A Petrobras anunciou nesta quinta-feira não irá apresentar seus balanços contábeis do terceiro trimestre de 2014, o que estava previsto para amanhã, por causa das denúncias de corrupção que estão sendo investigadas na Operação Lava Jato.
A estatal brasileira de petróleos e gás Petrobras, em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), informa que não irá apresentar nesta sexta-feira as demonstrações contábeis do terceiro trimestre de 2014. O adiamento é consequência da crise aberta após denúncias de corrupção e outros crimes.
Em meio a suspeitas de corrupção e de uma investigação que estaria sendo conduzida pela Justiça norte-americana, a Petrobras anunciou na noite desta quinta-feira que só pretende divulgar seu balanço financeiro de terceiro trimestre em 12 de dezembro, depois do prazo limite desta sexta-feira. Como justificativa para a decisão, a estatal informou que as empresas de auditoria que contratou precisam de mais tempo para aprofundar análises sobre as denúncias do ex-diretor de abastecimento da companhia Paulo Roberto Costa no âmbito da Operação Lava Jato, da Polícia Federal.
De acordo com o comunicado divulgado pela estatal, "a companhia não está pronta para divulgar as demonstrações contábeis referentes ao terceiro trimestre de 2014 nesta data". Apesar de a Petrobras ter divulgado o comunicado ao mercado após o fechamento do pregão na Bolsa de Valores de São Paulo, as ações da estatal ampliaram perdas no final do pregão em meio a crescentes receios dos investidores de que a companhia não entregaria seu balanço trimestral até esta sexta-feira. Os papéis encerraram em queda de 3,61%, a 13,60 reais, arrastando o Ibovespa para uma queda de 2,14%.
A Petrobras contratou os escritórios de advocacia Trench, Rossi e Watanabe Advogados, do Brasil, e Gibson, Dunn & Crutcher, dos Estados Unidos, especializados em investigação, para apurar as denúncias de irregularidades que rondam a empresa. A contratação dos dois escritórios foi anunciada no final de outubro, com o objetivo de investigar desvios de recursos da companhia citados pelo ex-diretor.
Na operação Lava Jato, a Polícia Federal ouviu de Paulo Roberto Costa que grandes empresas fecharam contratos com a Petrobras durante anos com sobrepreço médio de 3%, e que a maior parte do dinheiro foi repassada para partidos como PT, PP e PMDB. O ex-diretor disse à Justiça Federal, sob acordo delação premiada, que cerca de dez "grandes empresas" realizavam um processo de "cartelização" nos acordos de fornecimento à Petrobras.
Em viagem ao exterior, a presidenta Dilma Rousseff minimizou, na quarta-feira, a notícia de que a estatal estaria sendo investigada nos EUA, publicada pelo jornal Financial Times, e se limitou a afirmar que “a Petrobras está cotada na bolsa de Nova York e faz parte das regras do jogo ser investigada [...] os Estados Unidos devem investigar se existem cidadãos norte-americanos envolvidos em alguma irregularidade”.
Com informações do Estadão conteúdo