Com o início do recesso parlamentar no Congresso e a segunda semana de recesso forense no Supremo Tribunal Federal (STF), as atenções no mundo da política estão voltadas para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que participa a partir desta segunda-feira, 17, da cúpula CELAC-União Europeia, em Bruxelas, na Bélgica. Na volta ao Brasil, Lula fará anúncios sobre controle de armas de fogo e medidas para conter o crime na Amazônia. As negociações para acomodar o Centrão também deverão voltar à mesa.
Por Weslley Galzo e Isabella Alonso Panho
O evento no exterior reúne os líderes políticos dos blocos latino-americano e europeu. Lula participa como um dos representantes da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC). Ele desembarcou neste domingo, 16, na capital belga. A cúpula volta a ser realizada após oito anos e deve tratar de diversos temas de interesse internacional, dentre eles o acordo entre o Mercosul e a União Europeia.
Lula realizará diversas reuniões bilaterais durante os dois dias em que a cúpula acontecerá, de 17 a 18 de julho. Estão confirmados encontros com a presidenta da Comissão Europeia, Ursula van der Leyen, com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e com a presidenta do Parlamento Europeu, Roberta Metsola.
O presidente deve participar também da Cúpula dos Povos, organizada pela sociedade civil europeia. Lula, porém, não decidiu se participará na noite de segunda ou no encerramento da cúpula, na terça à noite. Veja abaixo outras reuniões bilaterais do presidente:
Ainda com Lula na Bélgica, o governo lançará nesta segunda-feira, 17, a plataforma Desenrola de renegociação de dívidas. O Ministério da Fazenda vai anistiar até 1,5 milhão de pessoas que devem até R$ 100 já na primeira semana do programa. No mesmo dia deve ser divulgada a prévia do Produto Interno Bruto (PIB).
O último compromisso do presidente na Europa é na noite de terça-feira. Há uma série de compromissos já programados no retorno ao Brasil. Ele vai anunciar um pacote de medidas na área da segurança pública, envolvendo alguns temas centrais do programa de governo e caros ao petismo, como posse de armas, fronteiras da Amazônia e repasse de recursos para os Estados. A informação foi divulgada neste domingo pelo ministro da Justiça, Flávio Dino.
Na volta ao País, o petista também conduzirá reuniões para atender a interesses do Centrão. Lula ainda precisa decidir se entregará a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) ao grupo e se ela ficará no Ministério da Saúde, pasta que concentra o maior orçamento da Esplanada e que é alvo de cobiça de aliados do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
As discussões sobre o destino da Funasa também devem aquecer as negociações de Lula com o Centrão para formatar uma reforma ministerial. Após o presidente deixar claro que o Ministério da Saúde permanecerá sob controle da ministra Nísia Trindade, o grupo de Arthur Lira agora mira o Ministério do Desenvolvimento Social, que gerencia o Bolsa Família, principal programa do governo.
A permanência de Wellington Dias (PT) no comando da pasta é defendida por setores petistas e pela primeira-dama Rosângela Silva, a Janja, mas os políticos já começam a aventar a possibilidade de fatiar o Ministério para acomodar parlamentares do Progressistas e do Republicanos.