Em sessões fechadas conduzidas pelo ministro Alexandre de Moraes, réus serão questionados sobre pontos dos depoimentos na suposta trama golpista
Por Ana Paula Ramos
A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira autorização para acompanhar a audiência presencial de acareação entre Mauro Cid, ex-ajudante de ordens, e o general Braga Netto. A acareação será realizada na terça-feira (24), às 10h, no STF, na ação penal sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado em 2022.
Na petição enviada ao ministro Alexandre de Moraes, o advogado Celso Vilardi afirmar que entrou em contato com o cerimonial da Corte e foi informado de que o acesso será liberado só aos advogados dos réus que serão acareados e não haverá nenhum tipo de transmissão.
"Tratando-se de ato de instrução probatória realizada no âmbito de ação penal, requer-se que seja garantido acesso à audiência ao subscritor da presente petição, advogado constituído na presente ação penal, que irá se deslocar para Brasília a fim de acompanhar presencialmente a audiência designada", diz trecho do documento.
A acareação foi autorizada a pedido da defesa de Braga Netto, que aponta contradições nos depoimentos prestados por Mauro Cid. Ambos são réus na ação penal. Cid assinou acordo de delação premiada com a Polícia Federal (PF) e também está na condição de delator.
Segundo os advogados de Braga Netto, Cid mentiu ao implicar o militar nas tratativas golpistas supostamente articuladas após a derrota eleitoral de Jair Bolsonaro.
A defesa quer esclarecer pontos sobre uma reunião que teria acontecido na casa de Braga Netto para discutir o suposto plano de golpe, relatada por Cid. Os advogados questionam também a informação que o general teria entregado dinheiro em uma sacola de vinho para o plano que incluía matar o presidente Lula (PT), o vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, em 2022.
Em seu depoimento, no início deste mês, Braga Netto negou ter conhecimento do plano Punhal Verde Amarelo e de ter repassado a Mauro Cid dinheiro dentro de uma sacola de vinho para que fosse entregue a militares que faziam parte do esquadrão de elite do Exército, chamados de "kids-pretos".
O general está preso desde dezembro do ano passado sob a acusação de obstruir a investigação sobre a tentativa de golpe de Estado e tentar obter detalhes dos depoimentos de delação de Cid.
No mesmo dia, haverá também acareação, às 11h, entre o ex-ministro Anderson Torres e o general Freire Gomes, ex-comandante do Exército, testemunha no inquérito. Segundo a defesa de Torres, a acareação é necessária para esclarecer contradições nos depoimentos do general durante as investigações.