Para uma gestão que vive em céu de brigadeiro, calcada na ética, na eficiência na harmonia entre seus membros, com um governador iminentemente simples, humilde e agradável, e que responde por “Lelê” aos familiares e amigos mais íntimos, é surpreendente que haja pessoas que buscam se aproveitar do fato de fazer parte do círculo de convívio para agir pelas costas
Por Edson Rodrigues
O atual processo eleitoral municipal, sem as coligações proporcionais, propiciou o empoderamento dos legislativos federal, estadual e municipal, ao mesmo tempo em que diminuiu a influência dos Executivos, nas três esferas.
Por conta disso, o Palácio Araguaia passa por um momento muito delicado em relação à manutenção do equilíbrio das forças políticas que o compõem neste período de sucessão municipal. Enquanto algumas ainda precisam dos holofotes, o governador Wanderlei Barbosa trabalha para manter a segunda popularidade mais alta do país em relação aos governadores, e isso não será uma missão das mais fáceis, com os “aliados” do grupo palaciano insistindo em dar “bola nas costas” do governador.
PALMAS
Já está provado que não há varinha mágica na mão de Wanderlei Barbosa – e de ninguém, ´por melhor e mais bem-avaliado que esteja – para transformar a sua popularidade em votos para Janad Valcari. Isso será sentido e medido à proporção em que os trabalhos da campanha da deputada estadual pela prefeitura de Palmas forem se desenvolvendo, e que todos dançarem a mesma música.
Mas, até o momento, isso ainda não aconteceu. Os principais líderes políticos que se intitulam “governistas”, outros que gozam das benesses da gestão Wanderlei Barbosa, ou são parte dessa administração por meio de cargos comissionados, ou são os famosos “gafanhotos”, aspones, indicados por “companheiros”, estão entoando outras músicas, tocadas por “conjuntos” de oposição ao governo estadual, na mais clara e fatal bole nas costas.
Em Palmas há o tabu de que há 24 anos o Palácio Araguaia não elege o prefeito. Na atual conjuntura, sem a dedicação total dos aliados do grupo palaciano e as orientações políticas do próprio Wanderlei não foram seguidas 100% à risca, buscando a eleição da deputada estadual Janad Valcari, dificilmente a parlamentar conseguirá escapar de um segundo turno, mesmo indo como a mais votada em seis de outubro próximo.
Como nunca perdeu uma eleição em Palmas, Wanderlei Barbosa nunca precisou tanto da união do seu grupo político como precisa agora, para eleger Janad Valcari e vencer em Palmas, como sempre o fez, sem nunca ter um fracasso sequer em processos eleitorais no seu “domicílio”.
DERROTA EM PALMAS PODE CONTAMINAR A SUCESSÃO ESTADUAL DE 2026
A oposição está crescendo exponencialmente em Palmas e nos principais colégios eleitorais. Esse crescimento, apesar de esperado, também é fruto de tantas e tantas bolas nas costas do governador Wanderlei Barbosa, por parte de “amigos e aliados”, que nunca foram tão bem tratados em suas vias públicas como são, hoje, pelo governador curraleiro.
Pior do que traições pelos rincões do Tocantins afora, as que ocorrem nos principais colégios eleitorais – e PIBs – do Estado, como Araguaína, Porto Nacional, Paraíso e Gurupi, em que a maioria dos grandes expoentes do grupo palaciano está nos palanques da oposição em relação aos candidatos apoiados abertamente por Wanderlei Barbosa, é a situação vivida em Palmas, o maior dos colégios eleitorais do Tocantins, onde Wanderlei Barbosa e sua família têm domicílio eleitoral.
São nesses municípios que a falta de compromisso com o poder que os alimenta faz com que os “aliados e amigos” de Wanderlei Barbosa possam jogar por terra tudo o que o governador do Tocantins construiu, desde que assumiu o Palácio Araguaia, em termos de qualidade de gestão e credibilidade, que possa beneficiá-lo em seu futuro político.
