O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital DF Star, em Brasília, sem previsão de alta, mas com boa evolução clínica, segundo a equipe médica que o acompanha
POR MARIANA BRASIL
Ele deverá ficar internado pelo menos mais duas semanas e enfrentar restrições no pós-operatório por um período de dois a três meses, afirmaram os médicos que fizeram sua cirurgia.
O procedimento, considerado complexo, durou 12 horas. Em nota divulgada no final da tarde desta segunda-feira (14), o DF Star informou que Bolsonaro mantém se "acordado, orientado, sem dor, sangramentos ou outras intercorrências" e que, ao longo do dia, sentou-se no leito e chegou a caminhar com ajuda.
Inicialmente, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro havia publicado em rede social que o ex-presidente já estava no quarto. De acordo com o chefe da equipe cirúrgica, Cláudio Birolini, ela quis dizer que ele já havia saído do centro cirúrgico e ido para a unidade de terapia intensiva.
Na tarde desta segunda-feira, Michelle postou nas redes sociais fotografia do ex-presidente em uma cama hospitalar e a mensagem "já deu tudo certo".
Birolini afirmou que, na primeira avaliação, Bolsonaro não tinha indicações de urgência ou emergência, mas, nas 48 horas de acompanhamento desde que começou a passar mal no interior do Rio Grande do Norte, manteve quadro de distensão abdominal.
Segundo ele, o ex-presidente passa bem, e a equipe optou pela cirurgia por detectar que houve uma alteração significativa em um curto espaço de tempo. "Para a gente, é um sinal precoce que tem uma coisa desandando."
A situação do ex-presidente era foi classificada pela equipe como a de um "intestino hostil", com aderências e uma parede abdominal prejudicada.
"O ponto de início é a facada. Posteriormente, as outras cirurgias de reconstrução, todas elas têm um fator, um papel no quadro atual. O objetivo dessa cirurgia foi reverter todos esses fatores que poderiam contribuir para uma nova ocorrência", informou Birolini.
Pela dimensão do procedimento, o pós-operatório exige atenção e cuidados específicos, sobretudo nas primeiras 48 horas. Agora, a orientação médica é que Bolsonaro tenha agenda e visitas restritas.
"Ele tem uma agenda bastante intensa, e é difícil segurar ele. Eu vou tentar segurar, na medida do possível, mas ele tem o ritmo dele", disse o chefe da equipe.
Bolsonaro será mantido, neste momento, com nutrição na veia, ainda sem previsão de quando voltará a se alimentar por via oral. A alimentação regular só será retomada quando o intestino voltar ao funcionamento fisiológico normal, segundo os médicos.
Foram necessárias duas horas de cirurgia somente para acessar a parede intestinal do ex-presidente.
Questionado sobre a alimentação e estilo de vida do ex-presidente, o médico afirmou que não foi identificado nenhum alimento que pudesse ter desencadeado o episódio e que "o fato de ele comer pastel com caldo de cana não afeta" o funcionamento dos órgãos.
"O intestino estava bastante sofrido, o que nos leva a crer que ele já vinha com esse quadro há alguns meses. Isto se reflete pelas pelas várias internações que ele teve nos últimos meses", disse ainda. "Esperamos que ele não precise de uma nova cirurgia nas próximas horas. Novas aderências vão se formar, isto é esperado."
Birolini também informou que o ex-presidente já está acordado e já teria feito, inclusive, piada. Boletins diários de Bolsonaro devem ser divulgados ao público, após autorização da família.
Uma publicação do ex-presidente nas redes sociais, após a coletiva concedida pelos médicos, reforçou as informações dadas pela equipe. "Meus mais sinceros agradecimentos para todos neste momento. Um forte abraço em cada um e repito: voltaremos!", escreveu.
As informações foram dadas nesta segunda-feira (14) pelo chefe da equipe médica e pelos cardiologistas Leandro Echenique e Ricardo Camarinha, por Guilherme Meyer, diretor médico do Hospital DF Star, e por Allisson Barcelos Borges, diretor-geral do hospital.
Bolsonaro chegou ao DF Star no sábado (12), depois de ser transferido de Natal (RN) para Brasília.
Essa foi a sexta e mais longa cirurgia abdominal de Bolsonaro desde a facada que sofreu na campanha eleitoral de 2018.
Segundo nota divulgada pelo hospital ainda no domingo (13), o ex-presidente foi submetido a cirurgia de grande porte para remoção de aderências no intestino e reconstrução da parede abdominal.
Ainda segundo o texto, não houve intercorrências nem necessidade de transfusão de sangue. O hospital informou que a obstrução intestinal era resultado de uma dobra do intestino delgado que dificultava o trânsito intestinal e foi desfeita.
Bolsonaro estava na capital do Rio Grande do Norte desde sexta, quando foi levado de helicóptero após passar mal no interior do estado, onde participaria de um evento do PL, em favor da anistia aos manifestantes dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.