Governistas apontaram machismo, já senadores de oposição alegaram que a ministra desrespeitou o Senado

 

 

Por Andressa Anholete

 

 

Durante a sessão deliberativa na tarde desta terça-feira (27), no Plenário, senadores se manifestaram sobre a participação da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, em audiência pública na Comissão de Infraestrutura (CI), ocorrida pela manhã. A ministra deixou o local após três horas e meia de debate, após desentendimento com o senador Plínio Valério (PSDB-AM). Enquanto alguns senadores afirmaram que  Marina foi vítima de machismo, outros criticaram a postura da ministra.

 

Na audiência, Marina foi cobrada pela demora na liberação de licenças ambientais. Em sua fala, o senador Plínio Valério disse que “a mulher merece respeito, a ministra não”. Após exigir um pedido de desculpas, que não foi atendido, a ministra decidiu se retirar do debate.

 

As manifestações em Plenário tiveram início com o líder do governo, senador Jaques Wagner (PT-BA). Ele afirmou não ter presenciado o desentendimento porque durante a reunião foi substituído pelo vice-líder, senador Rogério Carvalho (PT-SE). O líder afirmou que todos os convidados de audiências públicas merecem respeito e disse não ver motivo para uma nova convocação.

 

— Eu, pessoalmente, entendo que ela cumpriu o convite, ela esteve aqui e respondeu a diversos senadores — eu estava lá na maior parte do tempo — e, portanto, eu não vejo por que fazer uma convocação. Ela, na verdade, se retirou no momento em que um senador — e, de novo, eu não estou atrás de culpados aqui — disse que a respeitava como mulher, mas não a respeitava como ministra — argumentou o líder.

 

Para o senador Humberto Costa (PT-PE), o fato de ter opiniões divergentes com relação às da ministra não dá a nenhum senador o direito de desrespeitá-la. Ele lembrou que Marina Silva é uma mulher que é respeitada mundialmente pela sua coerência, pela firmeza das suas posições, pela sua defesa de pautas importantes para a humanidade.

 

— Nós temos que dar a esta Casa a continuidade daquilo que tem sido a sua história: uma Casa de debate, de discussão, onde as divergências são respeitadas e, acima de tudo, onde as mulheres, sejam elas quem forem, precisam ser respeitadas na sua condição de mulher. Por isso, eu externo aqui a minha solidariedade à Ministra Marina Silva.

 

Também em Plenário, em resposta às críticas dos colegas, o senador Plínio Valério (PSDB-AM) chamou as manifestações de “lacre” e disse que foi interrompido pela ministra durante a audiência. Ele criticou o comportamento da ministra durante o debate e disse que quem não respeita a população não tem o seu respeito.

 

— Querem me colocar no olho do furacão. Beleza, não vou mais me defender. Eu tinha prometido não me defender, porque eu não fui eleito senador para me defender, eu fui eleito senador para defender o Amazonas. Não tem defesa minha, não vou me defender e vou defender o Amazonas sempre. Quem quiser que lacre, quem quiser que me acuse. Ainda vão tolerar um ano e meio e, se for pela vontade de Deus, por mais oito anos — disse o senador.

 

Lugar da mulher

Outro trecho da audiência também foi lembrado por senadores em Plenário. Durante o debate, o presidente da Comissão de Infraestrutura (CI), senador Marcos Rogério (PL-RO) disse para a ministra “se pôr no seu lugar”, após Marina dizer que não é uma mulher submissa.

 

Para o senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), o que ocorreu na comissão foi a “insistência do machismo e o atravessar da linha tênue do debate político para a agressão”. Randolfe disse considerar que frases como a dita por Marcos Rogerio passaram do limite e que “reiterados traços de misoginia e machismo” não são aceitáveis nem na sociedade nem no Parlamento.

 

— Acredito que lugar de mulher é na vida pública, lugar de ministra é dirigindo ministérios como o Ministério do Meio Ambiente, lugar das mulheres é o lugar que elas devem ter reivindicado no seio da sociedade brasileira, por serem, inclusive, a maioria da sociedade brasileira — argumentou o senador.

 

A senadora Teresa Leitão apontou a frase dita por Marcos Rogério como “o suprassumo do machismo”.  Ela afirmou que o tratamento dispensado a homens e mulheres na política é muito desigual e reiterou que o lugar da mulher não é no âmbito privado e nem doméstico, longe do espaço público e da formulação de políticas públicas.

 

— Quem é o homem que sabe qual é o nosso lugar? Qual desses políticos aqui e de alhures sabe o que nós sofremos para estar aqui com os mesmos direitos de qualquer um que está aqui? (...) Graças a Deus que não é a postura do Senado, mas que termina por respingar sobre nós como Casa — lamentou.

