EDITORIAL
“OS POLICIAIS BRASILEIROS NÃO TERÃO MORAL PARA PRENDER NEM LADRÃO DE GALINHA, SE NÃO PRENDERMOS O CHEFE, O CAPO, SEJA ELE QUEM FOR, DESSE CRIME SISTÊMICO E INSTITUCIONALIZADO NO GOVDRNO DO BRASIL”
Assim profetizou o delegado da Polícia Federal Jorge Barbosa Fortes, durante os protestos do último domingo (16), na praia de Copacabana, Rio de Janeiro
Por Edson Rodrigues
Nos valemos dessa frase do delegado da Polícia Federal, Jorge Barbosa Fortes, um funcionário público, lotado em uma das entidades de maior credibilidade entre o povo brasileiro, e que colocou seu cargo em risco ao proferir tais palavras, para espelhar uma situação doméstica, que acontece nos quadrantes tocantinenses e que, tal qual os escândalos nacionais, também enche de indignação e frustração o povo do Tocantins.
Estamos falando da situação da CPI da Saneatins que, recentemente teve sua continuidade interrompida por uma liminar da Justiça, num aclara “intervenção branca” do poder Judiciário sobre o poder Legislativo do nosso Estado. Apenas lembrando que a empresa pode ser considerada como a nossa “Petrobras”, um patrimônio do povo tocantinense, presente em quase todos os municípios do Estado, que foi dilapidado e vendido por um valor irrisório.
De nada adianta os nobres pares da Assembleia Legislativa, tão eficientemente comandada pelo deputado Osires Damaso, investigarem, fiscalizarem e intervirem em casos de pontes construídas sobre o seco ou que levam do nada à lugar nenhum, obras superfaturadas ou que não saíram do papel (apenas o pagamento), estradas recobertas com “borra” de asfalto e outros desmandos com o erário público, que configuram os nossos “ladrões de galinha”, se não tomarem uma atitude efetiva em relação à prestação de contas e das investigações da Saneatins. Ninguém, até hoje, sabe por quanto a empresa foi vendida.
Quem a comprou, conseguiu empréstimo de 700 milhões de reais junto à Caixa Econômica Federal. Para se obter um empréstimo dessa monta, a empresa tem que valer algumas (muitas) vezes mais. Para onde foi esse dinheiro?
A impressão que fica é que, a despeito dos bons serviços prestados pela mesa diretora da Casa de Leis, presidida por Osires Damaso, essa liminar que impede a continuidade da CPI veio a calhar com os interesses de alguns deputados. O problema é que a omissão e o descaso com essa “intervenção” do Judiciário, parece contaminar os demais deputados, que ainda não reagiram a contento nessa questão.
Vale lembrar que muitos dos eleitos usaram da promessa de “apuração rápida” ou “punição dos culpados” durante a campanha eleitoral – e angariaram muitos votos com isso! – e, agora, depois de empossados, apenas o silêncio.
O Paralelo 13 não quer fazer pré-julgamentos, mas alguns deputados usam da prerrogativa das entrevistas e pronunciamentos na tribuna apenas para “jogar para a torcida”, já que, de efetivo, nada fazem.
O por que dessa atitude, é uma pergunta não só de O Paralelo 13, mas de toda a sociedade tocantinense, que, mais que ninguém, merece uma resposta a contento.
Estamos a poucos meses do fim da atual legislatura e acreditamos na seriedade de sua mesa diretora e a sociedade ainda clama por uma atuação imparcial dos seus representantes, uma apuração que traga uma radiografia do que aconteceu nas entranhas da Saneatins, sem pré-julgamentos e sem firulas.
A liberdade de ação do poder Legislativo está ameaçada e a sociedade apóia seus representantes, mas quer respostas à sua principal reivindicação. Enquanto não se colocar às claras o que aconteceu na Saneatins e se punir os culpados, nenhum tocantinense estará tranqüilo acerca das suas instituições.
IGEPREV
Vale lembrar que o mesmo acontece com as investigações sobre o Igeprev, que, comprovadamente, investiu o dinheiro do funcionalismo público em fundos “podres” e onde as investigações apontaram desvios de centenas de milhares de reais.
Agora, por causa dessas ações indevidas, o Tocantins pode ficar sem o CRP – Certificado de Regularidade Previdenciária –, se não apresentar uma nova liminar até o próximo dia sete de setembro.
Sem a apresentação e o acatamento dessa liminar, o Tocantins ficará inadimplente junto ao Governo Federal, de quem não poderá mais receber recursos de emendas parlamentares e de convênios.
Isso significa um enorme agravamento no quadro que já é ruim, podendo redundar em atraso na folha de pagamento e nos repasses à Defensoria Pública, Ministério Público Estadual, Tribunal de Contas da União, Tribunal Regional Eleitoral, Tribunal de Justiça e Assembleia Legislativa, aumentando o rol dos descontentes e potencializando as possibilidades de greves.
O que aconteceu no Igeprev, até onde foi apurado, não foi ilegal, mas foi imoral. O problema maior é que ao mesmo tempo em que não recebe recursos, gasta milhares e milhares de reais com bancas de advogados caríssimas e, quem arca com o prejuízo, como sempre, é o povo.
Portanto, a Assembleia Legislativa tem duas prioridades em suas ações deste fim de legislatura: Saneatins e Igeprev.
E o povo quer e exige respostas.
Como disse também o delegado Jorge Barbosa Fortes: a prisão dos chefes desse crime institucionalizado, sejam eles quem forem, será o sinal definitivo da maturidade da nossa democracia”.
Quem viver, verá!