MESMO AGONIZANDO E SEM APOIO DA BASE, TEMER RESISTE E NEGA RENÚNCIA EM PRONUNCIAMENTO

Posted On Sexta, 19 Mai 2017 06:02
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Com partidos aliados deixando o governo e entregando ministérios, presidente pede apuração rápida das acusações e diz não temer delação da JBS

 

Por Edson Rodrigues

 

O presidente Michel Temer embarcou na mesma “ferrovia” que levou a ex-presidente Dilma Rousseff ao impeachment.  Com a revelação dos áudios da delação do presidente do grupo JBS, Joesley Batista, a romaria dos partidos aliados de seu governo rumo à porta de saída começou forte, indicando a perda paulatina da governabilidade e eliminando qualquer condição de que se consigam aprovar as reformar propostas por sua equipe ministerial, carro-chefe de seu mandato.

 

A saída dos partidos da base de apoio ao governo Temer vem acontecendo com a entrega dos ministérios.  O primeiro a desembarcar foi Roberto Freire, presidente do PPS, que era ministro da Cultura.  O partido, porém, não deixou o ministério da Defesa por considerar a pasta “importante demais para ficar dem comando”.

 

O líder do PSDB no Senado, Paulo Bauer (SC), disse que a legenda só decidirá sobre a permanência no governo após reunião com o presidente da República, Michel Temer.

 

Segundo Bauer, o encontro vai acontecer ainda nesta quinta- feira. Os tucanos vão ao encontro sob a presidência interina do senador Tasso Jereissati (CE). Tasso assumiu o comando da sigla após Aécio Neves (MG) se licenciar da função para se defender das acusações na Operação Lava Jato.

 

“Nossos ministros continuam trabalhando, estão trabalhando. E nós não vamos tomar nenhuma providência com relação à permanência deles no governo ou não antes de termos uma conversa com o próprio presidente Michel Temer. Coisa que ainda vai acontecer hoje, comandada pelo senador Tasso Jereissati”, disse Paulo Bauer.

 

A população também se manifestou e, em pelo menos 29 cidades, incluindo Brasília, houve manifestações pedindo a enuncia de Temer.

 

REFORMAS

relator da proposta de reforma da Previdência Social, Arthur Maia (PPS-BA), divulgou uma nota nesta quinta-feira (18), sobre as denúncias envolvendo o presidente Michel Temer, na qual afirmou não há espaço para avançar com o projeto no Congresso.

 

Uma das principais prioridades do governo para este ano, a reforma da Previdência apresenta novas regras para a aposentadoria, entre as quais idade mínima de 65 anos para homens e de 62 anos para mulheres poderem direito ao benefício.

 

O parecer de Arthur Maia sobre a proposta foi aprovado na semana passada pela comissão especial que discutiu o tema e já está pronto para ser votado no plenário da Câmara.

 

"De ontem [quarta, 17] para cá, a partir das denúncias que surgiram contra o presidente da República, passamos a viver um cenário crítico, de incertezas e forte ameaça da perda das conquistas alcançadas com tanto esforço", diz trecho da nota.

 

"Certamente, não há espaço para avançarmos com a reforma da Previdência no Congresso Nacional nessas circunstâncias. É hora de arrumar a casa, esclarecer fatos obscuros, responder com verdade a todas as dúvidas do povo brasileiro, punindo quem quer que seja, mostrando que vivemos em um país em que a lei vale para todos", acrescenta o deputado.

 

Já o relator da reforma trabalhista nas comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e Assuntos Sociais (CAS) do Senado, Ricardo Ferraço (PSDB-ES), divulgou nota nesta quinta-feira (18) em que afirma que o calendário de análise da proposta está suspenso em razão da "crise institucional" que se instalou após a revelação de que o presidente Michel Temer foi gravado dando aval para a compra de silência ao ex-deputado Eduardo Cunha.

 

Pela previsão de governistas, a análise da proposta pelo Senado seria concluída até o dia 15 de junho, mas as denúncias que envolvem Temer devem atrasar esse andamento.

 

Entre outros pontos, a reforma estabelece regras para que acordos entre empresários e representantes dos trabalhadores passem a ter força de lei, o chamado "negociado sobre o legislado". O tema é uma das prioridades do governo Temer para o ano de 2017.

 

Parlamentares da oposição já falavam em paralisar a análise da medida, assim como, a votação da reforma previdenciária, que está em análise na Câmara.

 

Na nota, Ferraço chamou disse que a crise institucional é "devastadora" e que os parlamentares devem priorizar a solução do problema antes de dar continuidade à análise da reforma trabalhista.

 

"Na condição de relator do projeto, anuncio que o calendário de discussões anunciado está suspenso. Não há como desconhecer um tema complexo como o trazido pela crise institucional. Todo o resto agora é secundário”, afirma o senador tucano na nota.

 

LULA, DILMA, RENAN E SERRA

E, segundo os analistas políticos, a teia da JBS e o poder dos irmãos Joesley e Wesley Batista foram muito além do que foi divulgado até agora. Vão explodir nesta sexta-feira, delações que atingem mortalmente, pela ordem, os ex-presidentes Luis Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff (PT), o ex-presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB) e o ex-chanceler e ex-presidenciável José Serra (PSDB). Os valores são de tirar o fôlego e surgirão nomes que até aqui vinham passando ilesos.

 

Quem teve informações sobre o material informa que os tentáculos do grupo JBS não ficam a dever nada aos da Odebrecht, mas com uma diferença: o dono e os executivos da empreiteira decidiram fazer delação premiada depois de presos, já com capacidade limitada de produzir novas provas tão contundentes. Já os irmãos Batista estão há meses gravando seus interlocutores e pautando os monitoramentos da Polícia Federal.

 

O resultado é considerado devastador e arrasta para o fundo do poço não apenas o presidente Michel Temer e o senador Aécio Neves, pelas gravações liberadas  à noite nesta quinta-feira, mas o próprio mundo político. Esta sexta-feira será mais um novo dia para nunca ser esquecido na história brasileira.

As redes sociais dão o tom da insatisfação da população com a classe política e, por incrível que pareça, já há cidadãos pedindo a volta dos militares ao poder.  Uma citação do ex-presidente João Batista de Figueiredo, o “último general”, em que ele faz um prognóstico sobre a condução da democracia pelos partidos políticos, que ganhou ares  de “profecia”, já tem milhões de compartilhamentos.  Confira a imagem abaixo:

A “aeronave Brasil” voa sem radar, sem bússola e com o tanque de combustível vazando.  Tomara que, pelo menos o manche, esteja nas mão de Deus...

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