Além de Jair Bolsonaro, importantes figuras do primeiro escalão do governo dele devem ser responsabilizadas, como o ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto e o general Augusto Heleno, chefe do GSI
Com Estadão
A Polícia Federal (PF) deve apresentar, nesta quinta-feira (21), ao Supremo Tribunal Federal (STF), o pedido de indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Segundo informações da agência de notícias Reuters, com base em fontes da PF, Bolsonaro também deve ser indiciado por outros crimes.
A lista de possíveis indiciados abrange importantes líderes políticos, militares e ex-assessores presidenciais. Relatório deve ser concluído nas próximas horas.
O relatório final, depois de quase dois anos de investigações, terá mais de 800 páginas e vai propor que o ex-presidente – tido como peça-chave na trama golpista – seja responsabilizado criminalmente por tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de direito e organização criminosa.
Segundo a Reuters, além de Bolsonaro, importantes figuras do primeiro escalão do governo dele devem ser responsabilizadas, como o companheiro de chapa na disputa presidencial de 2022 e ex-ministro da Casa Civil, general Walter Braga Netto; o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno; o ex-ministro da Defesa general Paulo Sérgio Nogueira, e mais cerca de 40 pessoas.
Próximos passos
A finalização das investigações sobre Bolsonaro e demais envolvidos na suposta tentativa de golpe de Estado para impedir a posse do então presidente eleito, Lula, seguirá para o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que repassará ao procurador-geral da República, Paulo Gonet.
Caberá a Gonet, como chefe do Ministério Público Federal (MPF), decidir se denuncia criminalmente, se arquiva a apuração por falta de provas ou se pede diligências complementares.
A iniciativa da PF ocorre dois dias depois de a corporação ter deflagrado uma operação em que prendeu um policial e quatro militares do Exército — um deles um general que foi ministro interino de uma pasta no Palácio do Planalto sob Bolsonaro — por terem supostamente arquitetado um plano para assassinar Lula e seu então candidato a vice, Geraldo Alckmin (PSB), além do ministro Moraes, do STF.
Bolsonaro se tornou investigado pelo STF no caso da suposta tentativa de golpe, a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), cinco dias após os ataques de 8 de janeiro de 2023 às sedes dos Três Poderes, em Brasília, com o objetivo, segundo a PF, de derrubar o governo Lula.
Além da investigação sobre a tentativa de golpe de Estado, Bolsonaro já foi indiciado pela PF em outros dois casos: a suspeita de fraude no cartão de vacinação contra a Covid-19 e na investigação sobre apropriação indevida de joias recebidas como presente de Estado do governo saudita.