Desde a organização das sociedades que um ditado popular flutua nos ares envenenados dos palácios e se alastram em sussurros repetitivos aos governantes e seus bajuladores: “diz-me com quem andas, que te direi quem és”. Certamente não é bíblico, mas remete a uma passagem "santa" alusiva à Judas Iscariotes, que traiu Jesus. Da Bíblia extraímos outra verdade absoluta: “não se deixem enganar: as más companhias corrompem os bons costumes”. As citações acima, quando não foram traduzidas em atos e ações, sobreviveram em rodapés de compêndios históricos⁹, ao contrário de impérios e reinos que sucumbiram sob ⁷o emaranhado de redes de intrigas e traições
Por Edivaldo Rodrigues (interino)
Não é nossa intenção fazer verdade o escritor americano Mark Twain, que afirmou que "a história não se repete, mas rima por vezes”, o que não está imune o atual cenário político tocantinense. Isso porque o governador Wanderlei Barbosa tem uma série de "perigos" que o cercam, comuns a quem se aproxima do fim do mandato, período em que se tece a famigerada teia de intrigas e traições.
Atiçando os perigosos ares palacianos, lá estão eles, os “Judas”, pessoas que se valem da proximidade do poder, se dizendo amigos, aliados ou companheiros para, na hora certa, dar o bote e abandonar aquele que vai deixar o poder para começar a fazer os “rapapés” para se aproximar do próximo governante.
A pergunta não é nem quem serão os “Judas” da atual gestão, mas quantos serão os Judas neste momento de definições sobre apoios às pré-candidaturas a prefeito nos 139 municípios tocantinenses. O Paralelo 13, dentro do seu estilo jornalístico ético e sério, traz uma radiografia dos diversos movimentos políticos que agitam os bastidores da sucessão municipal de outubro, que podem levar o Palácio Araguaia a sair “manco” com os resultados nos 15 maiores colégios eleitorais do Tocantins, com a participação de “companheiros” e “aliados” do grupo palaciano em palanques de adversários, sem nenhum pudor em “beber da fonte” do governo estadual e buscar votos para adversários notórios.
Gestão Wanderlei Barbosa: passado, presidente e futuro
Dono de uma carreira pública invejável, que começou como vereador da sua cidade natal, Porto Nacional, presidente da Câmara Municipal de Palmas, deputado estadual, vice-governador e governador reeleito, Wanderlei Barbosa sabe muito sobre e conhece todos os homens e mulheres da política tocantinense, seus defeitos, qualidades e virtudes. Sabe também das manhas, artimanhas e do desatar dos novelos guardados na alma de quem faz a boa política, como também daqueles que exalam o odor da "picaretagem".
Com uma aprovação popular acima dos 80% e reconhecido pelo povo como governador curraleiro, Wanderlei Barbosa também sabe que, em momento algum, isso lhe garante um fim de mandato confortável, pois é exatamente nessa situação em que os puxa-sacos, “baba ovos”, fofoqueiros, bobos da corte e outras denominações dos “amigos do poder”, tentam cegar o gestor a quem servem, falando e encenando maravilhas que beneficiem a si próprios, encobrindo perigos e situações que podem prejudicar a gestão, contaminando não só o governante, mas, também, seus auxiliares diretos e até membros da família.
Até hoje, nenhum dos governadores que antecederam Wanderlei Barbosa conseguiu escapar desse “canto da sereia”.
Por ter conseguido enquadrar o Estado do Tocantins nos trilhos do desenvolvimento e do progresso, colocando em dia as finanças públicas, buscando parcerias com o Governo Federal, além de consolidar parcerias administrativas com os 139 municípios Tocantinenses, independentemente da cor partidária.
Wanderlei também atuou para unir a classe política, recebendo todos os prefeitos e prefeitas em seu gabinete, visitando constantemente os município, independentemente da linha partidária do gestor, além de manter um ótimo relacionamento político com os congressistas em Brasília, com exceção do senador Irajá Abreu, que espontaneamente elegeu o governador seu inimigo número um, com denúncias infundadas no plenário do Senado, nos principais organismos das Justiça brasileira federal, nos tribunais e na cortes superiores, contribuindo descaradamente para denegrir a imagem do Tocantins.
O desempenho do governador do Estado do Tocantins tem sido elogiável e exemplar, e o colocam em condições plenas de partir para a disputa pelo Senado, como é sua intenção, se desincompatibilizando do cargo de governador no prazo legal. Mas, para garantir que essa transição ocorra de forma tranquila e organizada, como o próprio Wanderlei Barbosa o é, são necessários alguns cuidados, que impeçam que ele incorra no mesmo erro dos seus antecessores.
Excesso de democracia
Na vida cristã existem três princípios determinantes para um dia a dia tranquilo: rotina, regras e normas. Nenhum desses três princípios tem sido praticado pela maioria dos “aliados” e “companheiros” de Wanderlei Barbosa, principalmente quando o tema é a sucessão municipal deste ano.
O excesso de democracia aplicado à gestão do curraleiro Wanderlei Barbosa, acaba deixando um grande vácuo quando se trata de reciprocidade por parte de alguns membros, que estão agindo exatamente como o registrado pelo Observatório Político de O Paralelo 13 em seus arquivos, quando os ex-governadores do Tocantins acabaram sendo “fritos em gordura fria” ao fim de seus mandatos.
Até o momento, nos bastidores políticos, o que se percebe é que poucos que se dizem parte do grupo político palaciano têm seguido as orientações ou os posicionamentos de Wanderlei Barbosa em relação às eleições municipais que se aproximam, mostrando um comportamento dúbio, de duas caras, digno de “Judas”, se aproveitando do poder do gestor até o último momento para, no fim, traí-lo por “30 dinheiros”.
Até as convenções partidárias ajustes podem e devem ser feitos e os resultados das urnas darão ao governador Wanderlei Barbosa a possibilidade de, finalmente, desmascarar os “Judas” que orbitam seu gabinete por puro interesse político, sem nenhuma intenção de contribuir para o futuro político do atual ocupante da cadeira principal do Palácio Araguaia.
Aguardemos...