Luiz Fernando Corrêa foi interrogado sobre atuação da agência de inteligência em relação a binacional Itaipu
Por Gustavo Côrtes
O diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Luiz Fernando Corrêa, e o ex-adjunto do órgão Alessandro Moretti prestaram depoimento nesta quinta-feira, 17, na sede Polícia Federal, em Brasília, sobre o hackeamento contra autoridades do alto escalão do governo do Paraguai. O depoimento de Corrêa durou cinco horas. Já o de Moretti se estendeu por sete horas e meia.
A operação, que tinha como objetivo extrair informações comerciais relacionadas à usina de Itaipu, gerida conjuntamente pelo Brasil com o país vizinho, teve início no governo de Jair Bolsonaro, mas prosseguiu durante os primeiros meses do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, segundo investigadores.
O presidente convocou nos últimos dias uma reunião com Corrêa, o diretor-geral da PF, Andrei Passos, e o Ministro da Casa Civil, Rui Costa, a quem o comando da Abin está subordinado. A realização do encontro foi revelada pela Folha de S. Paulo.
Lula cobrou explicação sobre o caso de espionagem. A Abin alega ter determinado a interrupção da ação, enquanto investigadores da PF afirmam que ela foi mantida já sob o governo do petista.
A existência da operação foi vazada após um servidor da Abin revelá-la em um depoimento no âmbito da investigação que apura a instrumentalização política da agência durante a gestão de Jair Bolsonaro.
O Paraguai vende para o Brasil parte da energia gerada em Itaipu. Em maio, os países firmaram um acordo sobre valores dessa transação, meses após o suposto hackeamento.
A PF abriu um inquérito para investigar o caso.