... UMA ANÁLISE PARCIAL DA SOBREVIVÊNCIA PARTIDÁRIA E DOS CANDIDATOS
“A consciência é como um copo, se não está limpo sujará tudo o que se jogue nele”
HORÁCIO
Por Edson Rodrigues
O número de prefeitos e vereadores eleitos no último dia 15 expôs a fragilidade de várias legendas no Estado, disparando as sirenes de alerta para os seus dirigentes e membros.
O Paralelo 13, por meio desta análise política independente, sem nenhum interesse de agradar ou contrariar a este ou aquele político ou partido, tenta descrever, por meio da nossa humilde experiência como dirigente de um dos veículos de comunicação mais longevos do Tocantins, o que aponta a “radiografia” das urnas, tendo como ponto inicial o resultado das eleições municipais, traçando paralelos com a eleição majoritária que acontece daqui a dois anos.
Nosso foco é o alerta vermelho que ecoa em muitos partidos e na mente de seus dirigentes e pré-candidatos à reeleição nos parlamentos estadual e federal. O resultado pífio de algumas dessas legendas, principalmente as que não têm representantes no Executivo Estadual, na Assembleia Legislativa e na Câmara federal.
Essas legendas correm o risco de não conseguir sair da “UTI política” por falta de membros ou aliados, pois muitas delas derrubaram pontes e cortaram laços que as uniam a outros partidos e lideranças, ou construíram barreiras e fizeram inimigos irreconciliáveis, apostando todas as fichas – e perdendo – na eleição do último dia 15.
Alguns partidos se isolaram, concentraram todos os recursos do Fundo Partidário na eleição da Capital, deixando os companheiros do interior “com uma mão na frente e outra atrás”, cometendo um suicídio político com pouquíssimas chances de sobrevida.
MAURO CARLESSE
Administrativamente, a gestão do governador Mauro Carlesse encontra-se equilibrada, com as finanças controladas, mesmo com o País passando por um momento de gastos extraordinários com a pandemia de Covid-19. O Tocantins é um dos estados que se destacam por não ter deixado os cuidados com sua economia de lado e, ajudado pelos recursos conseguidos em Brasília, principalmente pelo senador Eduardo Gomes e pelos deputados federais Dorinha Seabra e Carlos Gaguim, manteve a folha de pagamento em dia, assim como a credibilidade junto a fornecedores e prestadores de serviço.
Governador Mauro Carlesse
Apesar disso, politicamente o governo de Carlesse está longe do ideal. As vozes da urnas potencializaram seus principais adversários políticos nas eleições majoritárias de 2022, quando o atual governador pretende disputar a única vaga ao Senado que estará em disputa e, para que suas pretensões se concretizem, precisará costurar uma verdadeira “colcha de retalhos”, e montar uma estratégia de governo bem diferente da atual, com fatos, atos e realizações que consigam atrair para seu grupo político lideranças e aliados suficientes para lhe proporcionar uma base sólida de apoio. E isso tem que começar a partir do próximo dia 1° de janeiro de 2021, para que se evitem surpresas desagradáveis, como se tornar refém dos ditames do seu partido.
A verdade nua e crua é que Mauro Carlesse não é um líder político nato e precisa de muita gente experiente e de liderança comprovada ao seu lado. Apesar disso, a vitória de Josi Nunes em Gurupi, deve ser creditada, em primeiro lugar, ao apoio público do governo do Estado, com o reforço do carisma de Josi e os apoios de Eduardo Gomes, líder do governo federal no Congresso Nacional, e Dorinha Seabra e Carlos Gaguim e diversos deputados estaduais, que formaram um pool de lideranças em benefício da eleição de Josi.
Mas, em nenhum dos demais 138 municípios tocantinenses, incluindo Palmas, o governador Mauro Carlesse conseguiu emplacar seus aliados, muito menos seus ”pupilos”. Pelo contrário, dificultou e “encareceu” a vitória de seus adversários que, certamente irão dar a resposta no pleito de 2022.
Os primeiros passos a serem adotados por Mauro Carlesse em busca de um novo posicionamento político passam por uma imediata reformulação no seu governo, do primeiro ao quinto escalões e a abertura de diálogos que permitam a reconstrução de laços com outros grupos e lideranças, para facilitar a construção de uma candidatura sólida.
Caso persista com sua atual filosofia de governo, Carlesse corre o sério risco de se juntar aos políticos que resolveram agir da forma não recomendada nessas eleições municipais e acabaram subjugados pelas urnas e direcionados para a nefasta procissão rumo ao cemitério político.
OLHANDO A BANDA PASSAR
Enquanto isso, daqui, da nossa Porto Nacional, ficaremos só a observar a movimentação política e como vão se comportar líderes e partidos que não tiveram o resultado esperado nas urnas, seja como candidatos, seja como apoiadores, na formação de um governo de coalizão de forças políticas.
É bom deixar bem claro que esta análise aponta a fotografia do momento e que mudanças profundas estão por acontecer – ou não – dependendo do andar da carruagem. Os partidos que tiveram resultados pífios e os prefeitos que irão assumir em janeiro próximo, podem se unir, numa grande movimentação, em busca de uma legenda para “chamar de sua”, assumindo o comando e partindo em busca de parcerias que viabilizem seus governos, pois 86 municípios do Tocantins têm como principal fonte de renda apenas o FPM, com o qual mal conseguem manter a folha de servidores em dia.
Esses prefeitos certamente irão à Brasília buscar quem os “adote” já neste primeiro ano de gestão e dificilmente permanecerão nos partidos pelos quais se elegeram.