TURBULÊNCIA NO PALÁCIO ARAGUAIA INDICA DESENCONTRO NA CÚPULA DO PMDB

Posted On Sábado, 03 Outubro 2015 06:36
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Posicionamento das deputadas federais Dulce Miranda e Josi Nunes pode colocar em cheque lealdade de Marcelo Miranda à Dilma Rousseff

 

Por Edson Rodrigues

 

Ninguém duvida mais da lealdade e do apoio do governador Marcelo Miranda à presidente Dilma Rousseff.  Disso temos várias provas.  Mas, como política não é matemática e, logo, nada é exato, de nada vale a fidelidade se ela não redunda nos votos de que o governo tanto precisa no Congresso nacional.

Pois se for medida em votos, a lealdade de Marcelo Miranda à Dilma Rousseff virou pó nesta sexta-feira, 2 de outubro.  Os dois únicos votos no Congresso que Marcelo podia “chamar de seus”, os de sua esposa, Dulce Miranda e da gurupiense Josi Nunes, deputadas federais pelo PMDB, debandaram para a parte minoritária do PMDB que foi contrária ao “ajuste” ministerial que apaziguou os ânimos de Michel temer, Eduardo Cunha, Leonardo Picciani e de Renan Calheiros.  Além disso, Dulce e Josi assinaram um documento que repudia o acordo do PMDB com Dilma.

Esse posicionamento assumido pelas duas deputadas tocantinenses instala um clima de distanciamento das duas e, por conseguinte, de Marcelo Miranda com o conglomerado do primeiro escalão de Dilma Rousseff e do vice-presidente Michel Temer e abala a convivência com o líder da bancada peemedebista, Leonardo Picciani e com o presidente do Senado, Renan Calheiros, numa demonstração clara de que o relacionamento dos tocantinenses com os caciques do PMDB está frágil e quebradiço.

Por outro lado, essa ruptura mostra que as deputadas federais tocantinense não compactuam com as barganha nem com a extorsão ao governo federal e que as duas querem mudanças reais na condução da política brasileira.

O problema é que, na prática, essa atitude deixa o governador Marcelo Miranda praticamente nu, pois ele terá que optar entre esse posicionamento ou a defesa canina que vinha desempenhando quanto ao governo Dilma e, somada ao fato de o presidente estadual do partido no Tocantins, Derval de Paiva ter defendido, recentemente, o impeachment da presidente da República, leva a crer que há um comportamento no mínimo dúbio por parte do Palácio Araguaia para com o Palácio do Planalto.

Isso enfraquece o discurso e o posicionamento de Marcelo Miranda, sempre favorável á Dilma e, nesse contexto, quem sai fortalecida é a senadora Kátia Abreu que, além de ter sido turbinada com o englobamento do ministério da Pesca pelo seu ministério da Agricultura, ainda passa a ser a principal interlocutora do PMDB no Tocantins.  Além disso, a senadora foi o elo entre o Palácio do Planalto e os dois indicados para os ministérios da Saúde e da Tecnologia, concretizando de vez sua influência sobre a presidente da República.

 

TOCANTINS

Em resumo, volta à tona toda a especulação acerca de uma nova intervenção da cúpula do PMDB sobre o diretório tocantinense do partido, o que pode significar uma troca nos comandos dos órgãos federais com representações no Tocantins, cujos titulares foram indicados por Dulce Miranda e por Josi Nunes.

Para piorar, a popularidade de Dilma no Tocantins segue em queda livre, ultrapassando a casa dos 90% de reprovação ao seu governo, sinalizando que as deputadas saíram na frente ao escolher o caminho do distanciamento.

Uma prova disso pode ser o fato de o vice-presidente Michel Temer ter recebido, na noite de ontem, os principais caciques do PMDB no palácio do Jaburu, em Brasília, ondee traçou com eles o balanço da reforma ministerial. Os peemedebistas comemoraram o fortalecimento do partido, que não só aumentou seu número de pastas na Esplanada como recebeu ministérios mais robustos.

 

Leonardo Picciani, líder do PMDB na Câmara, Celso Pansera (novo ministro da Ciência e Tecnologia) e Marcelo Castro (futuro titular da Saúde) chegaram ao Palácio do Jaburu logo depois de Dilma Rousseff ter formalizado os convites para que os deputados compusessem o primeiro escalão do governo.

 

Também estavam por lá Eunício Oliveira (líder do PMDB no Senado), Renan Calheiros (presidente do Senado), Eliseu Padilha (Aviação Civil) e Henrique Eduardo Alves (Turismo), além do senador Jader Barbalho e de Helder Barbalho (ministro da Pesca que assumirá Portos).

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, não foi convidado, muito menos as duas deputadas federais tocantinenses.

O futuro irá dizer quem agiu certo e quem “comeu mosca” nesse imbróglio.

Quem viver verá!