Após prisão de Silveira, parlamentares sob investigação atacam Supremo

Posted On Sexta, 19 Fevereiro 2021 15:33
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Congresso vai decidir o destino do deputado bolsonarista nesta sexta-feira

 

Com Estado de São Paulo

 

A prisão do deputado bolsonarista Daniel Silveira (PSL-RJ) por apologia ao Ato Institucional nº. 5 (AI-5), o mais violento ato da ditadura militar, e discurso de ódio contra integrantes do Supremo Tribunal Federal, não inibiu parlamentares investigados no mesmo inquérito de manter ataques à Corte. Dos outros nove alvos, pelo menos cinco saíram em defesa do colega com críticas aos magistrados. Todos são fiéis aliados ao governo de Jair Bolsonaro.

 

Um dos mais exaltados tem sido o deputado Otoni de Paula (PSC-RJ), que, desde a prisão de Silveira, na terça-feira, tem feito ataques ao ministro Alexandre de Moraes, autor da ordem de prisão, a quem chama de “déspota”. O parlamentar chegou a convocar “movimentos populares de direita” para irem às ruas contra o que considera a “ditadura da toga”. A mobilização, no entanto, não empolgou seus 133 mil seguidores. Apenas dez haviam reproduzido a hashtag lançada pelo parlamentar até a tarde de ontem.

 

Conhecida por seu estilo beligerante na Câmara, a deputada Alê Silva (PSL-MG) foi irônica ao criticar o presidente do Supremo, Luiz Fux, por não saber o sobrenome de Silveira ao proferir a decisão do plenário que confirmou a prisão. “Com todo o respeito aos excelentíssimos, senhores, doutores, salve, salve ministros do Supremo, mas nem saber o nome de quem está sendo julgado é o fim da picada!”, postou a parlamentar.

 

O deputado Cabo Junio de Amaral (PSL-MG) foi mais direto no ataque ao criticar a decisão e incluir #STFVergonhaMundial. “Ser leniente e fazer o que o STF exige é o melhor habeas corpus preventivo para político. Corruptos soltos e Daniel preso. Por isso a gente não consegue tirar nenhum criminoso da Corte, nem sequer criar uma CPMI sobre seus feitos.”

 

Atos

 

Alê, Otoni, Amaral e Silveira são investigados no inquérito aberto pela Procuradoria-Geral da República para investigar a organização e o financiamento de atos antidemocráticos. A apuração teve início depois que manifestações em defesa da volta da ditadura, intervenção militar e ataques às instituições democráticas marcaram as comemorações pelo Dia do Exército, em abril do ano passado. Bolsonaro participou de um dos atos, em Brasília.

 

Alguns dos parlamentares investigados, no entanto, adotaram um tom mais moderado ao tratar do caso. Foi o caso de Carla Zambelli (PSL-SP), que optou por reproduzir comentários com críticas à decisão de Moraes. Já a deputada Bia Kicis (PSL-DF), indicada para comandar a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a principal da Câmara, manteve o silêncio sobre a prisão do aliado.

 

No clã Bolsonaro, o único a sair em defesa de Silveira foi o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). “Dentre outros fatores, amanhã (hoje) votarei pela libertação”, escreveu o filho do presidente no Twitter. Ele justificou a decisão “em nome das garantias da imunidade parlamentar, liberdade de expressão, devido processo legal, ampla defesa e contraditório”. Eduardo não é alvo do inquérito dos atos antidemocráticos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.