Um homem que defendia o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi morto nesta quinta-feira (8) por um apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL) após uma discussão em Confresa (a 1.160 quilômetros de Cuiabá).
Pablo Rodrigo
O autor do crime passou por audiência de custódia e a Justiça de Mato Grosso manteve a prisão preventiva de Rafael de Oliveira, 24.
Ele confessou, segundo a polícia, ter matado a facadas o colega de trabalho Benedito Cardoso dos Santos, 44, depois de uma discussão política. Oliveira defendia Bolsonaro e Santos, Lula. Conforme a polícia, o autor tentou decapitar a vítima e depois do crime ainda filmou o corpo.
O assassinato ocorreu na madrugada desta quinta-feira em uma fábrica de cerâmica localizada na zona rural do município de 32 mil habitantes.
A decisão da prisão preventiva é assinada pelo juiz Carlos Eduardo Pinho Bezerra de Menezes e foi proferida em audiência de custódia na tarde desta quinta.
"Verifica-se que há prova da materialidade e indícios suficientes de autoria delitiva, conforme demonstrado nos depoimentos dos policiais que realizaram a prisão de Rafael de Oliveira, aliado ao interrogatório do custodiado que em sede policial confessou a prática delitiva", diz trecho da decisão do juiz.
O magistrado ainda classificou o ocorrido como "reprovável" e citou que a intolerância poderá regredir a sociedade aos tempos da barbárie.
"Lado outro, verifica-se que a liberdade de manifestação do pensamento, seja ela político-partidária, religiosa, ou outra, é uma garantia fundamental irrenunciável", disse.
O crime
Em depoimento na delegacia da cidade, segundo a polícia, o servidor confessou o assassinato alegando que, em dado momento, a discussão entre os dois ficou acalorada e ambos trocaram socos.
Diante das agressões, o rapaz alegou que acabou "saindo de si" e matou seu colega com golpes de faca no rosto da vítima.
De acordo com o delegado Higo Rafael Ferreira de Oliveira, a polícia foi acionada na manhã de quinta por conta de um encontro de cadáver. O suspeito tentou fugir, mas foi encontrado e conduzido para a delegacia, onde confessou o crime.
Ainda de acordo com o delegado, após assassinar Santos, Oliveira tentou decapitá-lo com um machado. Efetuou um golpe no pescoço, porém não obteve êxito.
A Polícia Civil apreendeu o celular de Oliveira e encontrou vídeo e fotos da vítima após assassiná-lo.
A Folha tentou entrar em contato com a defesa de Oliveira, mas não obteve sucesso.
No feriado de 7 de setembro, em Cuiabá, um jovem de 22 anos foi espancado pelo padrasto por ter postado um meme do presidente Bolsonaro num grupo de aplicativo de mensagens da família.
De acordo com a polícia, o agressor não teria gostado da publicação e chegou em casa já agredindo o enteado com socos e chutes e fazendo ameaças de morte. A mãe do jovem, ainda conforme a polícia, disse que o padrasto estava embriagado.