Coronavírus: diagnóstico e tratamento rápidos salvam vidas

Posted On Segunda, 08 Junho 2020 07:48
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Danielle Feitosa, superintendente do Sindicato Brasiliense de Hospitais, Casas de Saúde e Clínicas (SBH), alerta: "Agir rapidamente faz a diferença" Danielle Feitosa, superintendente do Sindicato Brasiliense de Hospitais, Casas de Saúde e Clínicas (SBH), alerta: "Agir rapidamente faz a diferença"

Especialistas identificam que diagnóstico precoce da covid-19 e a ida imediata ao hospital pode ser determinante para a recuperação do paciente com o novo coronavírus. A experiência no combate à doença tem mostrado que aguardar em casa pode piorar a situação

 

Por Thais Umbelino

 

Cansaço extremo, febre e muita dor no corpo. Esses foram os principais sintomas que André Ruelli, 45 anos, sentiu nos primeiros dias, ainda sem saber que estava infectado pelo novo coronavírus. Mesmo na etapa inicial, ele decidiu procurar auxílio médico, mas foi orientado a não fazer o exame. “À época, no início da pandemia no Distrito Federal, em 12 de março, a orientação era fazer o teste apenas em caso de falta de ar. Como eu não tinha o sintoma, suspeitaram de dengue”, conta. Mas o servidor público insistiu em fazer o teste para a covid-19. “Depois de dois dias, recebi o resultado positivo para o coronavírus.”, relembra. “Por isso, procurei rapidamente uma unidade de saúde, pois fiquei com receio de os sintomas evoluírem e eu apresentar uma piora rápida”, revela André. A atitude funcionou para acalmar o medo do funcionário público. “A doença, felizmente, não evoluiu”, acrescenta.

 

Diante de tantas incertezas e dúvidas referentes ao novo coronavírus, médicos da capital alertam para o risco de ficar em casa diante de sintomas intensos. Segundo a superintendente do Sindicato Brasiliense de Hospitais, Casas de Saúde e Clínicas (SBH), Danielle Feitosa, os profissionais de hospitais particulares têm percebido a tendência de melhora rápida em casos de atendimento precoce. “Temos observado, efetivamente, que, para a maioria dos pacientes que procuraram logo a unidade de saúde, foi possível conter a doença de forma mais rápida”, relata. Claro que casos com comorbidades e do grupo de risco são mais delicados, mas, normalmente, agir rapidamente faz a diferença”, ressalta.

 

Outra dificuldade enfrentada na rede privada está na diminuição da procura de atendimentos em unidades de saúde para diagnóstico de outras doenças. “Isso fez com que o número de mortes em residências tenha aumentado no último mês no país”, aponta Danielle. Na capital, de acordo com o Serviço de Verificação de Óbitos (SVO), pela Secretaria de Saúde, de 25 de março até agora, entre as testagens de 59 óbitos que ocorreram em residências, quatro testaram positivo para a covid-19.

 

Raul Sturari Jr, diretor presidente do Grupo Santa, reitera que o grande problema da demora no atendimento ao infectado pelo novo coronavírus é que, em alguns casos, o paciente tem comprometimento pulmonar que leva à saturação baixa de oxigênio sem que ele perceba. “Identificamos que, em vários casos, a falta de ar não começa, mas o pulmão da pessoa está comprometido”, descreve.

 

A recomendação é de que, ao apresentar os sintomas (veja Principais sinais), o paciente procure rapidamente uma unidade de saúde. “Os hospitais estão habilitados para atender a pacientes com a covid-19 separadamente dos demais e prevenir as contaminações no local”, tranquiliza Raul. “Também temos visto que o número de pessoas com outras doenças caiu e sabemos que as enfermidades continuam. Portanto, é importante informar a sociedade para não ter medo de ser infectada e não parar os tratamentos. Nós temos uma estrutura eficiente para garantir operações seguras”, reforça o diretor do Grupo Santa.

Diagnóstico

O infectologista Hemerson Luz explica que uma das maneiras de diferenciar a gripe comum da covid-19 é pelo tempo de duração dos sintomas. “Se houver uma piora a partir do sétimo dia, pode ser um sinal de coronavírus. A doença também é marcada por uma fadiga intensa, e a dispneia (falta de ar) é o fator principal”, explica o especialista. Para ele, o maior desafio, ainda, é o desconhecimento da doença provocada pelo novo coronavírus. “A cada dia, descobre-se um novo sintoma que está relacionado a ela”, aponta. O infectologista reforça a importância de que todas as medidas de prevenção sejam tomadas. “Isolamento social, uso de máscaras e higienização constante das mãos são alguns dos exemplos”, indica.

