Agropecuarista e senador, ele deverá encontrar com Alckmin na terça-feira, 8, em Brasília; parlamentar coordenou a campanha de Lula em Mato Grosso
Por Kellen Severo
O vice-presidente eleito Geraldo Alckmin deverá discutir os nomes para ocupar a vaga de ministro da Agricultura na próxima terça-feira em reunião em Brasília. Participarão do encontro o ex-deputado Neri Geller (PP-MT), que já foi ministro da Agricultura de Dilma Rousseff entre 2014 e 2015, e o agropecuarista e também senador Carlos Fávaro (PSD-MT), que coordenou a campanha de Lula em Mato Grosso. O futuro ministro da Agricultura no governo Lula pode estar nessa reunião. Fávaro é o favorito para ocupar o cargo. Com vivência no agro, ele já foi presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja e Milho e também vice-governador do estado de Mato Grosso.
Algumas especulações apontavam que o nome de Fávaro teria perdido fôlego porque a suplente, Margareth Buzetti, é bolsonarista, o que poderia ser um problema para articulações do PT na Casa, que terá um perfil de centro-direita a partir da próxima legislatura. O PL, partido de Bolsonaro, ficou com o maior número de vagas, com o total de 14 senadores a partir do ano que vem. No entanto, fontes me disseram que Margareth estaria disposta a mudar de legenda partidária (do PP para o PSD) para ocupar a vaga de senador deixada por Fávaro.
Em conversa com o senador Fávaro, ele contou que não recebeu convite para assumir o ministério. Perguntado sobre a barreira ao nome dele em função do perfil da suplente, me respondeu que há ferramentas para contornar isso, já que em votações importantes ele poderia voltar ao Congresso. Ao afirmar que há maneiras de contornar o desafio, ele sinaliza que ambiciona a posição de ministro que deverá ser mesmo dele. Neri Geller, produtor rural, ex-ministro da Agricultura, já foi secretário de política agrícola e ocupava o cargo de vice-presidente da Bancada do Agro na Câmara dos Deputados e deve ficar com alguma secretaria de governo. Em agosto deste ano, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassou o mandato de deputado federal de Geller por prática de abuso de poder econômico e arrecadação ilícita de recursos.
O TSE tornou Neri Geller inelegível por oito anos. Geller foi um dos principais nomes de apoio ao petista em Mato Grosso, Estado em que Bolsonaro teve 65% dos votos. Nomes como das senadoras Kátia Abreu e Simone Tebet parecem ter perdido força, por hora.
O atual ministro da Agricultura, Marcos Montes, me contou que conviveu bastante com Geller e Fávaro e que ambos conhecem e defendem o agro. O desafio, segundo Marcos Montes, será garantir que o núcleo do presidente Lula dê força à pasta da Agricultura e que ela não volte ao segundo escalão do governo.
De fato, o ministério da Agricultura no governo Bolsonaro subiu para o primeiro escalão e com isso ganhou estatura para assumir debates estratégicos junto com o ministério da Economia, da Infraestrutura e do Meio Ambiente. É preciso seguir essa direção na nova era e evitar o retorno de antagonismos entre as pastas, como já tivemos em um passado entre Agricultura e Meio Ambiente. A cooperação será fundamental para encerrar a visão de agro vilão e avançar na direção do agro como solução. O novo ministro da Agricultura terá papel fundamental nesta agenda.