Ninguém pode subestimar a candidatura de Laurez Moreira ao governo do Tocantins. Tampouco devem ser ignorados os nomes que despontam na corrida pelo Senado, como Carlos Gaguim, Vicentinho Júnior, Alexandre Guimarães e Amélio Cayres
O Observatório Político de O Paralelo 13 acompanha atentamente os movimentos dessa engrenagem eleitoral. A sucessão de 2026 já se desenha como uma das mais complexas da história recente do estado, e, nesse tabuleiro, Laurez Moreira surge como uma peça-chave que ninguém mais pode ignorar.
Atual vice-governador, Laurez vive o desafio de construir um projeto político que vá além da sua vontade pessoal ou de seu currículo, ainda que esse fale por si só. Ex-prefeito de Gurupi, reconhecido por sua gestão eficiente e capacidade de articulação, ele tem percorrido o interior, conversado com lideranças e, passo a passo, consolidado sua viabilidade como candidato: com densidade eleitoral e bagagem administrativa.
Mas seu ponto de partida ainda depende de uma variável central: Wanderlei Barbosa. O atual governador mantém todos em suspense quanto à sua intenção de disputar o Senado. Caso renuncie ao cargo até abril de 2026, abrirá caminho para Laurez assumir o Palácio Araguaia e, com a caneta na mão, buscar a reeleição em posição privilegiada. Se decidir cumprir o mandato até o fim, Laurez será obrigado a se lançar como candidato “de fora” ainda que com musculatura política e experiência de sobra. Além disso, existe ou não a possibilidade de um alinhamento político entre Laurez e Wanderlei? Essa é uma questão que permanece no ar.
Senado: uma corrida de gigantes
Enquanto essa definição não vem, os bastidores da disputa pelo Senado se tornam ainda mais movimentados e, por que não dizer, imprevisíveis.
Deputado Jair Farias, Prefeito Auri-Wulange Ribeiro de Axixá do Tocantins e Fabion Gomes prefeito de Tocantinópoles
Presidente da Assembleia Legislativa e integrante da base governista, Amélio Cayres ainda não possui a musculatura política necessária para enfrentar, em condições iguais, uma disputa majoritária contra nomes como a senadora Dorinha. Sua eventual candidatura ao governo dependeria da permanência de Wanderlei no cargo e de uma declaração de apoio explícita do governador. Além disso, Amélio enfrenta um desafio imediato e fundamental: unir sua própria base no Bico do Papagaio. A região, que é seu reduto político, está dividida entre lideranças como Jair Farias, o prefeito Auri, o ex-deputado e prefeito de Tocantinópolis Fabion Gomes. Sem o apoio dessas lideranças locais, sua pré-candidatura nasce fragilizada. Portanto, o primeiro passo é construir unidade em sua região de origem. Caso não consiga pacificar esse cenário interno, a viabilidade de seu projeto político se torna altamente comprometida, e o risco de fracasso é inevitável.
Deputados Federais Carlos Gaguim, Alexandre Guimarães , Vicentinho Junior e o presidente da Assembleia Amélio Cayres
Carlos Gaguim, por sua vez, é um veterano com trajetória consolidada. Presidente metropolitano do União Brasil, mantém forte articulação com prefeitos e uma base sólida no interior. Sua fidelidade à senadora Dorinha Seabra o posiciona bem dentro da legenda e junto às lideranças nacionais. Um político experiente, articulado e respeitado, que jamais deve ser descartado do jogo.
Vicentinho Júnior também merece atenção especial. Um dos parlamentares mais atuantes do Tocantins em Brasília, soma três mandatos, possui perfil municipalista e trânsito livre entre diferentes esferas de poder. Deixou o governo estadual pela porta da frente e conta hoje com o apoio declarado do prefeito de Palmas, Eduardo Siqueira Campos, o maior colégio eleitoral do estado, o que representa um trunfo valioso em qualquer composição.
Já Alexandre Guimarães é uma aposta que vem ganhando forma. Empresário bem-sucedido no Pará, tem raízes em Araguaína, onde seu irmão Israel Guimarães é o vice-prefeito. Com o respaldo da família Barbalho, influente no MDB nacional, Guimarães chegou à presidência estadual do partido no Tocantins e busca um espaço cada vez maior na política tocantinense. Mesmo ainda em fase de construção política, é jovem, articulado e carrega um perfil que pode equilibrar tradição e renovação.
Apesar do potencial individual de cada pré-candidatura, todas elas se encontram, por ora, empacadas sem desenvoltura ou avanço visível. E o motivo é claro: a indefinição de Wanderlei Barbosa. Sua decisão sobre renunciar ou não ao governo para disputar o Senado é a peça que falta para que o xadrez político se movimente de verdade.
Governador Wanderlei Barbosa
A realidade é dura: por mais qualificados que sejam os nomes colocados, a matemática eleitoral é implacável. São apenas duas vagas para o Senado, uma para o governo, oito para a Câmara Federal e 24 para a Assembleia Legislativa. Falar em três chapas majoritárias competitivas é, na prática, improvável. A pulverização de candidaturas pode ter efeitos colaterais graves: fragmentação de votos, perda de base e projetos que naufragam antes mesmo da largada oficial da campanha.
O grande desafio tanto para as oposições quanto para a própria base governista será encontrar convergência política e programática. O eleitor de hoje não se contenta com rostos conhecidos ou discursos vazios. Quer proposta. Quer projeto. Quer resultado.
A corrida já começou, ainda que em silêncio. E, como de costume, o Observatório de O Paralelo 13 segue atento, ouvindo os passos e os sussurros da política tocantinense. Em tempos de incerteza, é nos detalhes que nascem as grandes definições.
Por ora, todas as pré-candidaturas têm valor individual e nenhuma deve ser subestimada.
Outro ponto que deve ser levado em conta é a possibilidade de Laurez Moreira concorrer ao governo sentado na cadeira de governador no Palácio Araguaia. Caso o governador Wanderlei Barbosa, em alta popularidade, decida no início de 2026 disputar uma vaga no Senado e renuncie ao cargo de governador, um cenário se desenha com clareza: uma das duas vagas ao Senado já terá dono o próprio Wanderlei. A segunda vaga, então, será palco de uma disputa acirrada entre os demais.
Não se pode esquecer que o governador Wanderlei Barbosa já sinalizou, em diferentes ocasiões, inclusive em entrevistas ao O Paralelo 13 que pretende concluir seu mandato e não renunciar ao cargo. No entanto, cresce a pressão dentro de seu círculo político, entre amigos, companheiros de longa data, familiares e até mesmo parte expressiva de sua base eleitoral, para que ele dispute uma vaga no Senado. Essa movimentação constante, mantém a dúvida no ar: Wanderlei manterá sua decisão inicial ou cederá ao apelo de seus aliados e do eleitorado? A interrogação persiste, e o cenário segue indefinido.