Por Edson Rodrigues
A pouco mais de dez meses para as convenções partidárias que definirão os candidatos à Presidência e Vice-Presidência da República, governador, vice-governador, duas vagas ao Senado Federal, oito para deputados federais e 24 para deputados estaduais, o processo sucessório para o governo do Tocantins já está em curso, com foco especial na disputa pela vaga de vice-governador na chapa do atual titular do Executivo, Laurez Moreira.
O que parecia uma articulação remota se transformou em movimentação real nos bastidores do Palácio Araguaia, com partidos e lideranças desenhando estratégias, ocupando espaços e consolidando o poder político.
VICE-GOVERNADORIA
Nomes considerados fortes surgem como possíveis candidatos à vice-governadoria. De um lado, a ex-prefeita de Palmas e presidente nacional do PSDB Mulher, Cínthia Ribeiro. Do outro, desponta o secretário de Planejamento do Estado, Ronaldo Dimas, líder político consolidado em Araguaína e região Norte, com forte base eleitoral e pai do deputado federal Tiago Dimas, além de presidente estadual do Podemos.
Cínthia Ribeiro acumula serviços prestados ao município de Palmas, mas seu histórico recente levanta riscos que podem impactar sua viabilidade política. Entre os pontos de atenção estão a investigação de um contrato de decoração natalina de R$ 7,5 milhões, que motivou a instauração de uma Tomada de Contas Especial pelo Tribunal de Contas do Estado, o prejuízo estimado em R$ 5,7 milhões no transporte escolar, segundo levantamento do Ministério Público de Contas, e o reconhecimento de dívidas com empresas de publicidade no valor de R$ 3,4 milhões.
A situação ganhou novos contornos após decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que autorizou a Polícia Federal a usar provas colhidas em diferentes inquéritos envolvendo desvios de recursos na gestão de Cínthia Ribeiro. As investigações, conhecidas como Operações Plano Inserto e Segundo Plano, apuram supostos desvios de mais de R$ 30 milhões em contratos do transporte escolar e na compra de kits pedagógicos, além de movimentações suspeitas de dinheiro, joias e terrenos ligados ao ex-secretário de Finanças, Edmilson Vieira das Virgens.
Plenário do STJ
Durante mandados de busca e apreensão em agosto de 2023, foram encontrados R$ 3,6 milhões em espécie e cerca de quatro quilos de ouro em imóveis relacionados a Edmilson, além da compra de um terreno suspeita, realizada três dias antes da aprovação de um decreto sobre o loteamento do local. O STJ rejeitou recurso da defesa, confirmando a legalidade do compartilhamento de provas entre diferentes inquéritos e permitindo que a PF avance nas investigações.
Para que Cínthia Ribeiro seja considerada uma opção viável, precisaria comprovar sua inocência nos processos pendentes. A situação reforça também a diferença de postura do governador em exercício, Laurez Moreira, que tem reiterado a mensagem de que atos não republicanos não serão tolerados. É importante lembrar que, publicamente, Cínthia nunca declarou interesse em ser candidata a vice, mas nos bastidores sua articulação segue sendo observada de perto.
WANDERLEI BARBOSA
O governador afastado Wanderlei Barbosa mantém relevância política. Apesar das investigações em curso, não é réu nem condenado, e tem avaliado cuidadosamente os próximos passos de sua trajetória. O ex-deputado e ex-prefeito de Porto Nacional, Paulo Mourão, tem aconselhado Wanderlei a ponderar sobre uma eventual candidatura ao Senado, de modo a preservar o interesse do Estado, concentrar esforços em sua defesa e fortalecer seu projeto político.
SENADO E CENÁRIO ELEITORAL
A sucessão estadual em 2026 não se resume à disputa pelo governo. Duas vagas para o Senado Federal também estarão em jogo, ampliando o peso das alianças partidárias e das articulações regionais.
De acordo com as pesquisas de intenção de voto mais recentes, aparecem na dianteira Eduardo Gomes (PL), candidato à reeleição, seguido por Wanderlei Barbosa, que surge como forte nome para o Senado, e, em seguida, Vicentinho Júnior e Irajá Silvestre.
O quadro, contudo, é apenas um retrato momentâneo de um cenário em constante mutação. As eleições ocorrerão dentro de onze meses, tempo suficiente para reviravoltas, novas alianças e, principalmente, para o desfecho de operações da Polícia Federal em andamento e outras que ainda podem vir à tona.
O processo sucessório de 2026 promete muitas surpresas e redefinições de rumos. No Tocantins, nada é definitivo até o último voto ser apurado.
O Observatório Político de O Paralelo 13 estará atento, acompanhando cada movimento dessa corrida ao Palácio Araguaia.