Hoje, 17 de julho de 2024, as páginas envelhecidas do sublime livro da história, panteão em que se registram os feitos dos homens bons, também foram umedecidas pelas lágrimas da saudade, expressando a comoção de um povo pela morte de um dos seus mais admirados líderes: Totó Cavalcante
Por Edivaldo Rodrigues
Totó Cavalcante sai da vida com a honra de um líder que viverá em seus exemplos. Certamente seu corpo voltará ao barro de onde foi forjado, a ferro e fogo, o que permitiu sua tenacidade guerreira, preparada para os embates cotidianos em defesa das causas cidadãs. Entre essas causas, destacou-se a luta que ajudou a romper os grilhões que prendiam seu povo pobre e abandonado, no norte de Goiás, aos interesses serviçais dos sulistas ricos e opressores, resultando na criação do Estado do Tocantins.
Por essa causa, Totó Cavalcante teve dedicação extremada. Armado de voz e ideias transformadoras, lançou-se no campo das batalhas, impondo-se como um homem de luta visionária, edificando cotidianamente um Tocantins de sonhos seculares.
Mesmo desmerecidamente ofuscado pela bruma cinzenta dos que se lambuzaram no poder pelo poder, aqueles que trataram os destinos dos tocantinenses nos calabouços das conveniências não conseguiram diminuir a grandeza de Totó Cavalcante. Ele continuou sua jornada na busca de uma sociedade mais justa e igualitária.
Nessa caminhada admirável pelas ruas do seu Tocantins, pelos palácios e tribunas legislativas, e na convivência de iguais nas periferias das cidades, Totó Cavalcante sempre foi Totó Cavalcante, com o brilho nos olhos e o sorriso nos lábios, libertando uma voz potente a expressar certezas, fraternidade e bem-querença.
Totó Cavalcante, enquanto deputado estadual por Goiás, percorria pensões, hotéis e pousadas, naquela Goiânia dos anos 1980, em busca de prefeitos do norte goiano que necessitavam de um amparo político/parlamentar. No Senado Federal, ele foi o mesmo, sempre se dando por inteiro para diminuir os sofrimentos do seu povo e qualificar o desenvolvimento que sempre sonhou para o Tocantins.
Nessa entrega obstinada, simbolizada em atos extremos como uma greve de fome contra a intransigência do então presidente José Sarney em não criar o Estado do Tocantins, sua "síndrome de Ícaro" de querer voar seus aeroplanos desengonçados não o impediu de ser um filho exemplar, irmão admirado, esposo amoroso e pai respeitado e amado. Certamente um homem de ideias, de lutas e, principalmente, de família.
É por isso e muito mais que hoje o Tocantins amanheceu mais pobre e desfalcado de uma de suas mais expressivas personalidades públicas, que por décadas enriqueceu e fortaleceu a jovem história social, cultural, econômica e política da sociedade tocantinense.
Descanse em paz, meu amigo!