Se no primeiro turno das eleições presidenciais deste ano os institutos de pesquisa foram “incapazes de notar uma movimentação de eleitores em favor de Bolsonaro, por conta do enfraquecimento da ideia de uma terceira via”, como afirmou a CEO do Ipec, Márcia Cavallari Nunes, ao admitir que os levantamentos de 90% dos institutos não souberam traduzir a opinião do eleitorado, agora, no segundo turno, pelo menos, todos estão tratando de colocar as candidaturas de Lula e de Bolsonaro em um mesmo patamar de competitividade, evitando a possibilidade de se expor ao “inesperado”.

Por Luciano Moreira

Ipec (o que restou do Ibope), Paraná, Ideia e outros institutos nacionais, divulgaram nos últimos dias pesquisas que trazem Bolsonaro e Lula “empatados tecnicamente”.  Ou seja, com o uso da “margem de erro”, uma moda que começou de dez anos para cá, os dois concorrentes à presidência da república podem ser eleitos, sem a possibilidade de deixar qualquer desses institutos com “cara de bobo”.

O certo é que, assim como no primeiro turno, o desempenho de Jair Bolsonaro segue um viés de alta, enquanto Lula estacionou nos percentuais obtidos no primeiro turno, e o clima no QG petista não é nada bom.

SEM PROPOSTAS

A campanha de Lula (foto), nos últimos 10 dias, tem se concentrado em apontar o dedo para os atos tresloucados de Bolsonaro, com acusações, inclusive, de pedofilia e canibalismo, se utilizando da descontextualização de falas do presidente de forma tão leviana que até o TSE, tão criticado por Bolsonaro, mandou o PT tirar suas acusações do Horário Gratuito de Rádio e TV.

Enquanto isso, a campanha de Bolsonaro continua batendo na tecla da corrupção ocorridas nos governos do PT, sempre associando o nome de Lula à palavra “ladrão”.

Ou seja, o eleitorado brasileiro que já se mostrou devidamente polarizado entre Lula e Bolsonaro, agora vem sendo mais provocado ainda a se posicionar, acirrando a disputa e o clima nas ruas, praças, bares e comércios, colocando vidas em risco.

BOLSONARO MUDA O TOM

Enquanto o QG de Lula usa até a nova esposa de Lula, Janja, como “descobridora de fala infames de Bolsonaro”, o atual presidente já mudou o tom do seu discurso, pediu desculpas por palavras rudes e, com isso, vem revertendo votos que havia perdido, inclusive no Nordeste, onde Lula ganhou por larga margem.

Jair Bolsonaro está gravando vídeos personalizados para municípios considerados estratégicos pela campanha para virar votos e ganhar a eleição. Eles estão sendo distribuídos a políticos aliados. A ideia é encaminhar por aplicativos de mensagens e exibir em redes sociais.

A mensagem central é a mesma. Bolsonaro diz que essa eleição não trata, apenas, de escolher um presidente, e sim ” um Brasil que estamos construindo, de liberdade, respeito e prosperidade. Em aceno a mulheres e moderados, o presidente faz um mea culpa em relação aos palavrões que fala.

“Posso nem sempre usar as palavras certas, mas o que eu desejo é o mesmo que você: viver com dignidade, andar na rua sem medo, garantir o sustento das nossas famílias e proteger a inocência das nossas crianças. Se minhas palavras estão te impedindo de fazer a escolha certa, eu humildemente, te peço perdão”, declara.

Ele aproveita, ainda, para reforçar o seu número na urna.

De acordo com a campanha, Bolsonaro está gravando os nomes personalizados dos municípios aos poucos. Há prioridade para cidades do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo, os maiores colégios eleitorais.

Juiz de Fora, por exemplo, é tido como prioritário pelo simbolismo de ter sido onde Bolsonaro foi esfaqueado, na campanha em 2018. Lá, O presidente ficou atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por 45 mil votos.

Agora é aguardar as próximas pesquisas e tentar decifrar o que é real do que é apenas “margem de erro”.

Tá difícil, hein!!!