Atentado, vigília e disputa de poder: Argentina vive momento conturbado

Posted On Sábado, 03 Setembro 2022 05:56
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País passa por economia em crise e ecos de gestões anteriores de Cristina Kirchner

 

Por: Marina Guimarães e Bruno Viterbo

 

O atentado à vice-presidente Cristina Kirchner ocorre em meio a uma situação polarizada na Argentina, disputas internas dentro do partido e inflação galopante, a 70%. O ataque é considerado o pior da história do país e o primeiro da era democrática, causando comoção na população.

 

Antes, o ex-presidente Raul Alfonsín sofreu três tentativas de assassinato, uma delas de forma semelhante à de Kirchner, mas nenhuma com a magnitude e potencial tragédia que ocorreria com a atual vice e que já foi presidente por dois mandatos.

 

A motivação do atentado perpetrado por Fernando André Sabag Montiel na noite de 5ª feira (1.set) ainda é desconhecida e nenhuma hipótese é descartada. A Argentina vive um momento de polarização, além de divisão interna entre o presidente Alberto Fernandez e Kirchner, com disputas de poder e desacordos públicos sobre questões econômicas. Cristina é popular no país vizinho e fez com que a corrente inclinada à esquerda voltasse a ocupar a Casa Rosada em 2019, após a derrota do direitista Maurício Macri.

 

Em um clima de disputa de narrativas, a oposição ao governo de Fernandez e Kirchner criticou o presidente por ter decretado feriado na 6ª feira (2.set) ao invés de exigir uma "exaustiva investigação", algo que já está em curso. O presidente afirmou que o feriado seja destinado à população se "manifestar em paz para repudiar a tentativa de assassinato".

 

Cristina Kirchner, com gestões populares e controversas, enfrenta ações na Justiça, jogando mais tensão no cenário político. No último dia 22.ago, um promotor público pediu 12 anos de prisão por obras públicas com suspeitas de corrupção quando Cristina era presidente. Desde então, kirchneristas e apoiadores ficam em vigília na porta da casa da política, para defendê-la de perseguidores ou alguma efetiva condenação judicial.

 

O atentado também chegou a render comparações de analistas e líderes de opinião com o corrido com o então candidato à presidência do Brasil Jair Bolsonaro, em 2018, quando foi atingido por uma facada em Juiz de Fora (MG). Pessoas anti-kirchneristas levantam suspeitas de que o atentado foi uma armação.

 

Apesar de as imagens registradas no momento do atentado dão a entender que Cristina se assustou com a tentativa do disparo, a vice-presidente estava autografando um livro, quando o objeto caiu e a política levou as mãos à cabeça. Nesse mesmo instante, o criminoso apontou a arma, falhando o disparo. Kirchner só ficou sabendo que foi alvo de um atentado após a situação.