 

Em resposta às críticas, o presidente da CI disse que Marina Silva não se comportou como deve fazer um agente público federal, que deve dar explicações com respeito, urbanidade, equilíbrio e respeito institucional. Na visão de Marcos Rogério, a ministra “achou que podia presidir os trabalhos da Comissão”  e que ele, como presidente, não poderia abrir mão da firmeza na condução do colegiado.

 

— O Brasil parou de ser um país dos fatos e se transformou no país das narrativas. Não importa o que aconteceu, o que importa é a narrativa que é dada. A ministra disse que foi vítima de preconceito, de misoginia, disso ou daquilo, e essa é a versão. E nada disso aconteceu! — disse o senador.

 

Na visão do senador Jorge Seif (PL-SC), se os parlamentares defendem a igualdade entre homens e mulheres, não podem, na hora do debate, apontar machismo nas falas como “escudo”.

 

— Na hora do embate não dá para ficar apelando, não dá para ficar lacrando. (...) Vocês sabem que eu já tive embates, aqui, acalorados, na maioria das vezes com homens, mas com mulheres também, mas isso não significa desrespeitar — ponderou.

 

Condução

O senador Dr. Hiran (PP-RR) disse que a falta de infraestrutura na Região Norte causa mortes e que o governo precisa colocar no ministério alguém “mais moderno” para enfrentar os desafios ambientais do país. Para ele, não houve desrespeito por parte dos colegas e a ministra não gostou de ouvir verdades que foram ditas pelos senadores durante a reunião da CI.

 

— Eu queria dizer que realmente aquilo foi uma manifestação mais exacerbada. Eu não vi falta de respeito. Eu vi uma exacerbação de um diálogo que começou a ficar mais exaltado.  A gente também não pode negar, é só ver nas imagens:  a ministra não estava no comportamento habitual dela, estava muito agressiva, ela não deixava ninguém falar, não respeitava a fala dos senadores — criticou.

 

Também em defesa de Marina Silva, Fabiano Contarato (PT-ES) afirmou que é preciso tirar dos fatos ocorridos na comissão uma lição para que esses comportamentos não voltem a se repetir. Para ele, a imagem que fica da reunião não é positiva.

 

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

 

 

 

Posted On Quarta, 28 Mai 2025 03:37 Escrito por

Vice-presidente do partido afirma que manter cargos no governo petista é “incoerente”

 

 

Por Marina Verenicz

 

 

O vice-presidente do União Brasil, ACM Neto, defendeu nesta terça-feira (27) o rompimento do partido com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a entrega dos ministérios ocupados pela legenda.

 

Em entrevista ao jornal O Globo, o ex-prefeito de Salvador afirmou que a continuidade do apoio institucional ao governo é incompatível com o projeto político que o partido pretende construir para 2026.

 

“Não faz sentido ocupar cargos no governo se o seu projeto político é oposto a esse. Com a aproximação da eleição de 2026, é hora de sair”, disse Neto.

 

Atualmente, o União Brasil comanda dois ministérios: Comunicações, com Frederico de Siqueira Filho, e Turismo, com Celso Sabino. Também é o partido responsável pela indicação de Waldez Góes (PDT) para a Integração e Desenvolvimento Regional, por meio de articulação direta com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).

 

A declaração de ACM Neto ocorre em um momento estratégico, às vésperas da formalização de uma federação partidária entre União Brasil e PP, legenda que comanda o Ministério do Esporte, sob André Fufuca.

 

Para Neto, o fim do apoio ao governo será inevitável após a federação, e ele promete pressionar internamente para que nenhum integrante da aliança ocupe cargos na Esplanada.

 

“Eu sou completamente contrário à neutralidade. É preciso afirmar a postura de oposição ao projeto do PT e o desejo de construir uma candidatura alternativa para 2026”, disse, ao defender que a federação tenha candidato próprio à Presidência da República.

 

Cotado como favorito à disputa pelo governo da Bahia em 2026, Neto quer reposicionar a legenda como alternativa ao petismo, ainda que admita que, em alguns estados, o alinhamento local com o PT possa continuar.

 

“Não creio que seja a expectativa de ninguém obrigar os estados a seguirem necessariamente uma diretriz nacional. Preferencialmente, sim. Obrigatoriamente, não. A depender da equação, é preciso respeitar”, afirmou, ao comentar o possível apoio da federação ao governador Jerônimo Rodrigues (PT) na Bahia.

 

 

 

Posted On Terça, 27 Mai 2025 15:03 Escrito por

Lideranças do Centrão procuraram aliados de Jair Bolsonaro para fazer alerta sobre quando ex-presidente poderá ser preso

 

 

Por Igor Gadelha - Metrópoles

 

 

Caciques do Centrão enviaram um alerta ao entorno de Jair Bolsonaro sobre quando o ex-presidente poderá ser preso, caso seja mesmo condenado pelo STF no inquérito do golpe.

