De acordo com informações veiculadas no blog do Josias de Souza, há uma originalidade perversa na história contada pelo advogado José Yunes. O enredo transforma Michel Temer, amigo de meio século de Yunes, numa caricatura buslesca. É como se, a pretexto de proteger o presidente, Yunes o desnudasse.
Por Edson Rodrigues
Yunes sustenta que, a pedido de Eliseu Padilha, outro velho amigo de Temer, recebeu em seu escritório, em São Paulo, um envelope do doleiro Lúcio Funaro. Ele diz não saber o que havia no envelope, que foi repassado a alguém cujo nome ele desconhece. E Temer fica boiando no meio de uma história que envolve os seus dois maiores amigos.
Graças às delações da Odebrecht, o país ficou sabendo que, em 2014, Michel Temer pediu R$ 10 milhões a Marcelo Odebrecht. O dinheiro foi entregue a pessoas da confiança de Temer —R$ 4 milhões foram para Eliseu Padilha. Uma parte foi entregue no escritório de Yunes.
Pois bem. Temer já havia confirmado que fez o pedido a Odebrecht. Mas alegara que o dinheiro foi para o PMDB e está declarado na Justiça Eleitoral. Agora, surge Yunes com essa história fabulosa sobre um envelope de conteúdo desconhecido.
Yunes diz ter ficado surpreso quando o dolero Lúcio Funaro apareceu no seu escritório. Concluiu que fez o papel de “mula” de Padilha. Isso ocorreu em setembro de 2014. Em dezembro, vieram à luz as delações da Odebrecht, que falam de Temer, de dinheiro, de Padilha e do escritório de Yunes. O amigão de Temer se demitiu da assessoria do Planalto em dezembro. Agora, afirma que nunca conversou com Padilha sobre o assunto. No final do ano 2016, trocou ideias com Temer, que reagiu com naturalidade. O grande perigo das meias verdades é o sujeito dizer exatamente a metade que é mentirosa.
Padilha é o menor dos problemas no Governo Temer
O problema do governo tem nome e sobrenome. Nas últimas horas, políticos e jornalistas o chamam de Eliseu Padilha. Se estivessem certos, a solução seria simples. Bastariam uma esferográfica para a assinatura do presidente e uma folha para o ato de exoneração do chefe da Casa Civil. Mas estão todos enganados, diz o crítico em política Josias de Souza.
Chama-se Michel Temer o problema do governo. Ele chegou ao Planalto como solução constitucional para a autocombustão que consumiu o mandato de Dilma Rousseff. Virou um problema ao cercar-se de amigos tóxicos e subordinar sua administração à vulgaridade. Temer se absteve de perceber que o jogo político no Brasil mudou de fase.
Nesta sexta-feira, o presidente mandou sua assessoria divulgar uma nota. Nela, admitiu novamente ter pedido dinheiro à Odebrecht em 2014. Mas reiterou que “não autorizou, nem solicitou que nada fosse feito sem amparo nas regras da Lei Eleitoral.” Contabilizou o repasse da construtora ao PMDB em R$ 11,3 milhões. “Tudo declarado na prestação de contas ao Tribunal Superior Eleitoral”, enfatizou a nota. “É essa a única e exclusiva participação do presidente no episódio.”
Inadimplência das Empresas Aumentam em janeiro e ultrapassam 43% no País
O número de empresas inadimplentes aumentou 5,28% em janeiro, em comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com o indicador divulgado nesta sexta-feira (24), pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). O crescimento do número de pessoas jurídicas negativadas perdeu força em 2016 – em janeiro do ano passado, a variação anual foi 13,52%.
Levando em consideração os dados das cinco regiões brasileiras, o indicador demonstrou que o Nordeste teve o maior avanço do número de pessoas jurídicas negativadas em relação a janeiro do ano passado (6,70%), seguido pelo Norte (5,39%), Sudeste (5,29%), Centro-Oeste (4,47%) e Sul (3,17%). No entanto, o Sudeste teve a maior concentração de dívidas registradas pelas empresas – 43,72% do total de registros do país pertencem a empresas da região. Isso se explica pelo fato de a região ter a maior participação no PIB (soma de todos os bens e serviços produzidos no país) brasileiro.
Segundo o presidente da CNDL, Honório Pinheiro, o abrandamento no aumento da inadimplência, mesmo em meio à crise, tem motivo. “Há dois movimentos diferentes hoje no país. O primeiro é a redução da capacidade de pagamento das empresas, que tem a tendência de elevar o número de contas pendentes. O segundo é a restrição ao crédito, que reduz o estoque de dívidas limitando o crescimento da inadimplência. Este segundo tem prevalecido”, disse, em nota.
