Kátia Abreu, informou que ela e os outros cinco ministros do PMDB decidiram permanecer no governo sem se licenciar do partido
Por Edson Rodrigues e Luciano Moreira
Kátia Abreu afirmou, ontem, que todos os ministros peemedebistas colocaram seus cargos à disposição da presidente Dilma Rousseff caso ela necessite das pastas para negociar com outros partidos aliados.
Na rede socialTwitter, a ministra diz que fica no partido e no governo, apesar dos apelos da ala controlada pelo vicepresidente, Michel Temer, pelodesembarque total do governo. “Continuaremos no governo e no PMDB. Ao lado do Brasil no enfrentamento da crise”, disse a ministra.
“Deixamos a presidente a vontade caso ela necessite de espaço para recompor sua base”, afirmou. “O importante é que na tempestadeestaremos juntos”, concluiu.
Com essa estratégia, ela e os outros ministros se aproximam do grupo do PMDB controlado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros(PMBDAL), que tem assumido uma postura contrária ao impeachment. De todos os ministros do PMDB, apenas Henrique EduardoAlves, que ocupava o ministério do Turismo, deve continuar de fora. Ele havia se demitido na última segundafeira,28.
Apesar de já estar em vigor a determinação para se desligarem da Esplanada, Kátia Abreu, Celso Pansera e Marcelo Castro participaram, ontem, do evento de lançamento da terceira fase do programa Minha Casa, Minha Vida no Palácio do Planalto. Na solenidade, os três ministros do PMDB se recusaram a falar com a imprensa.
Em reunião com os seus 6 ministros do PMDB, a presidenteDilma Rousseff pediu “um tempo” para decidir o que fará com essas pastas. Apetista acredita que terá de usar algumas vagas para distribuir a outras legendasque possam ajudá-la a deter o processo de impeachment na Câmara.
A impressão dos ministros é que a presidente pretende tomar uma decisão até 6ªfeira Na reunião de hoje, foi informada que apenas 15 dos 68 deputados do PMDB vãoajudá-la a barrar o impeachment. No Senado, a bancada de 18 cadeiras dá só 8votos a Dilma, daí a importância de que Kátia Abreu deixe o ministério da Agricultura e retorne ao Senado para reforçara a base de Dilma.
“REPACTUAÇÃO DO GOVERNO''
O ministro Jaques Wagner (chefe de Gabinete da Presidência) tem usado essaexpressão (“repactuação do governo'') para se referir à redistrubuição de cargosfederais que estão com o PMDB –partido que abandonou oficialmente DilmaRousseff nesta semana.
Além dos 6 ministérios, o PMDB ocupa mais de 1.000 cargos federais. É esseespólio que está sendo oferecido a partidos como PP, PR e PSD, para que formemuma coalizão de siglas médias e entreguem votos a favor do governo e contra oimpeachment
Algo muito grave está acontecendo no comando da Força Nacional de Segurança, que perdeu seu terceiro comandante em menos de um ano. O último foi o coronel Adilson Moreira, que ficou no cargo apenas 45 dias.
O jornalista Lauro Jardim reproduziu a íntegra de email de Moreira comunicando sua decisão a integrantes da FN. No texto, ele diz que pediu demissão por "conflito ético", se disse envergonhado e acusou o governo, Dilma inclusive, de não ter escrúpulos.
"Não está interessada no bem do país, mas em manter o poder a qualquer custo."
Leia a nota na íntegra:
"Minha família exigiu minha saída, pois não precisa ser muito inteligente para saber que estamos sendo conduzidos por um grupo sem escrúpulos, incluindo aí a presidente da República. Me sinto cada vez mais envergonhado. O que antes eram rumores, se concretizaram.
A nossa administração federal não está interessada no bem do país, mas em manter o poder a qualquer custo. Como o compromisso era de não causar solução de continuidade, solicitei para a secretária apontar em alguns dias um substituto."
“MOTIVOS DE SOBRA PARA IMPEACHMENT”
Uma das autoras do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, a jurista Janaina Paschoal abriu suaapresentação na comissão do impeachment, ontem rebatendo a afirmação de que impeachment sem crimefundamentado é golpe. "Estamos diante de um quadro em que sobram crimes de responsabilidade", acusou Janaina, para um plenáriolotado.
A jurista disse que os eleitores foram vítimas de um golpe e que governo criou um ambiente de falsa sensação de estabilidade. "Vítimas degolpe fomos nós", declarou.
Janaina afirmou que há configuração de um "quadro omissivo doloso da presidente", principalmente no que se refere às denúncias decorrupção na Petrobrás. Sobre as pedaladas fiscais, tema principal do pedido de afastamento da presidente, a jurista ressaltou que foiutilizado dinheiro de bancos públicos "sem ter condições, sem ter arrecadação". Ela enfatizou que o governo fez operações de crédito cominstituições financeiras controladas de forma irregular.
Assim como o jurista Miguel Reale Jr., Janaina também foi interrompida algumas vezes em sua apresentação por deputados alinhadoscom o Palácio do Planalto. "Se tomaram empréstimos de instituições controladas e se fez isso em um número de operações justamente noano eleitoral. Isso é importante para nossa denúncia. Isso caracteriza a fraude eleitoral. Na população, se criou um sentimento desegurança financeira e fiscal que já não havia", pontuou.
Para a jurista, o eleitorado foi iludido ao acreditar que tudo que estava sendo prometido em campanha seria cumprido, enquanto haviauma "sangria do lado de lá". Ela também questionou a fonte de financiamento de campanhas no exterior e a indicação do marqueteirodo PT João Santana para esses trabalhos. "Quem pagou essa conta?", ponderou.No final de seu discurso, a jurista voltou a dizer que "o povo foi enganado" e que não lhe é agradável a pecha de "golpista". "Não éconfortável esse sentimento que estamos praticando um golpe", afirmou.