 

Nas últimas semanas, lideranças do União Brasil e do PP com trânsito no Judiciário procuraram bolsonaristas para alertá-los de que o ex-presidente pode ser preso até o final de julho.

 

Aliados de Bolsonaro estranharam a previsão. A expectativa de bolsonaristas já era de que o processo contra o ex-presidente tramitaria de forma célere, mas só se encerraria em setembro.

 

Após tornar Bolsonaro réu em março, o STF está agora na fase de coleta de depoimentos. Essa etapa, que tem ocorrido em ritmo célere, está prevista para acabar no início de junho.

Depois dessa fase, as defesas dos réus ainda poderão pedir mais produção de provas e o Supremo, fazer mais diligências. Na sequência, será a vez de a Corte ouvir os réus um a um.

 

Até o julgamento, há ainda prazo para declarações finais das defesas e do Ministério Público. Depois da sentença, cabem ainda ainda embargos. Só depois de analisados os recursos é que a prisão pode ser decretada.

 

 

Posted On Segunda, 26 Mai 2025 08:37 Escrito por

As últimas 72h colocaram o governador de SP na iminência de ser ‘excomungado’ do bolsonarismo. De fato, a petulância do carioca é um sinal claro de rebelião

 

 

Por Henrique Rodrigues

 

 

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), parece cada vez mais fascinado com o poder, e confiante de que pode trilhá-lo por conta própria. Em franco movimento de independência e autonomia, ele vem acumulando sinais claros de que já vislumbra um futuro político sem receber ordens ou instruções de Jair Bolsonaro (PL), apostando numa trajetória própria que pode culminar em uma candidatura presidencial no ano que vem. Essa ambição já havia sido revelada quando o governador participou de um evento com empresários e outros ricaços em Nova York, nos EUA, há poucos dias, onde praticamente admitiu, à revelia do “capitão”, que pensa em disputar o Palácio do Planalto. Naquela ocasião, foi duramente criticado e humilhado por Bolsonaro, que passou a tratá-lo como carta fora do baralho para 2026, dizendo que o carioca que governa os paulistas “não tem experiência” e que “não seria nada sem seus votos”.

 

Agora, o rompimento parece ainda mais próximo. A filiação do secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, ao PP, realizada na última quinta-feira (22), numa casa noturna luxuosa paulistana, escancarou o distanciamento assumido de Tarcísio em relação ao “bolsonarismo raiz”, em que pese seu discurso e postura fascistoides, iguaizinhos ao do “chefe”. O evento, recheado de simbolismo político e repleto de lideranças do Centrão, funcionou não apenas como vitrine para o projeto de Derrite de chegar ao Senado, mas também como palco para que Tarcísio reafirmasse sua suposta força nacional, ignorando de forma deliberada o clã Bolsonaro e a liderança do ex-presidente.

O discurso de Tarcísio foi direto no evento: “Para quem duvida que esse grupo vai estar unido no ano que vem, eu digo para vocês: esse grupo estará unido”. O grupo ao qual se referia era composto por caciques de partidos de centro-direita, como Valdemar Costa Neto (PL), Ciro Nogueira (PP), Gilberto Kassab (PSD), Renata Abreu (Podemos) e Antonio Rueda (União Brasil). Não, você não leu errado. O fiel escudeiro não tal fiel assim Ciro Nogueira sinalizou estar prestes a deixar o barco também, assim como o próprio Valdemar Costa Neto, “dono” do partido de Bolsonaro, bem como o onipresente Kassab, ícone máximo do fisiologismo do centrão. Todos estavam com Tarcísio no palco, em um ambiente lotado, alegre, com a presença de mais de 80 prefeitos do estado de São Paulo.

Mais do que uma suposta demonstração de força, o evento sinalizou a articulação de uma frente ampla da direita tradicional (se é que ele ainda existe) que não dependa de Bolsonaro, um bufão desajustado e insuportável que, certamente, para essas próprias lideranças, estará condenado e preso dentro de poucos meses, sem direitos políticos.

 

É dispensável dizer que o incômodo entre bolsonaristas foi imediato. Parlamentares e outras figuras de primeira linha ligados a Bolsonaro e ao movimento ideológico ultrarreacionário liderado por ele não compareceram à cerimônia. A bem da verdade, a maioria sequer foi convidada, pois os organizadores já sabiam de antemão que respostas malcriadas e incivilizadas seriam disparadas de pronto por essa corja do chapéu de alumínio. Os poucos que foram convidados nem deram as caras, uma vez que isso seria encarado como “dar palanque” a um político que já é visto como rival do candidato oficial de Bolsonaro em 2026.

