Transferência de votos: padrinhos políticos e suas responsabilidades

Posted On Domingo, 30 Junho 2024 05:10
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Por Edson Rodrigues

 

Os analistas políticos são unânimes em afirmar que as lideranças políticas nacionais terão pouca influência na formulação dos votos do eleitorado. A questão ideológico-partidária também é um ponto que não será levado em conta, uma vez que os próprios partidos se misturam entre si, em alianças que reúnem legendas de esquerda, direita e centro a bel prazer do caminho mais fácil até o poder.

 

Já as lideranças estaduais, pouco terão voz nos municípios se não respeitarem as peculiaridades locais, tentando empurrar acordos feitos de cima pra baixo, pela goela dos diretórios municipais e dos eleitores locais, sem ter nenhuma obra de vulto realizada por conta dessa “liderança”.

 

Logo, é unanimidade entre os principais analistas políticos, que os candidatos precisam ter luz própria para ser, realmente, competitivos. Apenas o apadrinhamento não vai fazer ninguém ter vantagem ou mais chances de ser eleito.

 

Isso é fato!

 

PALMAS, CAPITAL

 

Em Palmas, onde a sucessão municipal promete ser a mais “encruada” de todos os tempos, as peculiaridades locais e os fatores extra política aparecem de forma ainda mais robusta que nos demais municípios.

 

Em Palmas, é preciso, antes, descobrir quem realmente está com quem, pois são tantos padrinhos, tantos partidos, tantos grupos políticos e tantos candidatos, que fica difícil saber com antecedência quem está falando a verdade e sendo sincero e quem está apenas despistando os “companheiros” e os eleitores para, após as convenções, deixar cair a máscara e mostrar suas reais intenções.

 

Principais Candidatos a prefeitura de Palmas

 

As principais lideranças políticas da Capital têm, sim, poder de transferência de votos, mas nada que seja muito significativo a ponto de proporcionar vantagem. Há muito tempo o eleitor deixou de aceitar “cabresto eleitoral”. Todos são muito bem informados sobre a política partidária eleitoral – assim como ocorrer nos maiores colégios eleitorais, como Porto Nacional, Araguaína, Gurupi e Paraíso – tanto pelos veículos tradicionais de comunicação quanto pelas redes sociais.

 

São dezenas de blogs, sites e portais de notícias, gratuitos, que praticamente eliminaram a figura do “coronel” político, que mantinha seu curral eleitoral alheio aos fatos políticos externos.

 

Há, ainda, os líderes religiosos que têm se colocado à disposição de partidos com ideologia mais à direita, para reunir seus fiéis e ouvir as propostas dos candidatos dessas agremiações.  Mesmo assim, o poder de convencimento vem sendo pequeno, ante aos resultados das últimas eleições, pois, antes de ser fiéis, o congregados são cidadãos, têm empregos e famílias, assim como um posicionamento político próprio.

 

Além do que, algumas lideranças religiosas nem procuram disfarçar suas pick-ups de luxo, carrões de mais de meio milhão de reais, fazendas, chácaras, mansões e uma pluralidade de bens de alto padrão que não condizem que a vida religiosa.

 

WANDERLEI BARBOSA

 

Uma das poucas lideranças políticas em Palmas com poder real de transferência de votos é o governador Wanderlei Barbosa, que nunca perdeu eleição na Capital – incluindo outros membros da sua família, como seu pai, Fenelon, seu irmão Marilon e seu filho Léo Barbosa – seja para vereador, em que foi eleito para vários mandatos e para a presidência da Câmara Municipal, para deputado estadual, vice-governador e governador reeleito.

 

Wanderlei Até agora não anunciou se apoiará um dos pré-candidatos já estabelecidos ou se lançará uma candidatura palaciana, pois sabe que, assim como os demais, será avalista de quem apoiar. Por isso, vai esperar o seu momento e a sua intuição para colocar o seu nome no processo sucessório da Capital.

 

 Fenelon Barbosa e sua família

 

Mais uma demonstração de amadurecimento e sapiência política.

