E o “Sobrenatural de Almeida” começa a fazer suas aparições no processo sucessório para 2024. Aquele componente misterioso, que surge do nada para mudar ou influenciar situações, criado pelo dramaturgo Nélson Rodrigues para explicar coisas inexplicáveis, fez de Araguaína sua primeira morada neste processo eleitoral
Por Edson Rodrigues
A exatamente um ano das eleições municipais, o prefeito de Araguaína, Wagner Rodrigues, ex-Solidariedade, não quis se filiar ao Podemos, presidido por Tiago Dimas, filho de Ronaldo Dimas, o professor de Deus, derrotados nas eleições majoritárias do ano passado, para cair no colo do União Brasil, presidido pela senadora Dorinha Seabra.
Wagner tenta se proteger do desgaste natural que acompanha quem está há muito tempo no poder, como era o caso do seu “criador” Ronaldo Dimas. E a escolha do prefeito de Araguaína foi ao lado de Dorinha Seabra e do União Brasil, partido que faz parte da base política do governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa e do presidente Lula.
Apesar de longe do desgaste, Wagner Rodrigues, agora, tem seu futuro político entregue nas mãos de Dorinha Seabra, única capaz de garantir-lhe a legenda para sua busca à reeleição.
RETROVISOR
O Tocantins tem, em seu retrovisor político, casos ilustrativos do perigo que Wagner Rodrigues passou a correr desde que tomou a decisão de ir para o União Brasil.
Dorinha Seabra (União Brasil) e o deputado Carlos Guaguim (União Brasil)
O líder político do Sudeste do Tocantins, então prefeito de Taguatinga, Paulo Roberto, filiado ao PFL, presidido no Tocantins pela mesma Professora Dorinha, então deputada federal, no momento mais importante da pré-campanha pela reeleição de Paulo Roberto, lhe tirou o comando da Comissão Provisória do partido e o entregou ao principal adversário, que acabou assumindo o lugar de Paulo Roberto na campanha à prefeitura.
Juntando-se esse fato à questão de Dorinha Seabra ser aliada do governador Wanderlei Barbosa e que o este já tem o seu candidato a prefeito em Araguaína – e não é Wagner Rodrigues – e não abre mão em apoiar e fazer o máximo pela eleição do deputado estadual Jorge Frederico, entende-se o perigo que Wagner Rodrigues está correndo.
Deputado federal Alexandre Guimarães (republicanos)
Há ainda o deputado federal Alexandre Guimarães, empresário bem-sucedido e que concentra um considerável poder político à sua volta. Com uma ligação umbilical com a família Barbalho – leia-se senador Jader Barbalho –, tanto que recepcionou o ministro Jader Barbalho Filho em recente visita à Araguaína, Guimarães tem prestígio suficiente para, em breve, ter o comando do MDB tocantinense e, nele, alocar seu irmão, Raul Guimarães, que poderá ser a resposta à charada lançada pelo próprio deputado federal, que afirmou que não seria candidato à prefeito de Araguaína, mas que apoiaria um candidato, sem definir se este seria o mesmo do Palácio Araguaia ou não.
Essa posição abre um leque de possibilidades pra Alexandre Guimarães, que terá até meados de 2024 para definir as posições que pretende demarcar no território político araguainense, segundo maior e mais importante colégio eleitoral do Tocantins.
WAGNER RODRIGUES E O BAILE
Prefeito de Araguaína Wagner Rodrigues
Politicamente falando, o prefeito de Araguaína, Wagner Rodrigues terá que dançar, ao mesmo tempo, um forró com Dorinha Seabra, um samba com o senador Eduardo Gomes, uma valsa com Irajá Abreu e um funk com Carlos Gaguim, no “baile” eu definirá como será configurada sua candidatura à reeleição.
Wagner é um dos 139 prefeitos do Tocantins que recebeu o maior volume de recursos federais maquinários, caminhões e ambulâncias do governo federal, por intermédio dos senadores Eduardo Gomes – campeão no carreamento de recursos federais para o Tocantins nos governos de Bolsonaro e Lula – e Irajá Abreu. Filiado ao partido da também senadora Dorinha Seabra e do deputado federal Carlos Gaguim, candidatíssimo ao Senado em 2026, resta saber qual será o “ritmo” escolhido pelo prefeito de Araguaína não só para concorrer à reeleição, mas para apoiar em 2026, caso consiga seu intento.
DEMARCANDO TERRITÓRIO
Todo esse imbróglio político que envolve a sucessão municipal de Araguaína teve a influência fundamental da senadora Dorinha Seabra, que vem demarcando seu território político com vistas às eleições de 2026, quando pretende ser candidata a governadora e, para isso, precisa do apoio do maior número de prefeitos possível, principalmente nos maiores colégios eleitorais do Estado.
Sua atuação, junto com Carlos Gaguim que quer o Senado em 2026, transforma o União Brasil em uma legenda bastante atrativa para as lideranças que precisam de representatividade política em Brasília, infraestrutura partidária, uma boa fatia do Horário Eleitoral Obrigatório de Rádio e TV e um naco polpudo do Fundo Partidário, itens que o União Brasil reúne com tranquilidade.
Como falamos, estamos a menos de um ano para as eleições municipais e, até as convenções partidárias de agosto de 2024, muitos outros lances políticos estão para acontecer.
Cabe ao Observatório Político de O Paralelo 13 ficar e olho e apto a fazer as análises para traduzir, para você, leitor, as entrelinhas e os meandros dos bastidores políticos.
Aguardem por mais novidades!