 

Derrite também rompe o script

 

Ao lado de Tarcísio, o secretário Derrite também deu demonstrações de que já não se pauta mais pela cartilha bolsonarista. Assumiu publicamente sua pré-candidatura ao Senado, sem fazer qualquer alusão às pautas cansativas do rosário intragável dos bolsonaristas, como anistia e “Bolsonaro 2026”.

 

“São Paulo tem a possibilidade real de eleger dois senadores conservadores”, bradou Derrite, junto com a conhecida e batida história de que providenciará mudanças na legislação penal, outra vez apelando ao tema da violência como garantia de votos fáceis.

 

Essa ausência de acenos ao ex-presidente de extrema direita foi criticada nos bastidores de Brasília por aliados próximos de Bolsonaro, que veem em Derrite mais um nome que segue os passos do governador rumo a um pretenso projeto político independente.

 

O silêncio do “mito” e a bênção do Centrão

 

O movimento incomodou a capital federal. Segundo aliados de Bolsonaro, o antigo ocupante do Palácio do Planalto ainda não escolheu quem apoiará caso permaneça inelegível (e ele continuará), mas a tendência é que opte por alguém da própria família, com sinais de preferência por sua esposa Michelle Bolsonaro. Ainda assim, figuras como Ciro Nogueira e Valdemar Costa Neto, que cravam a faca nas costas de Bolsonaro abertamente, não escondem que Tarcísio é o nome de suas preferências.

 

“Se houver essa decisão, governador, tanto o União Brasil quanto o Progressistas estarão ao seu lado”, declarou Ciro. Já Valdemar afirmou que “quem vai dizer quem será o candidato a presidente é o Bolsonaro. Por quê? Porque ele é o dono dos votos”. Mas admitiu: “Temos que ver o que o Tarcísio vai resolver para que a gente possa resolver a nossa vida”.

 

Mesmo diante dessa cautela verbal, o gesto de reunir as principais lideranças do centrão em torno de um evento que o exalta, e que ensaia até uma linha sucessória, aproxima Tarcísio de uma ruptura definitiva com seu padrinho político. Em breve, pelo andar da carruagem, o carioca colocado artificialmente por Bolsonaro no governo de São Paulo sairá debaixo das asas do padrinho de maneira oficial. O que resta saber é: isso vai dar certo, tendo em vista a máquina de assassinar reputação das redes digitais do bolsonarismo?

 

 

Posted On Segunda, 26 Mai 2025 06:27 Escrito por

Parlamentares argumentam que, para equilibrar as contas públicas, em vez de aumentar a arrecadação, o governo deve cortar despesas

 

 

Por Larissa Alvarenga

 

 

A oposição no Congresso se articula para barrar o aumento no IOF, imposto que incide sobre operações de crédito, câmbio e seguros. Os parlamentares argumentam que, para equilibrar as contas públicas, em vez de aumentar a arrecadação, o governo deve cortar despesas.

 

Logo que o aumento do IOF se tornou público, a oposição se mobilizou para barrar a medida. Os líderes no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), e na Câmara, deputado Zucco (PL-RS), e deputados do partido Novo, apresentaram projetos para suspender o decreto do governo, que eleva para 3,5% a alíquota.

 

O senador Efraim Filho (União-PB), presidente da Frente Parlamentar do Comércio, diz que o governo deveria cortar gastos antes de pensar em aumentar impostos.

 

"O governo também tem de fazer gestos de redução de despesas, de eliminação do desperdício, da qualificação do gasto público para poder depois passar para a sociedade alguma ideia de que é preciso ajustar arrecadação para poder ter o equilíbrio fiscal, não dá para buscar a responsabilidade fiscal apenas pelo lado da receita, esquecendo o lado da despesa, que é exatamente o que está acontecendo hoje", diz Efraim.

 

O vice-líder do governo na Câmara, deputado federal Rogério Correa (PT-MG), defende que o aumento na alíquota é necessário porque a arrecadação este ano foi menor.

 

"É para fazer uma justiça social e econômica no Brasil. Este ano nós tivemos uma arrecadação menor, principalmente no segundo bimestre, e o governo teve que fazer um contingenciamento orçamentário na faixa de R$ 30 bilhões. Quando você corta no orçamento, isso significa que áreas serão prejudicadas de investimento social", afirma Correa.

 

Para suspender o aumento de imposto, que deve afetar o consumo dos brasileiros no exterior e o desempenho da economia, ao tornar mais caros os empréstimos para as empresas, o projeto precisa ser aprovado tanto pela Câmara quanto pelo Senado. Ainda não há previsão para a tramitação do texto.

 

 

 

Posted On Domingo, 25 Mai 2025 04:54 Escrito por
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