Por Edson Rodrigues
O ano letivo dos estudantes do 3º do Ensino Médio de algumas escolas públicas estaduais está comprometido. Para os alunos que sonhavam em se preparar para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), ou desejam prestar vestibular também.
Isso se deve a greve dos servidores públicos da educação, que foi deflagrada no dia 10 de agosto e continua, sem previsão para encerrar. Mais de 40 dias letivos deverão ser repostos, o que significa que os alunos estudarão no período das férias, dezembro de 2016 e janeiro, e fevereiro de 2017 para encerrar o período letivo referente a este ano.
De acordo com o Sintet (Sindicato dos Trabalhadores em Educação no Tocantins), a adesão dos professores a paralisação chega a 80%. Já a Seduc (Secretaria da Educação, Juventude e Esportes) contesta os dados afirmando que a greve não chegou a ter a adesão de 50% dos docentes.
Conforme a Seduc, por meio das DREs (Diretorias Regionais de Educação), a paralisação das escolas tem sido acompanhada diariamente, onde muitas instituições já optaram por retornar ao trabalho, mesmo sem aceitar a proposta oferecida pelo Governo do Estado. Ainda segundo dados da Secretaria, o calendário letivo será reposto conforme a realidade de cada escola, baseando no período em que ficaram paralisados.
Em inúmeras conversas informais, O Paralelo 13 concluiu que a greve no Tocantins tem sido considerada pelos alunos e pais dos estudantes “um ato irresponsável, desumano, descabível, e com finalidades políticas”. É comum ouvir depoimentos de frustrações por meio dos estudantes e pais, principalmente no interior do Estado que veem o sonho do ingresso de um filho a universidade, ser cada vez menor. As famílias tem se lamentado ao ver que a educação dos seus filhos está comprometida diante da paralisação que completará dois meses na próxima segunda, 10 de outubro.
Os professores, apesar de estarem buscando por seus direitos, não pensaram no bem estar social, tampouco nas consequências da greve para os estudantes e todos que estão envolvidos neste processo. Sequer cogitaram a hipótese de que eles precisam aprender, e que a educação é o único caminho para garantir o conhecimento, e o certificado de conclusão do ensino médio para o ingresso nas universidades, ou bons resultados no Exame Nacional, que tem se tornado um passaporte de acesso gratuito por meio da avaliação e notas.
Já os servidores, além da paralisação podem percorrer outros caminhos como mandados de segurança na Justiça para que seus direitos sejam cumpridos.
Resultados do Enem 2015
Após divulgar o resultado do Enem 2015 na terça-feira,4, onde a média nacional das escolas ficaram abaixo da meta na maioria das instituições no País, nesta quinta-feira, 6, o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), ligado ao Ministério da Educação e responsável pelo Exame anunciou que os resultados por escola na avaliação estão errados.
Conforme a divulgação, eles excluíram 96% dos institutos e centro federais de ensino. Com isso, das 100 escolas com maior nota média no Enem, 97 seriam privadas. A informação, porém, não era verdadeira. Por meio de Nota, o Inep afirmou que não há data para que o ranking correto seja divulgado, mas a previsão é que saia nos próximos 30 dias.
O ministro da Educação, Mendonça Filho, em entrevistas aos veículos de comunicação, nos últimos dias estava usando do argumento equivocado, para defender a MP 746 no qual busca a Reforma do Ensino Médio, realizada pelo presidente Michel Temer. O Ministro frisou que os resultados do Enem mostravam a necessidade de uma ação emergencial no ensino público no País.
A presidente do Inep, Maria Inês Fini, não manifestou nesta quinta-feira, 6, sobre o erro cometido pela instituição, uma vez que no dia 4, após a divulgação dos dados ela ressaltou que a nota abaixo da meta só reforçava a “imperiosa necessidade” da reforma do Ensino Médio, defendida pelo Presidente da República que será analisada pelo Congresso Nacional em um período de 120 dias.
Avaliação do Consed
Para o Consed (Conselho Nacional dos Secretários de Educação), a reforma do ensino público no ensino médio faz-se necessária, uma vez que possui diversos pontos positivos, mas o Conselho defende que algumas questões precisam ser reavaliadas. A MP trabalha quatro mudanças cruciais como alteração curricular, flexibilização, ensino médio em tempo integral e formação profissional.
Apesar de gradativa, o Consed defende que é importante avaliar os impactos e forma de implementação diante das peculiaridades das escolas, dentre eles os quesitos econômicas, estruturais, e regionais de cada região e unidade escolar.