DEMISSÕES NA EDUCAÇÃO: A CONTA MAIS ALTA PARA QUEM MENOS PODE PAGAR

Posted On Quarta, 05 Novembro 2025 13:16
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Por Edson Rodrigues

 

 

 

Há exatos quarenta dias do Natal, um ato administrativo da Secretaria de Educação do Tocantins caiu como uma sentença sobre mais de mil famílias em todo o estado. Foram 1.127 contratos temporários e 14 cargos comissionados encerrados de uma só vez, por decisão do novo secretário Hércules Jackson Moreira Santos, indicado político do senador Irajá Abreu.

 

A medida, publicada no Diário Oficial do Estado na última terça-feira (4), foi anunciada pela gestão de Laurez Moreira sob o argumento de “otimização dos recursos públicos” e “eficiência administrativa”. Segundo nota oficial, a Seduc afirma que a reorganização segue “critérios técnicos” e não trará impacto no funcionamento das escolas. O governo ainda estima uma economia mensal de R$ 2,7 milhões, valor que seria destinado a ações prioritárias da pasta.

 

Mas, para além da frieza dos números e das justificativas técnicas, o impacto humano é profundo e doloroso. As demissões atingem em cheio trabalhadores e trabalhadoras que há décadas dedicam suas vidas à rede pública de ensino. Muitos têm idade avançada, estão próximos da aposentadoria e não possuem condições de voltar ao mercado de trabalho privado. Outros tantos são chefes de família, para quem aquele salário, ainda que modesto, era a única fonte de sustento de filhos, netos e pais idosos.

 

 

 

Sem aviso prévio, sem indenização e sem qualquer amparo trabalhista, afinal, tratam-se de contratos temporários e cargos comissionados, centenas de educadores, auxiliares, merendeiras, vigias e técnicos enfrentam agora a incerteza de um fim de ano sem emprego, sem perspectiva e sem saber como garantir o mínimo à mesa.

 

É cruel que uma decisão dessa magnitude seja tomada a 40 dias do Natal, quando o sentimento de solidariedade deveria prevalecer sobre a lógica da austeridade. É cruel, também, que atinja pessoas simples, invisibilizadas, que mantiveram as escolas funcionando em tempos de crise, pandemia e falta de recursos.

 

O secretário Hércules Jackson, recém-chegado à gestão por articulação política do senador Irajá, defende que o ato é “técnico e transparente”. Mas nas cidades do interior, a realidade é outra: pais e mães em pranto, famílias sem renda, comunidades escolares desamparadas.

 

 

 

Secretario de Educação do Tocantins Hércules Jackson Moreira Santos indicação politica   do senador Irajá Abreu

 

 

 

Enquanto o governo fala em “corrigir distorções” e “zelar pelo dinheiro público”, quem paga a conta dessa reorganização são justamente aqueles que mais contribuíram para o sistema educacional. São os que estavam nas salas de aula, nos corredores, nas cozinhas e nos pátios, garantindo que o ensino acontecesse, muitas vezes sem reconhecimento e com salários atrasados.

 

Ninguém é contra a eficiência administrativa. Mas toda gestão pública tem rosto, nome e responsabilidade social. O que se espera de um governo é que seja humano antes de ser técnico, e que compreenda que administrar um Estado não é apenas equilibrar planilhas, mas entender o impacto das decisões na vida das pessoas.

 

Neste momento, o Tocantins não vive apenas um corte orçamentário. Vive um corte de dignidade. E essa ferida, diferente das cifras, não cicatriza facilmente.

 

 

 

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