Em delação, ex-marqueteiro do PT diz que pagamentos ilegais 'dependiam da palavra final do chefe'

Posted On Quinta, 11 Mai 2017 17:40
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João Santana se referia a Lula. Colaboração dele e de Mônica Moura perderam sigilo hoje

Com Agências

 O ex-marqueteiro do PT João Santana afirmou, em depoimento de delação premiada na Lava Jato, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tinha conhecimento dos pagamentos feitos à empresa dele no exterior e que todos os pagamentos dependiam 'da palavra final do chefe' (veja documento abaixo).

O sigilo das delações de João Santana e da mulher dele, Mônica Moura, foi retirado nesta quinta-feira (11) a pedido do relator da Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Edson Fachin. Santana também afirma que 'ficou claro que Lula sabia de todos os detalhes porque o ex-ministro Antonio Palocci sempre afirmava que as 'decisões definitivas' dependiam da 'palavra final do chefe'.

O marqueteiro detalhou que, em momentos críticos de inadimplência durante as campanhas eleitorais, ele próprio dava o "alerta vermelho" ao ex-presidente Lula, quando ameaçava interromper os trabalhos.

De acordo com a delação premiada, este tipo de aviso foi feito a Lula em duas ocasiões: primeiro, no final do 1º turno das Eleições 2006, quando o petista foi reeleito; depois, no intervalo entre o 1º e o 2º turno da mesma disputa eleitoral.

Santana afirmou aos investigadores da Lava Jato que, diante da situação, Lula pressionou o então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, que colocou a empresa Odebrecht no circuito a fim de acertar o débito. Palocci possuia poder quase que absoluto sobre o fundo de caixa dois do PT gerido pela empreiteira.

João Santana e Mônica Moura fizeram as campanhas eleitorais a presidente de Lula em 2006 e 2010 e de Dilma Rousseff em 2014.

A marqueteira também relatou em sua delação que o ex-ministro Antônio Palocci e Paulo Bernardo intermediaram o pagamento extraoficial da campanha da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) para a prefeitura de Curitiba. em 2014. Dos R$ 6 milhões pagos pela campanha, aproximadamente R$ 4 milhões teriam sido pagos por fora, segundo Mônica Moura. Casal de marqueteiros pagará R$ 80 milhões em acordo de delação O casal de marqueteiros do PT João Santana e Mônica Moura perderá um total estimado em R$ 80 milhões como parte do acordo de delação premiada fechado com o Ministério Público Federal.
A conta é distribuída da seguinte forma: R$ 3 milhões em multa de João Santana, R$ 3 milhões em multa de Mônica Moura e mais a perda de todo o saldo bancário e eventuais investimentos feitos pela offshore controlada pelo casal, a Shell Bill Finance, no Banco Heritage, na Suíça. Segundo o Ministério Público, a conta detém cerca de US$ 21,6 milhões, ou cerca de R$ 68 milhões ao câmbio desta quinta-feira (11).

Um terceiro delator, o funcionário da Polis Propaganda André Luis Reis Santana, pagará mais R$ 50 mil em multa.

Como parte do acordo, Santana, Mônica e André Luis prestaram uma série de depoimentos em vídeo de 6 a 9 de março na sede da Procuradoria da República no Paraná. Eles foram ouvidos por integrantes do grupo de trabalho da Operação Lava Jato e da força-tarefa de Curitiba (PR).

Pelo acordo, João Santana e Monica foram condenados a um ano e seis meses em prisão domiciliar e mais um ano e seis meses em regime semiaberto. Na segunda fase, deverão "se recolher à residência nos sábados, domingos e feriados e, nos dias úteis, das 22 horas às 06 horas, ressalvados casos de emergência".

Em todo o período de cumprimento das penas, eles serão monitorados por tornozeleira eletrônica.

Ao longo dos três anos, o casal está proibido de trabalhar "de qualquer forma, direta ou indiretamente, em qualquer atividade relacionada ao marketing para campanhas eleitorais, seja no Brasil ou no exterior".

Santana e Mônica estão fora do regime fechado desde agosto de 2016, por decisão do juiz federal Sérgio Moro, depois que iniciaram as tratativas para um acordo de delação premiada. Haviam sido presos em fevereiro do mesmo ano.

Segundo os termos do acordo de delação, "os bens bloqueados pele 13ª Vara Federal Criminal poderão servir para o pagamento da multa". Com informações da Folhapress.