A revsista VEJA desta semana revelou que o governo e o PT no Senado montaram um esquema para fraudar depoimentos à CPI da Petrobras no Senado – perguntas foram entregues com antecedência aos investigados, que receberam treinamento para respondê-las.
Os partidos de oposição ao governo cobraram neste sábado a anulação dos depoimentos prestados à CPI da Petrobras no Senado e anunciaram que vão protocolar pedido de investigação à Procuradoria-Geral da República sobre as fraudes reveladas por VEJA. PSDB, PPS e DEM também analisam acionar o Conselho de Ética contra parlamentares da base governista que protagonizaram a farsa.
Reportagem de VEJA desta semana revela que o governo e lideranças do PT no Senado montaram uma estratégia para treinar os principais depoentes da comissão de inquérito, repassando a eles previamente as perguntas que seriam feita na CPI e combinando as respostas que seriam dadas.
Segundo lideranças dos partidos de oposição ouvidas pelo site de VEJA, os parlamentares envolvidos podem responder por quebra de decoro – especialmente os senadores José Pimentel (PT-CE) e Delcídio Amaral (PT-MS). No caso de Pimentel, a oposição exige que ele seja destituído imediatamente da relatoria da CPI.
Para a oposição, os responsáveis pelo teatro governista podem ser responsabilizados pelos crimes de obstrução da justiça, estelionato, fraude, improbidade por uso de servidores para fins privados, falso testemunho de depoentes, advocacia administrativa e possível violação do sigilo funcional – se servidores tiverem repassado documentos sigilosos da CPI para o Poder Executivo. Parlamentares de oposição vão investigar se a fraude também ocorreu na CPI mista da Petrobras, que reúne deputados e senadores.
“A CPI tem prerrogativa de um órgão de investigação para localizar culpados de crimes. Essa operação do Palácio do Planalto é equivalente a obstruir a ação da justiça”, disse o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA).
Em gravações obtidas por VEJA (vídeo acima), o chefe do escritório da Petrobras em Brasília, José Eduardo Sobral Barrocas, revela que um gabarito foi distribuído aos depoentes mais ilustres para que não houvesse contradições em nenhuma das oitivas. Paulo Argenta, assessor especial da Secretaria de Relações Institucionais; Marcos Rogério de Souza, assessor da liderança do governo no Senado; e Carlos Hetzel, secretário parlamentar do PT na Casa, formularam as perguntas que acabariam sendo apresentadas ao ex-diretor Nestor Cerveró, apontado como o autor do “parecer falho” que levou a estatal do petróleo a aprovar a compra da refinaria de Pasadena, no Texas, um negócio que causou prejuízo de quase 1 bilhão de dólares à empresa.
O ex-presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, também fez chegar às mãos de Graça Foster, sua sucessora no comando da empresa, e de José Sergio Gabrielli, ex-dirigente da estatal, todas as perguntas que seriam feitas pela CPI – e as respostas que deveriam ser dadas.
Delcídio envolvido em mais um escândalo: montagem de fraude sobre caso Petrobras
A revista, revela a participação do senador Delcídio do PT, candidato a governador de Mato Grosso do Sul, na farsa da CPI da Petrobras. Segundo a denúncia exclusiva, a CPI foi criada com o objetivo de não pegar os corruptos. Ainda assim, o governo e a liderança do PT decidiram não correr riscos e montaram uma fraude que consistia em passar antes aos investigados as perguntas que lhes seriam feitas pelos senadores.
Com vinte minutos de duração, segundo a revista, o vídeo (abaixo) mostra uma reunião entre o chefe do escritório da Petrobras em Brasília, José Eduardo Sobral Barrocas, o advogado da empresa Bruno Ferreira e um terceiro personagem ainda desconhecido.