 

As preocupações devem ser reforçadas, principalmente em caso de suspeita da covid-19. “A pessoa deve ir ao hospital se apresentar uma piora nos sintomas, como febre persistente por 48h e desconforto respiratório”, detalha Hemerson. Mas todo cuidado deve ser redobrado. “A ida deve ser realizada sempre de máscara, o veículo de locomoção tem de estar com as janelas abertas e, ao deixá-lo, é importante esterilizar locais que foram tocados pela pessoa com suspeita da doença. Além disso, é necessário evitar contato com outras pessoas. Ao chegar à unidade de saúde, o paciente deve procurar direto a emergência e avisar que está com suspeita de covid-19”, orienta Hemerson. “Se a pessoa tiver condições de ir sozinha, ela deve fazê-lo para evitar, ao máximo, contato com outras pessoas”, alerta.

 

Diante das dúvidas, o indivíduo também pode fazer a testagem rápida ou buscar atendimento nas unidades básicas de saúde (UBS) ou Unidades de Pronto Atendimento (UPA). Segundo a Secretaria de Saúde, caso o resultado seja positivo, o paciente será orientado quanto aos cuidados. “Pacientes com sintomas leves ou assintomáticos fazem a quarentena em casa. Em casos de sintomas mais graves, o paciente é encaminhado diretamente para atendimento em uma unidade de saúde”, informa, em nota.

 

Comércio

O máximo de testagens em moradores da capital e o diagnóstico precoce dos pacientes também interessam a empresários e comerciantes do DF, como explica a conselheira superior do Sindicato do Comércio Varejista do DF (Sindivarejista) e da Associação Comercial do DF (ACDF), Janine Brito. Para a empresária, a vigilância e a adoção de métodos para evitar o aumento da contaminação do número de casos da covid-19 são cada vez mais necessários. “Agora, com a reabertura das demais lojas, temos tentado reforçar essas medidas para que lojistas e clientes não sejam prejudicados”, explica. “A nossa orientação para os funcionários é, diante do menor sintoma, que procurem um profissional de saúde imediatamente”, conta Janine.

 

Principais sinais

 

Os sintomas da covid-19 podem variar de um simples resfriado até uma pneumonia severa; por isso, é necessário monitorá-los.

 

Mais comuns

Febre

Tosse seca

Cansaço

Menos comuns

Dores e desconfortos

Dor de garganta

Diarreia

Dor de cabeça

Perda de paladar ou olfato

Erupção cutânea na pele ou descoloração dos dedos das mãos ou dos pés

Graves

Dificuldade de respirar ou falta de ar

Dor ou pressão no peito

Perda de fala ou movimento

Fonte: Organização Mundial da Saúde (OMS)

 

“Nunca esperei passar por isso”

“Descobri que estava infectado depois de apresentar, em 20 de abril, calafrios e febre. No dia seguinte, após uma febre alta persistente, fui ao hospital em que trabalhava e pedi para fazer o teste. O médico pediu uma radiografia para ver como estava o pulmão, e o resultado foi que eu estava com pneumonia, com 25% do pulmão comprometido. Fui internado lá mesmo. O que mais maltrata é o isolamento e ter de ficar longe da família. Conseguia falar com a minha mulher e o meu filho por telefone, o que amenizava a saudade. Mas me senti inseguro e com medo: de morrer, de piorar, de precisar usar máscara de oxigênio. O pior foi que tive febre vários dias e meus exames estavam muito alterados. A doença poderia agravar, mas, felizmente, a minha evolução foi boa e recebi, depois de 14 dias, alta. Nunca esperei passar por isso, até porque mantenho todos os cuidados necessários durante os procedimentos médicos. Não consigo precisar como peguei. Mesmo depois de infectado, continuo com todas as precauções, pois não foi provado, ainda, que quem já teve está imune. Com certeza, a rapidez na ida ao hospital fez diferença na resposta do tratamento e, hoje, estou vivo.”

 

Eliomar Oliveira, 41 anos, enfermeiro do Hospital Regional da Asa Norte (Hran)