Operação teve mandados de prisão transformados em busca e apreensão pela Justiça
O mandado de prisão temporária dos envolvidos na Operação Zelotes pedidos originalmente pela Polícia Federal (PF) e a Procuradoria da República, transformou-se em mandados de busca e apreensão. O jornal Correio Braziliense teve acesso ao documento original com todos os nomes dos conselheiros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), além de advogados e consultores envolvidos no escândalo. O esquema de corrupção nos órgãos pode fazer com que a o da Petrobras pareça pequeno, segundo artigo publicado na revista britânica The Economist desta semana. Se as fraudes forem comprovadas, as sonegações fiscais podem atingir R$ 19 bilhões, quase o dobro do que apura a Operação Lava-Jato.
A relação da Polícia Federal:
José Ricardo da Silva, que é denominado no pedido da PF e da Procuradoria como “um dos principais responsáveis pelo esquema de corrupção que envolve alguns de seus sócios e conselheiros do CARF, segundo a Justiça.
Jorge Victor Rodrigues (conselheiro do CARF e sócio da Consultoria Empresarial
Lutero Fernandes do Nascimento
Eduardo Cerqueira Leite
Jeferson Ribeiro Salazar
Meigan Sack Rodrigues (conselheira do CARF)
Wagner Pires de Oliveira (Procurador da Fazenda Nacional)
Escritórios de advocacia:
Jorge Victor Rodrigues
Leonardo Siade Manzan ( também ex-conselheiro do CARF)
Jefferson Ribeiro Salazar
Wagner Pires de Oliveira
João Inácio Puga
Edizon Pereira Rodrigues
Tharyk Jaccoud Paixão
José Ricardo da Silva
João Batista Guginski
Adriana Oliveira e Ribeiro
Eivany Antonio da Silva
Eivanice Canário da Silva
Essas pessoas estão relacionadas “sobre fatos criminosos em apuração”segundo o mandado.
O presidente do CARF, Carlos Barreto, procurado pela reportagem, disse que não estava autorizado a falar e a pauta seria atendida pela Secretaria da Receita Federal (SRF). Ontem, no começo da noite, a secretaria saiu em defesa dos funcionários do CARF ao divulgar nota onde afirma que “não há indício nos autos que apontem o envolvimento de servidores nas irregularidades” descobertas na Operação Zelotes.
Valor sonegado ultrapassa Lava Jato
O prejuízo aos cofres públicos com o esquema deflagrado na Operação Zelotes pode “apequenar” o total desviado no caso de corrupção na Petrobras. A informação é da revista inglesa The Economist, em reportagem publicada esta semana, que aponta que os valores em impostos sonegados da Receita Federal ultrapassa R$ 19 bilhões.
Essa quantia oito vezes maior do que a corrupção na estatal. A força-tarefa da Operação Lava-Jato calcula que R$ 2,1 bilhões foram desviados da empresa.
Em apenas cinco processos investigados até agora, foram contabilizados R$ 5,7 bilhões em impostos atrasados e multas de empresa, quase o dobro dos pagamentos feitos no esquema de corrupção descoberto pela Operação Lava Jato, da Política Federal. “Esse valor é aproximadamente o dobro dos supostos desvios do esquema de corrupção envolvendo a Petrobras”, disse a revista. Segundo a publicação, esse montante pagaria 74% dos gastos com a Copa do Mundo no Brasil.
A Operação Zelotes, deflagrada pela PF na quinta-feira (26), apresenta uma lista com mais de 70 empresas envolvidas no esquema de sonegação de impostos.
Entretanto, a mídia brasileira não tem abordado o caso com a mesma exaustão que a Operação Lava Jato. Até o momento, não há indícios de que políticos estejam envolvidos no esquema. Os protagonistas dessa vez são empresários e o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), órgão do Ministério da Fazenda responsável por julgar recursos de contribuintes autuados pela Receita Federal.
A Folha de S. Paulo divulgou, na quarta-feira (1º/4), com exclusividade, o nome de 12 empresas envolvidas no esquema de sonegação de impostos. São elas: os bancos Santander, Safra e Bradesco; as companhias Cimento Penha, Boston Negócios, J.G. Rodrigues, Café Irmãos Julio e Mundial-Eberle; as montadoras Ford e Mitsubishi; o grupo Gerdau; e a maior afiliada da rede Globo, a RBS.
Todas as empresas citadas pelo Estadão disseram ao jornal desconhecer as denúncias ou se negaram a comentar o caso.
Abaixo, a lista de débitos investigados de algumas das empresas, segundo o Estadão:
Santander - R$ 3,3 bilhões
Bradesco - R$ 2,7 bilhões
Gerdau - R$ 1,2 bilhão
Safra - R$ 767 milhões
RBS - R$ 672 milhões
Camargo Corrêa - R$ 668 milhões
Bank Boston - R$ 106 milhões
Petrobras - R$ 53 milhões
Com informações do Correio Brasiliense, Estadão e da Redação