Devido à repercussão da reunião ministerial de 22 de abril, presidente chegou a anunciar que deixaria de encontrar todo o alto escalão do governo. No entanto, há um novo evento marcado para esta terça-feira (9/6)
Por Augusto Fernandes
O presidente Jair Bolsonaro e a cúpula ministerial do Executivo se encontrarão na manhã desta terça-feira (9/6) no Palácio da Alvorada para mais uma edição do Conselho de Governo. O evento, que costuma ser a portas fechadas, será transmitido ao vivo pela TV Brasil, a partir das 8h15.
Recentemente, o mandatário chegou a anunciar que deixaria de promover reuniões ministeriais em razão do evento realizado em 22 de abril que acabou virando alvo de investigação por parte do Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar supostas interferências políticas de Bolsonaro na Polícia Federal.
O vídeo daquele encontro foi tornado público pelo ministro Celso de Mello, relatório do inquérito na Corte, e revelou uma série de polêmicas envolvendo não apenas as declarações de Bolsonaro, que usou uma série de palavrões e xingamentos durante a conversa. Além dele, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, fizeram discursos efusivos.
Em determinado momento da reunião, Weintraub falou em prender os ministros da Suprema Corte. “A gente está perdendo a luta pela liberdade. É isso que o povo está gritando. Não está gritando para ter mais estados ou mais projetos. O povo está gritando por liberdade. Ponto. É isso que a gente está perdendo. Está perdendo mesmo. O povo está querendo ver o que me troxue até aqui. Eu, por, mim, botava esses ‘vagabundos’ todos na cadeia, começando no STF. É isso que me choca”, disse.
Weintraub atacou o STF instantes após classificar Brasília como um ‘cancro de corrupção’. "Não quero ser escravo neste país, e acabar com essa porcaria que é Brasília. Isso aqui é um cancro de corrupção e privilégios. Eu tinha uma visão extremamente negativa de Brasília. Brasília é muito pior do que podia imaginar. As pessoas, aqui, perdem a percepção, a empatia e a relação com o povo. Se sentem inexpugnáveis."
Além disso, o ministro da Educação declarou que odeia termos que classificam minorias étnicas, como indígenas e ciganos. “Odeio o termo povos indígenas. Odeio esse termo. Odeio. (Odeio o termo) Povos ciganos… Só tem um povo neste país. Quer, quer, não quer sai de ré. É povo brasileiro. Só tem um povo. Pode ser preto, branco, japonês ou descendente de índio, mas tem que ser brasileiro. Acabar com esse negócio de povos e privilégios. Só pode ter um povo. Não pode ter ministro que acha que é melhor que o povo e o cidadão. É um absurdo."
Salles, por sua vez, sugeriu que o governo aproveitasse o foco da imprensa na cobertura da pandemia do novo coronavírus para “ir passando a boiada” e promover mudanças em "regramentos e normas".
“Tudo que a gente faz é pau no Judiciário, no dia seguinte. Então pra isso precisa ter um esforço nosso aqui enquanto estamos nesse momento de tranquilidade no aspecto de cobertura de imprensa, porque só fala de covid, e ir passando a boiada e mudando todo o regramento e simplificando normas. De Iphan, de Ministério da Agricultura, de Ministério de Meio Ambiente, de ministério disso, de ministério daquilo. Agora é hora de unir esforços pra dar de baciada a simplificação”, comentou.
O ministro do Meio Ambiente falou ainda da oportunidade de passar reformas infralegais de desregulamentação. “A oportunidade que nós temos, que a imprensa não tá ... tá nos dando um pouco de alívio nos outros temas, é passar as reformas infralegais de desregulamentação, simplificação, todas as reformas.”
Damares criticou duramente governadores e prefeitos por algumas das medidas adotadas para enfrentamento à pandemia da covid-19, e falou em prender os gestores estaduais e municipais.
“A pandemia vai passar, mas governadores e prefeitos responderão processos e nós vamos pedir inclusive a prisão de governadores e prefeitos. E nós tamo subindo o tom e discursos tão chegando. Nosso ministério vai começar a pegar pesado com governadores e prefeitos. Nunca vimos o que está acontecendo hoje”, disse a ministra.