Por Cinthia Abreu
A festa de aniversário do município de Arapoema, prevista para acontecer de 25
a 27 de novembro, está suspensa. O pedido consta na Ação da DPE-TO –
Defensoria Pública do Estado do Tocantins em desfavor do Município de Arapoema
e deferida pela Justiça nesta terça-feira, 22 de novembro. De acordo com o
defensor público Luiz Alberto Magalhães Feitosa, o Município passa por sérios
problemas orçamentários, sendo que houve cortes no fornecimento de
medicamentos básicos, redução da remuneração de servidores efetivos, alguns
ônibus escolares municipais encontram-se parados por falta de manutenção e a
construção de uma creche está inacabada.
O aniversário do município é datado de 7 de novembro e, além do cancelamento
da festa, o ajuizamento da demanda requer a apresentação de documentos,
visando obter informações sobre as relações jurídicas que envolveram as
festividades. “Pelo que se percebe, o poder público municipal tem como
prioridade o direito ao lazer em detrimento aos direitos básicos de saúde e
educação. Enquanto a população mais pobre e necessitada do Município passa por
situação de miséria, sem saúde e educação de qualidade, os parcos recursos do
Município são destinados à realização de festividades, que, sem sombra de
dúvidas, não podem estar em plano de superioridade em relação às políticas
públicas de saúde e educação”, considera o Defensor.
Decisão
A Ação de Tutela Cautelar em Caráter de Antecedente, com pedido de liminar em
desfavor do Município de Arapoema, pede a suspensão da festa que previa
animação de três bandas, show de motocross e premiação no valor de R$ 8 mil.
A Decisão determina a suspensão de festividades alusivas ao aniversário da
cidade até que sejam atendidas todas as demandas ou necessidades dos munícipes
abrigados sob tutela jurisdicional, conforme consta dos autos, bem como
regularizado o oferecimento do transporte escolar, sob pena de incorrer
desobediência e multa diária de R$ 1 mil ate o valor máximo de R$ 30 mil
reais, a contar da respectiva intimação.
Também foi designada audiência de conciliação para dia 24 de novembro, a fim
de se obter uma solução para o impasse, onde estarão reunidos Poder
Judiciário, Defensoria Pública e Município de Arapoema.
Entenda o Caso
No último mês de outubro de 2016, logo após as eleições municipais, vários
munícipes de Arapoema reclamaram acerca da suspensão no fornecimento de
medicamentos pela Secretaria Municipal de Saúde. A Defensoria Pública de
Arapoema ajuizou, somente no mês de outubro, seis demandas contra o Município
de Arapoema junto ao Poder Judiciário, a fim de que os enfermos necessitados
voltassem administrar os remédios imprescindíveis à saúde. Na ocasião, o Juízo
de Direito da Comarca de Arapoema concedeu tutela antecipada em caráter
antecedente, compelindo o Poder Público local a custear as carências
apresentadas pela Secretaria Municipal de Saúde, em obediência ao direito
constitucional à saúde. O motivo alegado pela prefeitura para deixar de
fornecer medicamentos básicos foi a contenção de despesas para se adequar às
regras da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Além disso, foi anunciada também a contenção de gastos com a Educação, tendo
reduzido a carga horária de trabalho e, consequentemente, a remuneração dos
professores. Ainda no campo da Educação, alguns ônibus escolares de Arapoema
estão parados por falta de conserto, causando prejuízo aos alunos da Zona
Rural, e a obra da Creche Municipal do Setor Cristal II está inacabada.