Porto Nacional celebra amanhã, 13 de julho, 163 anos de Emancipação Política e quase três séculos de história. O município segue soberano em uma trajetória desenvolvimentista, externando sua importância econômica, política, social e cultural no Tocan

Posted On Quinta, 11 Julho 2024 07:59
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Quando o Capitão Antônio Sanches saiu da capital Vila Boa de Goiás, na primeira metade do século XVII, com a missão de proteger as terras do norte daquela Capitania, jamais imaginou encontrar as nações Xavante e Xerente, unidas de forma belicosa na defesa de seus territórios, e ser obrigado a travar batalhas sangrentas buscando proteger o acanhado vilarejo de Pontal, que ele fundou; salvar sua vida, a família e o seu pequeno exército. Não adiantou essa simbólica bravura, pois do massacre sobraram somente alguns integrantes daquele minguado grupo, que a nado alcançaram as ribanceiras da margem direita do tenebroso rio Tocantins de então

 

 

Por Edivaldo Rodrigues

 

Foi com a iniciativa desses sobreviventes do dizimado povoado do Pontal, associados aos desesperançados mineradores das decadentes minas de ouro de Monte do Carmo, que aquela localidade, com casebres lambidos pelas águas do Rio Tocantins e uma agricultura de subsistência, se consolidou um pequeno povoado, liderado pelo barqueiro lusitano Félix Camoa. E de lá, até aqui, numa longa travessia, celebramos então, nesse 13 de julho de 2024, uma Porto Nacional pujante, que se orgulha da trajetória de 163 anos de Emancipação Política e quase três séculos de história - (286 anos).

 

Vista aérea de Porto Nacional banhada pelo Lago Luiz Eduardo Magalhães

 

Mas, nessa caminhada histórica, passo a passo e numa luta cotidiana, essa imponente cidade não se forjou sozinha. Devemos muito a centenas de lendárias figuras humanas que se envolveram na construção dessa sociedade, erguendo pedra sobre pedra, tijolo a tijolo, a Porto Nacional que hoje admiramos e amamos desmedidamente.

 

Porto Nacional com sua economia  muito tem colaborado para o crescimento econômico do Estado

 

Foi com um singular idealismo que esses homens e mulheres entregaram suas vidas e seguiram trabalhando através da linha do tempo para fortificar os pilares de sustentação desse aglomerado humano, sempre seguindo adiante, até aquela manhã ensolarada (há registros nos compêndios), do dia 13 de julho de 1861, quando o presidente da Província de Goiás, José Martins Alencastro, no seu gabinete no Palácio Conde dos Arcos, na cidade de Goiás, assinou a Resolução n° 333, concedendo o Diploma de Emancipação Política a Porto Nacional, que nasceu como o maior município do mundo.

 

Sua extensão, de norte a sul, de leste a oeste, tinha uma abrangência gigantesca, área que se esparramava de Porangatu a Rio dos Bois e de Cristalândia a Ponte Alta, o que permitiu a criação de mais de uma dezena de outros municípios, como exemplo mais importante, o de Palmas, que por sua localização geográfica aliada a outros fatores socioeconômicos, impacta positivamente no crescimento do mais importante distrito de Porto Nacional, Luzimangues, que já tem potencial para ser emancipado politicamente.

 

Nova ponte de Porto Nacional inaugurada no dia 14 de junho de 2024

 

Hoje, Luzimangues conta com quase 30 mil habitantes e mais de 8 mil eleitores. Se for desmembrado, já receberá seu Diploma de Emancipação Política como a oitava maior cidade do Tocantins, com muitas potencialidades, inclusive turísticas, proporcionadas pelo Lago Luiz Eduardo Magalhães, que possui uma extensão total de 172 km, compreendendo uma área de 626 km² e profundidade que varia entre 3 e 22 metros, e que também banha Porto Nacional.

