Segundo investigações, Carla Ariane Trindade atuou em defesa dos interesses da Life Tecnologia Educacional
Com Antagonista
A Polícia Federal identificou indícios de superfaturamento na venda de livros didáticos a prefeituras do interior paulista pela Life Tecnologia Educacional. Segundo as investigações, Carla Ariane Trindade, ex-nora do presidente Lula, atuou em defesa dos interesses da empresa tanto em Brasília quanto em prefeituras no interior de São Paulo.
Ainda de acordo com a PF, a empresa teria revendido exemplares de livros didáticos por valores até 35 vezes acima do preço pago aos fornecedores.
Em um dos casos analisados, um livro adquirido por R$ 2,56 foi repassado a um município por R$ 41,50.
“O sobrepreço praticado pela empresa é evidente, alcançando até 35 vezes o preço de aquisição da mercadoria”, afirma o relatório da PF.
Carla Ariane Trindade foi casada por vinte anos com Marcos Cláudio Lula da Silva, filho de Marisa Letícia, adotado por Lula.
Contratos milionários
A Life Tecnologia Educacional fechou contratos que somam R$ 111 milhões com as prefeituras de Sumaré, Hortolândia, Morungaba e Limeira.
A PF diz que a empresa revendia livros comprados por valores entre R$ 1 e R$ 5 por até R$ 80.
Em dezembro de 2021, a companhia entregou 2.264 exemplares de A garota que queria mudar o mundo por R$ 41,50 cada. A compra desses livros só ocorreu dois dias após a venda ao município.
“O que se conclui da análise ‘fria’ das notas fiscais é que a Life Tecnologia teria lucrado pelo menos 50 milhões de reais com a venda de livros a essas prefeituras”, diz o documento.
A polícia afirma ainda que a empresa “nunca demonstrou ter porte para o volume financeiro dos contratos”.
A investigação aponta ainda que Carla Ariane teria atuado para liberar recursos do Ministério da Educação (MEC) para a Life Tecnologia Educacional.
De acordo com os investigadores, viagens feitas por ela à capital federal foram custeadas pelo dono da empresa, André Gonçalves Mariano.
A PF afirma que Mariano operava uma “rede complexa” de corrupção, que incluía diretores municipais, servidores e intermediários com influência política.
Para se referir ao pagamento de propina, o empresário usava o termo “café”, registrado ao menos 104 vezes entre 2021 e 2024, segundo a investigação.
A Operação Coffee Break, deflagrada na última quarta-feira, resultou na prisão de Mariano, de secretários municipais e de dois doleiros. Também foi detido o vice-prefeito de Hortolândia, Cafu César.
A PF diz que o empresário buscava expandir o esquema e tentava abrir portas em outros órgãos públicos, como Petrobras e Denatran, além de prospectar contratos em outros países, entre eles Angola.