Bancos privados ganham R$ 16,6 bilhões; arrecadação de R$ 25 bilhões em tarifas

Posted On Sexta, 03 Mai 2019 16:35
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Bradesco fica mais próximo do Itaú desde 2008. Lucro de 29% no Brasil salva espanhol Santander no 1º trimestre

 

Com Jornal do Brasil

Os balanços dos bancos no 1º trimestre do governo Bolsonaro mostram que pouca coisa mudou: os bancos continuam tendo lucros bilionários, reforçados pelas cobranças nas prestações de serviços, cada vez mais automatizadas. Com o resultado positivo de R$ 6,8 bilhões do Itaú Unibanco no 1º trimestre (6,6% maior que no ano passado, os três maiores bancos privados acumulam lucros de R$ 16,640 bilhões no governo Bolsonaro. A receita de serviços acumulada passa dos R$ 25 bilhões, sem somados os R$ 1,607 milhões de ganhos do Itaú nas atividades de seguros(R$ 10,2 bilhões no total).

 

Os dados do Itaú são pouco transparentes com relação à atividades no Brasil, já que as operações da CorpBanca, unidade que opera na América Latina (Argentina, Chile, Panamá e Colômbia) são incorporadas, além das redes no Uruguai e Paraguai, herdadas, em 2008, do Unibanco, que comprou as operações do Banco Nacional em 1995. Desde a fusão entre o Itaú-Unibanco, os resultados do Bradesco, que perdeu a liderança, nunca chegaram tão perto: 7,8% a menos.

 

Aumenta da inadimplência gera perdas no Itaú

Com os dados globais da AL, o Itaú tem inadimplência de apenas 3,02%. Entretanto, decompondo os créditos com atraso acima de 90 dias, por origem, o nível cai com os 1,37% da América Latina (era de 1,6% em março de 2018), mas permanece estável no Brasil em 3,68% (3,7% em março do ano passsado). Além de não ter caído em um ano, a inadimplência geral do Itaú está bem maior que os 3,3% do Bradesco e os 3,1% do Santander (ambos em queda).

 

O problema do Itaú está concentrado no calote das grandes empresas brasileiras. As operações de créditos para grandes encolheram 3,1% nos 12 meses terminados em março, quando caíram para R$ 190,7 bilhões. Mas os atrasos acima de 90 dias aumentaram extraordinários 92,6% no período. Nenhum banco brasileiro reportou tão intenso aumento dos atrasos. Entre as pessoas físicas (aí englobando a AL) que, com R$ 215,6 bilhões, concentram a maior parte das operações do Itaú, houve aumento de 12,7% nas operações e baixa de 4,1% nos atrasos.

 

Entre as pequenas e médias empresas (saldo de R$ 74,1 bilhões, incluindo AL), houve aumento de 17,6% nas operações mas queda de 32,8% nos atrasos com mais de três meses.

 

Impacto das normas contábeis

Todos os bancos brasileiros e internacionais estão sofrendo perdas contábeis com a aplicação das regras da IFRS 16 (International Financial Reporting Standards), O Itaú teve impacto na avaliação de bens e ativos financeiros, extensivo à área de seguros. Mas o que chamou a atenção no balanço do Itaú foi a fraca evolução das receitas de serviços e seguros comparadas a março de 2018, de apenas 1% (sendo 1,1% para as tarifas e apenas 0,3% para receitas em seguros, no período em que a inflação brasileira atingiu 4,75%). Seria efeito da crise Argentina? Isto não está indicado no balanço nem foi exposto nas entrevistas dos diretores hoje.

 

Em 12 meses, as receitas com cartões de crédito encolheram 1,7% (parte devido ao encolhimento das operações de rolagem, obrigadas pelo Banco Central a migrar para outras linhas de crédito). As receitas de conta corrente aumentaram apenas 1,5%, abaixo da variação do IPCA (4,75%). Apesar da guerra das tacas de administração, as receitas nessa área cresceram 5,2%, parte pela valorização das carteiras de ações.

 

Com Lula, Dilma, Temer ou Bolsonaro os ganhos do banco continuam numa boa

 

Nos três primeiros meses do governo Bolsonaro, os lucros bilionários do Santander Brasil chegaram a 724 milhões de euros (R$ 3,2 bilhões ao câmbio de ontem), um aumento de 7,7% no 1º trimestre frente ao último de 2018 e de 14,8% (em euros) sobre igual período do ano passado. O lucro recorrente da filial brasileira foi de R$ 3,4 bilhões. Com isso, o Brasil garantiu 29% do lucro global da organização dirigida por Ana Botin. Foi a maior fatia do lucro global do Santander nos últimos anos.

Individualmente, o Santander dos Estados Unidos teve o maior crescimento de lucro no trimestre, 35%, mas representou apenas 7% dos ganhos globais. A Espanha que teve perda de 11%, com 403 milhões de euros, gerou apenas 16% do lucro global. Na verdade, as organizações Santander tiveram forte queda no lucro do 1º trimestre, de 1,840 bilhão de euros, uma redução de 11% no 1º trimestre frente a dezembro de 2018 e queda de 10,4% em relação aos 1º trimestre do ano passado.

 

Perdas na Espanha, na Polônia e no Reino Unido, além da Argentina, nas operações da América Latina, e os encargos da aplicação do capítulo 16 da IFRS (International Financial Reporting Standards), normas internacionais de contabilidade que determinaram fortes baixas contábeis em ativos financeiros e nas atividades de seguro reduziram em 694 milhões de euros os ganhos globais. Cobertos pelos 724 milhões de euros do Brasil.

 

No Brasil, apesar dos lucros, a performance trimestral não foi favorável (em euros, por causa do câmbio mais apreciado em 2019). Nas receitas de serviços e tarifas, a filial do banco espanhol faturou 931 milhões de euros, uma queda de 1,3% no trimestre e uma expansão de 8,4% nos últimos 12 meses. Houve perdas anuais de 6% em contas correntes, de 17,3% em títulos e de 7,1% em seguros. Mas, no 1º trimestre, comparado com dezembro, houve avanços de 16,1% em cartões de crédito e débitos e meios de pagamento (+4% em 12 meses) e de 16,4% em seguros.

 

Vejam a distribuição dos lucros do Santander pelo Mundo

 

 

Lucros bilionários seguem no 1º Tri. 2019

Indicador Itaú Bradesco Santander

Lucro líquido 1º trimestre (R$ milhões) 6.877 6.238 3.485

Retorno sobre Patrimônio Líquido Médio 24,8%* 20,5% 21,1%

Receita de Serviços (em R$ milhões) 7.890 8.074 4.529

Índice Inadimplência dos créditos > 90 dias 3,68% 3,3% 3,1%

Fonte: Balanço dos bancos

· *Apenas operações do Brasil