Houve também aumento de 3,45% na quantidade de dívidas em atraso em nome de pessoas jurídicas, na comparação com janeiro de 2016. Ainda assim, o número também está em patamar baixo em relação à série histórica.
Além disso, o indicador mostrou que o número de dívidas mais recentes tem caído, enquanto o de dívidas antigas tem crescido. O número de dívidas atrasadas em até 90 dias caiu -19,94%, enquanto pendências entre 1 e 3 anos aumentou 21,29%. O número de empresas devedoras por setor indica que o segmento de serviços (que engloba bancos e instituições financeiras) teve a maior alta de empresas negativadas em janeiro de 2017 na comparação com o mesmo período do ano anterior (8,00%), seguido de indústria (4,78%) e comércio (4,12%).
O indicador de inadimplência das empresas resume todas as informações disponíveis nas bases de dados do SPC Brasil e da CNDL. As informações disponíveis referem-se a capitais e cidades do interior das 27 unidades da federação.(ABr)
A Procuradoria Geral da República deve pedir nas próximas semanas a abertura de inquérito para investigar o ministro-chefe da Casa Civil Eliseu Padilha (diante do depoimento de José Yunes, ex-assessor do presidente Michel Temer). Yunes prestou depoimento na semana passada aos procuradores em Brasília. O ex-assessor de Temer disse à PGR ter recebido um “pacote” em 2014, em seu escritório político em São Paulo, entregue por Lúcio Funaro, a pedido de Padilha. Com a versão contada por Yunes, a PGR avalia ser inevitável pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) autorização para investigar o ministro. O presidente Michel Temer decidiu, por enquanto, manter o ministro Eliseu Padilha na Casa Civil, mas quer explicações sobre o conteúdo do pacote deixado por Lúcio Funaro com José Yunes. “O que existe até o momento é uma ligação de Padilha a Yunes pedindo para ele receber em seu escritório documentos. Padilha não falou quem entregaria, não mencionou Funaro. Há questões que não estão claras. Temos que primeiro esperar esse episódio depurar, ouvir tudo com calma”, disse um auxiliar próximo a Temer. A possibilidade de abertura de um inquérito contra Eliseu Padilha não teria o condão de tirá-lo do governo. De acordo com regra informal recente criada pelo presidente Michel Temer, apenas ministros que fossem denunciados seriam afastados do governo, ainda assim provisoriamente. Somente o recebimento de uma denúncia pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o que transformaria o ministro em questão em réu, seria suficiente para um afastamento definitivo. Um inquérito contra Padilha poderia, inclusive, ser um motivo para que Michel Temer ficasse desestimulado a tirá-lo do cargo. Sem foro privilegiado, as investigações ficariam a cargo da Polícia Federal e seriam remetidas à força-tarefa da Lava Jato em Curitiba.
Líder do PT na Câmara pede a saída de Eliseu Padilha do governo
Deputado Federal de São Paulo pede a demissão imediata de Eliseu Padilha da Casa Civil
Conforme matéria veiculada pela Agência Estado, o líder do PT na Câmara, deputado Carlos Zarattini (SP), defendeu nesta sexta-feira, 24, a demissão imediata do ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha. "O ministro Eliseu Padilha não reúne mais condições em permanecer no Executivo e precisa ser demitido imediatamente. Padilha, o auxiliar mais próximo de Michel Temer, foi envolvido em operação com recursos ilegais. Não se trata de denúncia, mas de prova testemunhal contra ele, que partiu de José Yunes, amigo do presidente", disse o petista em nota.
Ex-assessor especial da Presidência da República e amigo pessoal de Temer há mais de 40 anos, Yunes contou que recebeu um pacote do doleiro Lúcio Funaro, a pedido de Padilha, um mês antes da eleição presidencial de 2014 que reelegeu a chapa Dilma Rousseff e Michel Temer. Ele alegou, no entanto, que não viu o conteúdo. Zarattini também criticou a nomeação do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) para o Ministério da Justiça e disse que, diante da atual crise na segurança pública, o peemedebista não apresenta as credenciais necessárias para a função. "Preocupa-nos muito saber que a pasta da Justiça será ocupada pelo deputado federal Osmar Serraglio, um dos defensores dos interesses de Eduardo Cunha na Câmara", declarou.