Documento destaca que as declarações do presidente afrontam a democracia e fala da "dedicação especial" de Maia e Alcolumbre aos estados
Com Agência O Globo
Governadores de 20 estados divulgaram uma carta de apoio ao Congresso , numa reação aos últimos ataques do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao Parlamento. O documento afirma que as declarações do presidente afrontam princípios democráticos e destaca a "dedicação especial" dos presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), aos estados e municípios, no enfrentamento da crise com o novo coronavírus (Sars-CoV-2).
"Ambos demonstram estar cientes de que é nessas instâncias que se dá a mais dura luta contra nosso inimigo comum, o coronavírus, e onde, portanto, precisam ser concentrados os maiores esforços de socorro federativo", diz a carta, acrescentando, que a ação coordenada dos governos regionais tem sido pautada na ciência e na experiência de outros países que já enfrentaram a fase mais crítica da pandemia.
No texto, os governadores afirmam ainda que é possível conciliar a necessidade de proteger a saúde da população e a economia e destacam a necessidade do diálogo para superar as diferenças.
"A saúde e a vida do povo brasileiro devem estar muito acima de interesses políticos, em especial nesse momento de crise", conclui a carta do Fórum Nacional de Governadores.
Neste domingo (19), Bolsonaro participou de uma manifestação em Brasília crítica aos poderes Executivo e Judiciário que pediu intervenção militar no Brasil. Durante sua participação, o presidente chegou a subir na caçamba de uma caminhonete para falar com os manifestantes.
Sua presença no ato causou incômodo na ala militar do governo por conta do protesto defender a violação de princípios de democráticos ter causado aglomerações, o que autoridades sanitários recomendam que sejam evitadas para combater a proliferação da Covid-19.
"A saúde e a vida do povo brasileiro devem estar muito acima de interesses políticos, em especial nesse momento de crise. Não julgamos haver conflitos inconciliáveis entre a salvaguarda da saúde da população e a proteção da economia nacional, ainda que os momentos para agir mais diretamente em defesa de uma e de outra possam ser distintos", diz a carta, na qual os governadores defendem a necessidade do diálogo "democrático e desprovido de vaidades" para superar eventuais diferenças.
O governador Mauro Carlesse também assina carta
O documento foi assinado pelos governadores Renan Filho (Alagoas), Waldez Góes (Amapá), Rui Costa (Bahia), Camilo Santana (Ceará), Renato Casagrande (Espírito Santo), Ronaldo Caiado (Goiás), Flávio Dino (Maranhão), Mauro Mendes (Mato Grosso), Reinaldo Azambuja (Mato Grosso do Sul), Helder Barbalho (Pará), João Azevêdo (Paraíba), Paulo Câmara (Pernambuco), Wellington Dias ( Piauí). Wilson Witzel (Rio), Fátima Bezerra ( Rio Grande do Norte), Eduardo Leite ( Rio Grande do Sul), Carlos Moisés (Santa Catarina) João Doria (São Paulo), Belivaldo Chagas (Sergipe) e Mauro Carlesse (Tocantins).