O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, defendeu nesta terça-feira (30) a regulamentação das redes sociais, com responsabilização por conteúdos falsos e taxação sobre os lucros das grandes plataformas digitais, conhecidas como big techs. A declaração ocorreu em entrevista exclusiva à Record News. O tema está em discussão no Congresso Nacional dentro do projeto de lei conhecido como “PL das fake news”.
Com Agências
“Por conta desse ambiente desregulado, que trouxe problemas da vida real para as pessoas, é que nós defendemos a regulamentação e a responsabilização das plataformas e big techs. Isso para criar normas para que elas [as plataformas digitais] possam ter mecanismos para retirar rapidamente esses conteúdos [fake news] do ar, além de também criar normas para que a sociedade tenha informações fidedignas, que as pessoas podem realmente acreditar”, declarou.
O ministro também criticou os lucros das grandes plataformas de mídias sociais no Brasil, afirmando que as empresas “ganham bilhões”, mas deixam pouca ou nenhuma contribuição aos cofres públicos.
“Hoje, por exemplo, as plataformas de streaming pagam apenas alguns tributos em torno da assinatura do usuário. No entanto, consomem cerca de 80% a 90% do tráfego de dados do país. Isso sendo que o ministério e as empresas do setor de telecom investem muitos recursos na infraestrutura. Elas [as big techs] usam esse tráfego de dados de forma muito significativa, mas não pagam praticamente nada”, afirmou.
Segundo o chefe da pasta das Comunicações, o governo deve trabalhar em 2024 para a aprovação do projeto de lei que regulamenta as plataformas das redes sociais, atualmente em discussão na Câmara dos Deputados.
A proposta prevê regras de uso, gestão e punições no caso de divulgação de informações falsas. O texto estabelece prisão de um a três anos e multa a quem promover ou financiar a disseminação em massa de mensagens que contenham “fato que se sabe inverídico” e que possa comprometer a “higidez” do processo eleitoral ou causar dano à integridade física de agentes públicos.
Além disso, as plataformas terão de publicar regularmente relatórios semestrais de transparência, com informações sobre a moderação de conteúdo falso.
Na proposta, há ainda um capítulo específico sobre segurança infantil. O texto obriga as plataformas a estabelecer níveis de proteção de dados e impedir o acesso a determinados serviços, além de proibir o uso dos dados desse público para a criação de conteúdos personalizados. Outro ponto da proposta prevê a remuneração do conteúdo jornalístico profissional replicado pelas plataformas digitais, como já ocorre na Austrália.