Não quero aqui discutir o direito democrático de todos os cidadãos de votar e serem votados, mas, quero criticar a falta de responsabilidade dos partidos em trazer em seus registros de candidaturas nomes de pessoas que não estão preparadas para representar o povo com a dignidade e a honestidade necessárias na Assembleia Legislativa, no Congresso Nacional, Câmara dos Deputados e no Senado Federal.
Por Edson Rodrigues
Talvez seja por isso que a sociedade saia da frente dos aparelhos de TV, desliga o rádio e prefere jogar conversa fora durante a propaganda eleitoral gratuita. O povo não se vê ali, não se sente representado por nenhum dos candidatos e até se envergonha com a falta de qualidade dos que querem ser seus representantes junto aos Poderes Constituídos. Muitos – a maioria – nem sabe falar o português correto e é bom que a Copa do Mundo acabe logo, senão vai ter gringo rindo dos nossos políticos (e falando melhor que eles!).
Mas, há um jogo matemático por trás de tudo isso. Os partidos buscam o famoso coeficiente eleitoral, que é a soma de votos que o partido ou coligação obtiver e que vai definir quantos – e quais – candidatos conseguirão eleger.
Outro mistério eleitoral são os candidatos chamados de “buchas”, aqueles que não tem condições mínimas de “ganhar”, mas pipocam em todos os partidos, sempre levando uma graninha, uma mesadinha, um carro de som, um bocadinho para a propaganda e contratação dos “cabos” eleitorais. Essa graninha depende do potencial de votos que cada “bucha” tem a oferecer, de 20 votos, 200, 500, 1.000 votos, cada um tem um valor a receber.
Outro jeitinho são os “candidatos” a deputado estadual que se “comprometem” com 5, 6, 7, e até mais candidatos a deputado federal e, de cada um deles, tem um santinho com suas fotos e, de cada um desses candidatos a federal recebem um dinheirinho para, carro, combustível, aluguel do comitê e, dessa forma, com o dinheiro de um e de outro (s) (e sem ser fiel a nenhum deles), esse candidato a deputado estadual paga as suas despesas cuidadosamente estudadas não para os eleger, mas para dar lucro!
E assim, de eleição em eleição, eles vão fazendo um pezinho de meia. O negócio é tão garantido que tem candidato a vereador que obteve 20 votos na última eleição e, nesta, já tem cacife financeiro para ser candidato a deputado federal (e obtendo lucro com isso!!).
O golpe da multidão
Outro grande truque em época de eleição é o dos “donos de multidões”. Funciona da seguinte maneira: “líderes” comunitários marcam com o “seu” candidato a deputado federal uma reunião no seu bairro, onde levam 200, 300 pessoas. Cada um ali representa uma família “muito grande”, é “presidente” da associação de bairro, da associação dos produtores do assentamento “X”, associação das domésticas, até de “associação de criador de porquinho da índia marrom de manchas amarelas”. A presença desses líderes é quase messiânica e todos pedem bênçãos a ele. A questão é que esses líderes, obviamente, cobram “X” para apoiar o tal candidato, que, vendo tanta gente que representa tanta gente, termina fechando o apoio e pagando o combinado. No outro dia, é a vez de outro candidato ir participar de outra reunião, mas com as mesmíssimas pessoas que participaram da primeira, e assim sucessivamente, enquanto houver candidatos que caiam na lábia desses “líderes”. Cada pessoa recebe entre R$ 10,00 e R$ 20,00, e o “líder” embolsa uma parte da grana e o candidato que pagou para ser enganado, fica com o restante, pois ele também enganou seus patrocinadores...
É assim em todas as eleições e parece que não vai mudar tão cedo. São “candidatos” que a cada “candidatura” amealha meios para ter duas chácaras no São João, casas de aluguel, carro novo, parentes empregados em cargos de comissão no Estado e no Município, por exemplo.... E isso acontece em todo o Brasil e em Palmas, no Tocantins, não é diferente. É um sistema nefasto em que todos ganham e só o Estado perde no final, pois quem se elege nesse esquema não deve nada para sociedade. É por isso que não temos bons atendimentos e serviços nas áreas de educação, saúde, segurança dentre outras, e, por incrível que pareça, no fim, o culpado é o próprio povo, que vai continuar recebendo para fingir apoiar alguém e pagando – e fazendo os que agem corretamente pagar, também – muito caro por esse tipo de atitude.
A única boa notícia é que toda regra tem sua exceção. Ainda existem bons candidatos e candidatas, preparados para nos representar na Assembleia, no Congresso, no Senado e na Câmara e que não precisam se valer desse tipo de artifício para se eleger.