Máfia dos ônibus do Rio destruiu provas de pagamento de propina

Posted On Segunda, 03 Julho 2017 14:23
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Delações de doleiro Álvaro Novis e seu empregado revelam que esquema de mesadas para autoridades existe há quase três décadas; repasses somam R$ 260 mi

 

Com Veja oline e agências

 

A Polícia Federal (PF) cumpre, em parceria com o Ministério Público Federal (MPF), oito mandados de prisão nesta segunda-feira em mais um desdobramento da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro. O foco da ação é a cúpula do transporte rodoviário.

De acordo com as investigações, ao menos 260 milhões de reais em propina foram pagos pelos investigados a políticos do estado, que não foram identificados. A operação se baseia nas delações premiadas do doleiro Álvaro Novis e do ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), Jonas Lopes.

Agentes da PF estiveram no apartamento de Lélis Marcos Teixeira, presidente da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor), para cumprir mandado de prisão contra ele. Além de Teixeira, também é alvo de mandado de prisão Rogério Onofre, ligado ao Departamento de Transportes Rodoviários do Rio de Janeiro (Detro).

Uma delação premiada homologada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) revela que a máfia dos ônibus do Rio de Janeiro destruiu em março do ano passado planilhas que comprovavam o pagamento de propinas durante três décadas. A informação está na colaboração feita por Edmir Moreira Dantas, funcionário do doleiro Álvaro Novis, também delator. Ele conta que, após a 26ª fase da Operação Lava Jato, mais conhecida como Operação Xepa, o sistema de crédito e débito criado pela Federação das Empresas de Ônibus do Rio de Janeiro (Fetranspor) para contabilizar as operações com dinheiro sujo foi apagado. Na ocasião, a Polícia Federal começou a desvendar os pagamentos ilegais feitos pela Odebrecht para o marqueteiro João Santana e sua mulher, Monica Moura.

Edimar Dantas conta que o empresário de transporte José Carlos Reis Lavouras, dono da Companhia Viação Flores e membro da direção da Fetranspor, lhe indicava mensalmente os endereços para que os pagamentos fossem feitos. Havia duas contas operadas pela federação (a F/Sabi e a F/Netuno). As planilhas apagadas tinham seis colunas: a primeira coluna referia-se à data em que os recursos foram debitados ou creditados; a segunda e terceira, aos valores debitados e creditados pela Fetranspor; a quarta, ao saldo com o colaborador; a quinta coluna ao status do saldo – se positivo (“CR”) ou negativo (“DB”); e, por fim, a sexta  servia para que os operadores colocassem alguma observação a respeito da transação. Embora as planilhas tenham sido destruídas, um pen drive ainda guarda os detalhes das operações feitas entre 2010 e 2016. Prisão preventiva:     Jacob Barata Filho, empresário do setor de transportes, suspeito de ter recebido R$ 23 milhões em propina (preso)
    Rogério Onofre, ex-presidente do Departamento de Transportes Rodoviários do RJ (Detro), suspeito de receber R$ 44 milhões (preso)
    Lélis Teixeira, presidente da Federação das Empresas de Transporte do RJ (Fetranspor), suspeito de receber R$ 1,57 milhões (preso)
    José Carlos Reis Lavoura, conselheiro da Fetranspor, suspeito de receber R$ 40 milhões (está em Portugal e a PF acionará a Interpol para inclusão na difusão vermelha)
    Marcelo Traça Gonçalves, presidente do sindicato de ônibus e apontado como realizador dos pagamentos (preso)
    João Augusto Morais Monteiro, sócio de Jacob Barata e presidente do conselho da Rio Ônibus, suspeito de receber R$ 23 milhões (preso)
    Cláudio Sá Garcia de Freitas (preso)
    Márcio Marques Pereira Miranda (foragido)
    David Augusto da Câmara Sampaio (preso) Mandados de prisão temporária confirmados:     Carlos Roberto Alves (preso)
    Enéas da Silva Bueno (preso)
    Octacílio de Almeida Monteiro (preso)