 

VARINHA MÁGICA                         

 

Na verdade, não há uma varinha mágica que transforme os votos das lideranças, dos padrinhos, em votos para seus escolhidos.

 

Os eleitores já estão decididos a não votar em quem esteja respondendo a qualquer processo por improbidade administrativa, corrupção comprovada por órgãos de fiscalização ou pelo Judiciário, que esteja com contas reprovadas ou rejeitadas ou com qualquer tipo de problema com a Justiça.

 

Os votos nas eleições municipais serão decididos dentro das peculiaridades de cada cidade, com pouquíssimas brechas para influências de padrinhos, partidos ou ideologias.

 

Após as convenções partidárias, o eleitor terá o tempo necessário para avaliar cada nome que será colocado para a sua escolha, seja para prefeito, seja para vereador, e a decisão virá da sua mente, do seu entendimento político e da sua avaliação do momento que o município passa.

 

“UNGIDOS”: ÔNUS E BÔNUS

 

Como em todas as eleições, a maioria dos candidatos terá um padrinho político, aquela liderança, com mandato ou não, que o “ungirá” com sua indicação ou com seu apoio. O que muda, nesta eleição, é que os padrinhos estarão sujeitos a todos os ônus e a todos os bônus do resultado das ações do seu “ungido”, caso ele seja eleito.

 

Mais que padrinhos, eles serão avalistas da atuação política. Qualquer escândalo que envolva o seu apadrinhado, essa liderança estará sujeita às mesmas sanções que os eleitores decidirem por bem tomar em relação aos mal feitos dos eleitos.

 

Não haverá mais a possibilidade de um padrinho dizer que “não sabia” ou que desconhecia os desvios de caráter do seu ungido.

 

E essa associação já aparecerá nas eleições de outubro próximo, quando os padrinhos que tiverem indicado ou apoiado maus políticos, colherão o mal que plantaram em relação aos seus novos ungidos. Quem indicou um mau político, não terá seu apadrinhamento bem avaliado pelos eleitores. Será a hora do acerto de contas, de vereador a governador, de soldado a coronel, líder político ou líder religioso, todos saberão o que o povo achou das suas indicações.

 

Lembrando aos padrinhos e avalistas que até as eleições de outubro, ainda serão revelados os resultados de operações da Polícia Federal, assim como novas operações serão realizadas – três ou quatro já estão preparadas – e muita gente que está “cantando de galo”, vai piar fininho. Será o início da “higiene política” a ser posta em prática pelos eleitores tocantinenses.

 

RESSALVA

 

O Observatório Político de O Paralelo 13 faz questão de fazer uma ressalva sobre as operações da Polícia Federal.

 

Essas operações ocorrem por determinação da Justiça Federal, das cortes supremas, e os agentes da Polícia Federal apenas cumprem ordens. Se há erros, falhas e injustiças nessas operações, a culpa não é da PF e, sim, de quem ordenou que fossem realizadas.

 

Muitas vezes, os magistrados das cortes supremas que determinam operações, são convencidos por políticos “amigos” ou por quem tenham afinidades. E há lideranças tocantinenses agindo como influenciadores da realização dessas operações.

 

Nossa afirmação se baseia em fatos. Foram várias e várias operações da Polícia Federal em território tocantinense que ficaram sem respostas, sem decisões. E a maioria dessas operações sem conclusão foi realizada em período eleitoral municipal ou estadual.

 

Governos como os de Marcelo Miranda, Sandoval Cardoso e Mauro Carlesse, sem contar governos municipais como de Palmas e de Araguaína, passaram por operações da Polícia Federal que ficaram sem uma decisão, sem apontar culpados ou inocentes ou sem respostas consistentes.

 

Logo, ainda há, na mente do eleitor, o espaço para que essas decisões possam influenciar seus votos, caso aconteçam antes do dia da votação.

 

O certo é que a forma de elaboração do voto pelo eleitor mudou radicalmente. E quem tentar passar o eleitor pra trás, indicando, apoiando ou ungindo “maçãs podres”, pode colher o “apodrecimento” que ele mesmo plantou...

 

Última modificação em Domingo, 30 Junho 2024 05:45