INTERESSE COLETIVO
É preciso que os nomes públicos que são satélites do Palácio Araguaia renunciem aos seus interesses pessoais e coloquem o grupo político – e o líder dele – a que pertencem, em primeiro lugar, ou seja, o interesse coletivo.
A candidatura de Janad teve uma ascensão extraordinária num primeiro momento. Despontou à frente de todas as pesquisas de intenção de voto, mas cresceu tudo o que tinha pra crescer até 30 dias atrás. A partir de então, foi a candidatura de Eduardo Siqueira Campos que decolou, chegando a um empate técnico com Janad, com um discurso bem pensado e equilibrado, de filho do criador de Palmas e principal líder do movimento separatista pela criação do Tocantins, que vai dar continuidade ao legado de José Wilson Siqueira Campos e à sua passagem elogiável pela prefeitura de Palmas.
Não é preciso tampar o sol com a peneira e a verdade deve ser dita, como revelado pelo Observatório Político de O Paralelo 13: a candidatura de Janad Valcari, por mais bem-colocada que esteja nas pesquisas, precisa, neste momento, de uma oxigenação.
A construção de sua candidatura por parte do grupo político que a apoia foi perfeita e bem-sucedida, mas por mais bem abastecido que um foguete esteja, chega o momento em que tem que jogar o tanque de combustível vazio fora, e acoplar o tanque cheio.
Janad tem grandes chances de sair como a candidata mais votada no primeiro turno, mas só a necessidade de disputar um segundo turno já pode ser considerada como uma derrota em seu planejamento, pelo simples fato de dar chances às candidaturas opositoras de se unir e formar uma frente multipartidária contra a sua pretensão. Dependendo da configuração do número de votos no primeiro turno, isso pode significar uma derrota certa.
REFLEXÕES
É extremamente necessário que os membros do grupo político palaciano, principalmente as centenas ocupantes de cargos de confiança na gestão Wanderlei Barbosa em Palmas, nas secretarias e em outros órgãos públicos estaduais com sede na Capital, após o fim de seus expedientes, aos sábados, domingos e feriados, colocarem em prática as orientações do seu líder maior, e formar um só time em busca do resultado positivo para Janad Valcari.
A derrota de Janad na eleição de outubro próximo, irá se configurar como uma derrota do próprio Wanderlei Barbosa e, por conseguinte, de todo o seu grupo político.
AOS DESAVISADOS
Até agora, só falamos da candidatura de Eduardo Siqueira Campos (foto) como um dos empecilhos à postulação de Janad Valcari, mas a candidatura do deputado estadual Júnior Geo não pode, jamais, ser menosprezada.
O apoio de Cinthia Ribeiro Mantoan e de vários partidos, inclusive o PSD de Irajá Abreu, inimigo número um do Palácio Araguaia, mais à esquerda do espectro político, fazem com que Geo possa ser uma opção do eleitorado mais jovem, e isso trouxe mais um ponto que garante que a falta de profissionalismo na campanha seja fatal às pretensões de quem quer que seja, pois o trabalho de marketing passa a ser crucial.
Embora ainda não haja uma definição do candidato a vice-prefeito de Júnior Geo, (foto) um nome identificado com Palmas pode dar ainda mais gás à candidatura do Paço Municipal, e complicar, de forma definitiva, os desejos do grupo Palaciano.
Nosso Observatório Político acredita que as acomodações dos eleitores do ex-prefeito Carlos Amastha, que vai disputar uma vaga na Câmara Municipal, juntamente com as decisões e ações por parte das candidaturas de Janad e Geo, que ainda vão acontecer até o registro oficial das candidaturas junto ao TRE, serão sentidas, apenas, na primeira pesquisa após o início oficial da campanha.
Até lá, é bom abrir a capa do olho, e aproveitar as dicas...