A conta é simples. Se 18 dos 22 senadores da bancada do PMDB querem Renan Calheiros fora da liderança da bancada no Senado Federal, dificilmente o senador alagoano conseguirá manter-se no posto.
Por Edson Rodrigues
Coube aos seus colegas Waldemir Moka (MS) e Garibalde Alves (RN) apresentarem a Calheiros a proposta de renúncia da liderança partidária.
Calheiros, claro, rejeitou o pedido, argumentando, entre outras coisas, que só 14 dos 22 senadores peemedebistas estavam na reunião que decidiu pelo seu afastamento da liderança. Propôs que voltasse a se encontrar e discutir a questão amanhã, terça-feira, dia 30.
O PMDB tem a maior bancada lava-jatável do Senado – são dez investigados no total. E Calheiros, que de há muito terceirizou o suicídio (político), sabe da vida de cada um deles, inclusive daquilo que não é publicável.
Calheiros quer permanecer no cargo por causa das mordomias. Que oferece. Experiente como poucos, já entendeu que o presidente da República, Michel Temer, é um poço de impopularidade crescente, capaz de afogar seus aliados, principalmente aqueles que já não tem lá muito oxigênio.
Independentemente da provável queda de Temer do cargo de Presidente da República a senadora Kátia Abreu perde o oxigênio que a alimentava dentro do PMDB com a queda de Renan Calheiros da liderança da bancada, o que levaria a senadora tocantinense a perder, junto, o posto de vice-líder.
Assim sendo, Kátia Abreu passará a ser a mais nova órfã política do cenário nacional e estadual, pois a queda de seu padrinho a elava, imediatamente, à categoria de persona non grata no seio do PMDB, de onde será, gentilmente, convidada a se retirar.
Sem as “províncias” no Tocantins, Kátia perde, também, a “senha” para participar das reuniões de cúpula e das decisões do PMDB estadual, esvaziando, totalmente, suas chances de se candidatar ao governo estadual em 2018, conforme eram suas pretensões, de acordo com entrevista concedida ao jornal Gazeta do Cerrado, na qual confirmou que trabalha, sim, para ser a candidata do PMDB ao Executivo estadual.
OUTRA LEGENDA
A ser confirmado o afastamento de Renan Calheiros da liderança da bancada no Senado, será aberta a “porta dos fundos” para a senadora tocantinense, que terá de quebrar todos os recordes e conseguir uma nova legenda que a aceite como “comandante”, aceite seus correligionários e, o mais difícil, que aceite a sua candidatura ao governo.
Com a saída de Renan, Kátia perde o “seu” partido e caminha para um constrangimento de proporções inéditas para a sua figura pública, caso insista em permanecer no PMDB. Isso porque, atualmente, 100% do Diretório Estadual do partido no Tocantins estão sob o controle de do governador Marcelo Miranda.
Isso nos leva a crer que, quando concedeu a entrevista à Gazeta do Cerrado, Kátia, talvez, ainda sonhasse com uma “intervenção branca”, nos moldes da que aconteceu com Jr. Coimbra. Ao que parece, o sonho da senadora acabou virando um pesadelo e os caminhos que essa mudança apontam, não serão nada fáceis de serem percorridos.
Aguardemos os próximos capítulos!