 

Passados 163 anos daquela histórica solenidade, rememorada e celebrada nesse 13 de julho de 2024, por expressivas autoridades constituídas do município, do Estado e da União, requer lembrar que só chegamos até aqui como referência política, econômica, social e cultural no Tocantins porque muitos fatos foram decisivos e contribuíram para isso naquele passado distante, sendo um deles a chegada da Missão Dominicana, que no dia 20 de maio de 1886 desembarcou nessas terras de Félix Camoa.

 

Catedral de Nossa Senhora das Mercês - Construída entre 1893 e 1904

 

Oriundos do Convento de São Maximin, um castelo medieval fincado nos rochedos do norte da França, desde o século XI, esses Filhos de São Domingos receberam da Cúria Romana uma missão evangelizadora, mas aqui se entregaram na edificação de um legado mais abrangente. Além de disseminar os princípios de sustentação da Igreja Católica, construíram a simbólica Catedral de Nossa Senhora das Mercês, o Seminário São José, o Palácio Episcopal e várias renomadas escolas.

 

Costumo reverberar nos meus textos que, enquanto importantes cidades daquele isolado norte de Goiás refaziam o censo de seus escravos, Porto Nacional, através dos religiosos franceses, construía escolas e nelas introduzia grades curriculares com conhecimento geral, o que de melhor os frades dominicanos aprenderam e trouxeram do continente europeu.

 

A Rua Grande era a principal via pública de Porto Nacional em 1910

 

Esses frades dominicanos franceses eram também engenheiros, arquitetos, músicos, professores, biólogos, químicos, agrimensores, linguistas, conhecimentos que eles levaram para as salas de aula, construindo ali, dia a dia, uma sociedade pensante, politizada, vanguardista nas suas iniciativas transformativas e revolucionárias, o que, na primeira metade do século XX, propiciou a Porto Nacional o título de Capital da Cultura do então norte de Goiás, hoje Capital da Cultura do Estado do Tocantins.

 

Frades Dominicanos em Porto Nacional

 

Foi dessa base educacional e cultural implantada pelos religiosos franceses e mais tarde fortalecida pelas Irmãs Dominicanas, que chegaram aqui em 1904 e ergueram o primeiro prédio do Colégio Sagrado Coração de Jesus, na lendária Rua do Cabaçaco, que essa Porto Nacional de agora é o que é, uma cidade com 64.418 habitantes, sendo que 45.764 desses moradores são eleitores, um contingente respeitável que participa ativamente da caminhada política do município.

 

Seminário São José construído em 1922

 

Além de ser um celeiro que pulsa cultura cotidianamente, Porto Nacional é também vocacionada ao turismo e se destaca como centro universitário, além de assumir, recentemente, o posto de capital do agronegócio. Por ser a última fronteira agrícola do Brasil, foi consagrada como bicampeã em exportações, e recentemente assumiu o posto de terceira maior economia do Tocantins, com o Produto Interno Bruto de R$ 3,6 bilhões, o que significa mais empregos, renda e riquezas.

 

Palácio Episcopal da Diocese de Porto Nacional- Construído em 1922 e demolido em 1947

 

Além do que, Porto Nacional, que naquele passado distante se destacava como o entreposto comercial mais importante de então, tendo o Rio Tocantins como único modal de transporte, hoje se faz proeminente pela sua logística contemporânea e ágil, contemplada por uma nova ponte, rodovias modernas e o Pátio Multimodal da Ferrovia Norte-Sul, que permite que as riquezas produzidas no município cheguem aos mercados consumidores do Canadá, Estados Unidos, e de dezenas de países da Europa e da Ásia.

 

Primeiro prédio do Colegio Sagrado Coração de Jesus - Construído entre 1904 e 1906

 

É por tudo isso e muito mais que todos que aqui nasceram, e os que para cá vieram, trazendo suas peculiaridades regionais e se integraram à nossa cultura, crenças, costumes e tradições, contribuindo significativamente para esse desenvolvimento qualitativo, devemos todos celebrar com entusiasmo e bem-querença esse passado histórico, que cimentou um presente admirável e que diariamente prepara um futuro grandioso.

 

Certamente temos muito o que festejar nesse 13 de julho de 2024!

 

 

Última modificação em Sexta, 12 Julho 2024 05:58