a mim ou ao atual Governador, tendo em vista a total ausência de tratativas neste sentido, seja por mim ou por terceiros. No entanto, tenho certeza que este não é caso do Prefeito.
Vejamos, desde 1988, quando disputei a primeira eleição para Governador do Tocantins, sempre enfrentei o PMDB. E foi assim em 1994, 1998, 2006 e 2010. Creio estar perfeitamente clara a minha linha e coerência. Recordo aos atuais líderes do PSB, que em 2010, o atual presidente da sigla e hoje Prefeito da nossa Capital, apoiou abertamente o então candidato à reeleição ao Governo do Estado pelo PMDB, Carlos Henrique Gaguim. O mesmo Carlos Gaguim que hoje defende uma Emenda Constitucional para que o atual Prefeito de Palmas não possa ser candidato a Governador ou a Senador, Emenda que não tem o meu apoio”.
E continua: “como podem perceber sempre mantive o meu lado político, a minha coerência e trajetória. (...) Por isso, peço que excluam meu nome quando os assuntos forem especulações infundadas, pois como mostra a história, não sou eu quem faz e desfaz alianças atingindo a honra, xingando adversários, para depois mudar de posição em virtude de novas conjunturas. Receber apoio sempre é importante e engrandece qualquer candidatura. No entanto, é necessário respeitar o direito de todos, sem que mereçam rótulos ou conjecturas que não guardem relação com a realidade.
Quando a sua Excelência, o Prefeito de Palmas, esteve em minha residência, o recebi com toda a educação, assim como fiz com os senadores Ataídes de Oliveira, Kátia Abreu e Vicentinho Alves, todos nomes que já foram ou são cogitados como concorrentes ao Palácio Araguaia. E a todos dispensei a mesma recepção com a deferência e gentileza que merecem pelos cargos que ocupam e pelo que representam para o Tocantins.
Saúdo os convencionais do PSB e ressalto o quanto é importante o exercício da Democracia e eventos como o do último domingo, 17, servem para reforçar esse movimento que precisa sempre ser aperfeiçoado”.
E Siqueira finaliza, dando o “tapa com luva de pelica”, que separa os homens das crianças, os experientes dos iniciantes e os os abusados dos agregadores, para não partir para adjetivos mais claros: “vejo que o partido se reforça, agora recebendo a filiação do ex-deputado Junior Coimbra, que já foi líder do Governo Marcelo Miranda na Assembleia Legislativa. Partido que já tem o deputado Ricardo Ayres, também ex-secretário da Juventude do atual Governador. Assim como o PSB detém dois ex-secretários de meu último Governo, o professor Danilo de Melo e o deputado Alan Barbiero.
Por fim, quero destacar que não estou em pré-campanha. Não sou filiado a nenhum partido político e não estou discutindo qualquer aliança. O tempo se encarregou de extinguir qualquer desavença pessoal, no entanto, no campo político como já citei, mantenho-me fiel aos mesmos ideais.
Se no momento oportuno estiver em boas condições de saúde, posso colocar meu nome à disposição do povo tocantinense para disputar uma vaga ao Senado, pois entendo, que com minha experiência, poderei seguir dando minha contribuição ao Estado que ajudei a criar, implantar e consolidar.
Desejo que o atual prefeito da cidade que tive a honra de fundar e construir as grandes obras que nela existem, que continue com sua administração, pois há muito trabalho a fazer e é isso que o povo dessa cidade espera”.
O certo é que Amastha terá que trabalhar muito, estudar muito e aperfeiçosr-se pessoalmente com afinco para que sua assinatura tenha um décimo do peso que a assinatura que finaliza a carta de José Wilson Siqueira Campos.
Como diria o saudoso Salomão Wenceslau: “É, pois é!”