Cada vez mais distante do governo, a bancada do PSB do Senado disparou mais uma saraivada de críticas ao governo Dilma. Os senadores prepararam uma nota questionando as novas medidas de ajuste fiscal anunciadas ontem pelo Palácio do Planalto. No documento, os sete senadores socialistas dizem que a presidente Dilma Rousseff "apenas corre atrás do prejuízo" ao tentar "recompor o Orçamento para 2016".
Por Edson Rodrigues
Os parlamentares também criticam a ausência de propostas como a taxação de grandes fortunas e a "pouca relevância dada aos aspectos inflacionários e recessivos do aumento da carga tributária em moldes regressivos."
As críticas ocorrem depois que notícias de que setores do PSB começaram a flertar com o impeachment. Membros da executiva nacional do partido se encontraram com os senadores José Serra e Aécio Neves, do PSDB. Também iniciaram aproximação com o vice-presidente Michel Temer.
REFLEXOS NO TOCANTINS
Essas atitudes da cúpula nacional do PSB colocam em cheque um casamento que parecia tranqüilo no Tocantins. A aproximação do clã dos Abreu, por meio do deputado federal Irajá, com o prefeito de Palmas, Carlos Amastha pode terminar sem nem ter começado direito.
Seguindo o raciocino oposicionista, o PSB contrário ao governo Dilma mata qualquer chance de Amastha conseguir levantar os recursos necessários para a construção do VLT – Veículo Leve sobre Trilhos –, cujo contrato junto à prefeitura de Palmas foi assinado com a Caixa Econômica Federal (CEF) no fim de 2014.
Com que cara Amastha vai à Brasília, de pires na mão, solicitar a liberação de recursos.
Outro ponto será como a senadora e ministra Kátia Abreu vai administrar essa situação de ser “a mulher forte do governo Dilma” e apoiar o prefeito da Capital do seu Estado, cujo partido quer apear a presidente do Palácio do Planalto?
Será que a presidente vai aceitar essa situação ou cobrará um posicionamento assertivo de sua ministra?
Com a palavra, o clã dos Abreu!
Quem viver, verá!
NOTA DA BANCADA DO PSB NO SENADO FEDERAL SOBRE AS MEDIDAS DE AJUSTE ANUNCIADAS PELO GOVERNO
A bancada do Partido Socialista Brasileiro (PSB) no Senado Federal, reunida nesta terça-feira (15/09), para analisar as novas medidas de ajuste, anunciadas pelos ministros Joaquim Levy, da Fazenda, e Nelson Barbosa, do Planejamento, considera que o governo apenas corre atrás do prejuízo ao tentar, com atraso, recompor o Orçamento para 2016, enviado ao Congresso Nacional, com uma previsão de um déficit de R$ 30 bilhões. Infere-se uma intenção também tardia de acalmar os mercados após o rebaixamento da nota do Brasil.
Considera que seria mais correto anunciar, imediatamente, os cortes nas despesas do governo e a reforma administrativa, antes mesmo de propor novos sacrificios para a sociedade.
E, o que é pior, o faz com medidas que frustram as expectativas de uma abordagem mais macroeconômica da crise que estamos enfrentando.
Considera lamentavel a omissão de qualquer medida de taxação de grandes fortunas ou que torne mais eficiente a cobrança dos débitos bilionários de grandes sonegadores, assim como parece dar pouca relevância aos aspectos inflacionários e recessivos do aumento da carga tributária em moldes regressivos.
A bancada socialista no Senado Federal, apesar de considerar que essa posição, agora anunciada, é melhor que a letargia anterior, que paralisava o governo, após consultas aos governadores do Partido, e levando em conta os interesses nacionais, vai analisar o impacto dessas medidas nos Estados, ao mesmo tempo em que reafirma sua dificuldade política em apoiar medidas que retirem direitos já adquiridos dos trabalhadores, como, por exemplo, o congelamento de reajustes salariais.
Brasília, 15 de setembro de 2015
Senador João Capiberibe (AP), líder da bancada
Senador Antonio Carlos Valadares (SE)
Senador Fernando Bezerra Coelho (PE)
Senadora Lídice da Mata (BA)
Senadora Lúcia Vania (GO)
Senador Roberto Rocha (MA)
Romário (RJ)